domingo, 24 de abril de 2011

Companhias Espirituais

“(...) criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de certo modo se fotografa. (...) Desse modo é que os mais secretos movimentos de alma repercutem no envoltório fluídico; que uma alma pode ler noutra alma como num livro e ver o que não é perceptível aos olhos do corpo.”
(A Gênese, Allan Kardec, cap. XIV, item 15).

     A uma simples vibração do nosso ser, a um pensamento emitido, por mais secreto nos pareça, evidenciamos de imediato a faixa vibratória em que nos situamos, que terá pronta repercussão naqueles que estão na mesma freqüência vibracional. Assim, atrairemos aqueles que comungam conosco e que se identificam com a qualidade de nossa emissão mental.
     Através desse processo, captando as nossas intenções, sentindo as emoções que exteriorizamos e “lendo” os nossos pensamentos é que os Espíritos se aproximam de nós e, não raro, passam a nos dirigir, comandando nossos atos. Isso se dá imperceptivelmente. Afinizados conosco, querendo e pensando como nós, fácil se torna a identificação, ocorrendo então que passamos a agir de comum acordo com eles, certos de que a sua é a nossa vontade – tal a reciprocidade de sintonia existente.
     Não entraremos na questão do livre-arbírtio, sobejamente conhecida dos espíritas. Sabemos que a nossa vontade é livre de aceitar ou não estas influenciações. Que a decisão é sempre de nossa responsabilidade individual.
     O importante é meditarmos a respeito de quanto somos influenciáveis, e quão fracos e vacilante somos. O Espiritismo, levantando o véu dos mistérios, nos trás a explicação clara demonstrando-nos a verdade e, através desse conhecimento, nos dá condições de vencer os erros e sobretudo de nos preservarmos de novas quedas.
     Fácil é pois, aos Espíritos, nos dirigirem. Isto acontece com os homens em geral, sejam eles médiuns ostensivos ou não.
     É que, como médiuns, todos somos sensíveis a essas aproximações e ninguém há que esteja absolutamente livre de influenciações espirituais. Escolher a nossa companhia espiritual é de nossa exclusiva responsabilidade. Somos livres para a opção.
     No passado, sabemo-lo hoje, escolhemos o lado das sombras, trilhando caminhos tortuoso, tentadores, e que nos pareciam belos. Optamos pelo gozo material, escolhendo a estrada do crime, onde nos chafurdamos com a nossa loucura, enquanto fazíamos sofrer os seres que de nós se aproximavam. Muitos de nós ouvimos a palavra do Cristo e tivemos a sagrada ensancha de optar entre a luz e a sombra. Mas, aturdidos e ensandecidos, preferimos Mamon e César.
     Após essa desastrosa decisão, que repercutiria em nosso mundo íntimo, em tragédias de dores acerbas e sofrimentos prolongados pelos séculos afora, fomos rolando, quais seixos levados pela caudal de águas turbilhonantes, tendo junto a nós aqueles que elegemos como companheiros de jornada. Até que chegamos, finalmente, ao porto seguro do Consolador.
     Toda essa trajetória está magnificamente narrada por Joanna de Ângelis, no capítulo 24 do seu livro Após a Tempestade. E ela nos adverte de que já não há mais tempo a perder: “Estes são os momentos em que deveremos colimar realizações perenes. Para tanto, resolvamo-nos em definitivo a produzir em profundidade, acercando-nos de Jesus e por Ele nos deixando conduzir até o termo da jornada.”
     Eis a opção que o Espiritismo nos faculta agora. Escolha consciente, amadurecida. Escolha feita por quem já sabe e conhece. Por isto mesmo muito mais responsável.
(Segundo capítulo do Livro Obsessão Desobesessão- Suely Caldas Schubert).
      

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