sexta-feira, 2 de março de 2012

Tirando Dúvidas

  1. Atendendo a desencarnados que foram vítimas de acidentes enquanto encarnados, vejo que alguns trazem traumatismos, amputações, e até desagregação quase total do perispírito; em outros, esse corpo permanece íntegro. Não existe uma regra para se explicar tanta diversidade de casos?
R. Existe, desde que você admita que cada caso tem suas especificidades. Você falou acidentes. Vamos, pois dividi-los em duas maneiras: primeiro, quando ele ocorre “naturalmente”, sem a intenção do Espírito em provocá-lo. Nesse caso a probabilidade de não lesar o perispírito existe; desde que seu carma, ou seja, seus débitos se esgotem com aquela parcela de pagamento representado pelo acidente. Todavia, se o Espírito se rebelar contra a sua expiação, abrigando a revolta contra as condições em que se encontra e que foram impostas pela lei que ele feriu, a sua condição de acidentado lesa o perispírito. Se o acidente foi intencional, como ocorre com o suicídio, não há como não lesar, amputar, e até, quando a agressão é forte e o desejo de se matar é profundo, em flagrante desrespeito às leis divinas, avariar severamente o perispírito. Aqui a intenção é tudo.

  1. Como pode um perispírito ser severamente desagregado? O que fica revestindo o Espírito então?
R. O seu corpo mental. Vamos, para efeito didático, e apenas para esse fim, pois na prática os corpos dos Espírito são interligados, separar o ser humano em: corpo físico + perispírito +corpo mental + Espírito. O corpo físico pode ser destruído; o perispírito severamente avariado. O corpo mental, fronteira entre o Espírito e o perispírito, não. Se houvesse vontade e evolução suficiente, o perispírito lesado poderia ser recomposto pelo Espírito que dele se reveste. O problema é que o ser que pratica o suicídio não tem conhecimento, nem moral suficiente, para acionar o corpo mental, e, utilizando-o como molde, induzi-lo a recompor seu perispírito.

  1. Quer dizer que o corpo mental jamais sofre uma ranhura sequer, mesmo diante do desejo mais profundo do Espírito em se matar?
R. Eu disse que o corpo mental é indestrutível. Em uma comparação grosseira podemos dizer que ele é a caixa preta do avião. O molde onde se situam todas as conquistas biológicas do ser. Como você classificou a memória como biológica, no que concerne às conquistas das formas e funções, e psicológica, relativas à inteligência, intelecto, moral, podemos dizer que a primeira se situa em nível de corpo mental e a segunda é patrimônio do Espírito.

  1. Em  quais circunstâncias o perispírito pode sofrer desagregação parcial, avarias, ferimentos?
R. Em muitas situações e acidentes onde haja por parte do Espírito a vontade de ferir-se ou de matar-se. No suicídio, quando o desejo de morte é profundo, a depender do gênero de morte escolhido, o perispírito pode sofrer as mais graves lesões. Não conhecemos um caso, contudo, em que ele tenha se desintegrado totalmente. Mesmo nos atentados suicidas, em que alguém amarra a si 10 quilos de TNT, como ocorreu em Israel, o perispírito sofre vultosas desagregações, mas pode ser reconstituído como base no molde indestrutível que é o corpo mental.

  1. Volto aos acidentes: diante de duas pessoas mortas sob as rodas de um trem, sendo a primeira vitimada por um suicídio e a segunda por acidente inevitável, como se apresentam seus perispíritos?
R. Já lhe dissemos que a intenção é tudo. Você não leu nas obras da Codificação que Deus julga mais a intenção que o fato? O suicida se apresentará como o seu perispírito severamente avariado. O acidentado terá o seu perispírito sem prejuízos, desde que no instante do acidente ou posteriormente não tenha sido tomado por sentimentos de culpa, tais como: eu poderia ter evitado; eu fui culpado pelo que aconteceu. Se ele tem a consciência isenta de culpa pelo que lhe sucedeu, seu perispírito não sofre avarias.

  1. Por falar em memória, como vocês têm acesso a determinadas informações que
o Espírito procura esconder e não obstante, elas são reveladas ao doutrinador?
R. Para falar da memória você precisa abrir um leque para explicar toda a sua abrangência. A designação de memória biológica para relacionar as o conquistas do Espírito no campo dos instintos e do automatismo é boa. O éter registra os acontecimentos circundantes em sua intimidade, formando uma memória ambiental (quando se fala em ambientes restritos); e uma memória astral (quando registra a saga de todo um planeta).
     Em uma reunião mediúnica, qual a que você dirige, os eventos e imagens podem ser extraídos da mente do Espírito. Os Espíritos Superiores possuem recursos para induzir, subjugar uma mente rebelde, para que ela libere todas as informações disponíveis. Os técnicos podem também retirar da memória ambiental todo o drama que ele não se anima a revelar ou proceder a uma regressão de memória. São técnicas variadas das quais o Espírito não consegue subtrair-se sendo rendido em sua intenção de bloquear seus registros.
      A memória parece ser uma das características da matéria. A Terra grava em seus fósseis os registros de sua evolução. Não podemos encarar isso como uma memória geológica? O feto, nas primeiras etapas do seu desenvolvimento, mostra em seu corpo, sinais de estágios anatômicos já ultrapassados, uma vez que apresenta bolsas branquiais e uma longa cauda. Não demonstra esse fato a existência de uma memória biológica? As árvores em seus troncos vigorosos registram através de suas fibras, organizadas segundo os anos vividos, cicatrizes do corpo não são parte da memória de tantas lutas? Existem ainda outros tipos de memória que desconhecemos e que certamente dominaremos um dia.
     Todavia repito: a memória propriamente dita, que pode ser evocada pelo Espírito, que se organiza seqüenciada e seletiva, encontra-se registrada nele mesmo. Quando o Espírito faz “evocação” de um fato passado, aciona seu banco de dados, liberando o conhecimento armazenado. Tais lembranças se refletem no perispírito. Seria difícil entender uma memória no perispírito, de vez que ele pode ser severamente desagregado e recomposto. O Espírito representa o intelecto, a vontade, a “força viva” que impulsiona e vibra, a inteligência. Quando ele quer, expressa sua vontade através do pensamento, que se fotografa no perispírito.
     Assim, com essa reunião “tira dúvidas”, fato comum em nosso grupo de aprofundamento doutrinário, tomamos novo fôlego para tão extensa caminhada. A do saber.
Fonte: O Perispírito e suas Modelações (Luiz Gonzaga Pinheiro).