domingo, 19 de junho de 2011

Homossexualismo na Visão Espírita - início

“A homossexualidade, também hoje chamada transexualidade, em alguns círculos de ciência, definindo-se, no conjunto de suas características, por tendência da criatura para a comunhão afetiva com uma outra criatura do mesmo sexo, não encontra explicação fundamental nos estudos psicológicos que tratam do assunto em bases materialistas, mas é perfeitamente compreensível, à luz da reencarnação” (Xavier) Espírito Emmanuel (1)

Introdução ainda nos dias de hoje este tema gera muita polêmica em nosso meio, surgindo naturais divergências de opiniões, quando esse assunto entra na pauta das discussões de nós, os espíritas. Intransigência, intolerância e falta de compreensão é o que se vê quase como regra geral, pois a maioria de nós ainda não conseguiu vislumbrar que existe o outro lado da moeda. Falta a muitos a capacidade de ver essas pessoas como irmãos em doloroso estágio evolutivo. Não percebem que o sofrimento deles, quando há, é tanto que, em alguns casos, tiram-lhes a vontade de viver. Quantos, propositadamente, não abandonaram a vestimenta carnal, como fuga ao insuportável preconceito de que sofrem? E os que se isolam, entre quatro paredes, para evitar o contato com a sociedade que os repele como se estivesse diante de uma doença altamente contagiosa.
Como ouvimos várias pessoas dizendo que Kardec não fala nada sobre o assunto, esse foi o motivo que nos incentivou a primeiro pesquisá-lo em suas obras, queríamos ver qual seria mesmo a realidade. Embora muitos, com certeza, não saibam que, mesmo sem falar especificamente sobre esse assunto, ele disse algo a esse respeito. Entretanto, como a maioria de nós espíritas só lê, no máximo, o tal do “Pentateuco” kardequiano, dificilmente irá se encontrar a opinião do codificador do Espiritismo, pois somente na Revista Espírita, que não é considerado parte dele, é que Kardec faz uma abordagem ao tema. Opinião de Kardec Em janeiro de 1866, na Revista Espírita, quando analisa o assunto “As mulheres têm uma alma?”, ele disse o seguinte: As almas ou Espíritos não têm sexo. As afeições que as une nada têm de carnal, e, por isto mesmo, são mais duráveis, porque são fundadas sobre uma simpatia real, e não são subordinadas às vicissitudes da matéria. [...] Os sexos não existem senão no organismo; são necessários à reprodução dos seres materiais; mas os Espíritos, sendo a criação de Deus, não se reproduzem uns pelos outros, é por isto que os sexos seriam inúteis no mundo espiritual. Os Espíritos progridem pelo trabalho que realizam e as provas que têm que suportar, como o operário em sua arte pelo trabalho que faz. Essas provas e esses trabalhos variam segundo a sua posição social. Os Espíritos devendo progredir em tudo e adquirir todos os conhecimentos, cada um é chamado a concorrer aos diversos trabalhos e a suportar os diferentes gêneros de provas; é por isto que renascem alternativamente como ricos ou pobres, senhores ou servidores operários do pensamento ou da matéria. Assim se encontra fundado, sobre as próprias leis da Natureza, o princípio da igualdade, uma vez que o grande da véspera pode ser o pequeno do dia de amanhã, e reciprocamente. Deste princípio decorre o da fraternidade, uma vez que, nas relações sociais, reencontramos antigos conhecimentos, e que no infeliz que nos estende a mão pode se encontrar um parente ou um amigo.
É no mesmo objetivo que os Espíritos se encarnam nos diferentes sexos; tal que foi um homem poderá renascer mulher, e tal que foi mulher poderá renascer homem, a fim de cumprir os deveres de cada uma dessas posições, e delas suportar as provas. A Natureza fez o sexo feminino mais frágil do que o outro, porque os deveres que lhe incumbem não exigem uma igual força muscular e seriam mesmo incompatíveis com a rudeza  (Citado por Dr. Hernani, no cap. IX do livro Você e a Reencarnação).   masculina. Nele a delicadeza das formas e a fineza das sensações são admiravelmente apropriadas aos cuidados da maternidade. Aos homens e às mulheres são, pois, dados deveres especiais, igualmente importantes na ordem das coisas; são dois elementos que se completam um pelo outro.
O Espírito encarnado sofrendo a influência do organismo, seu caráter se modifica segundo as circunstâncias e se dobra às necessidades e aos cuidados que lhe impõem esse mesmo organismo. Essa influência não se apaga imediatamente depois da destruição do envoltório material, do mesmo modo que não se perdem instantaneamente os gostos e os hábitos terrestres; depois, pode ocorrer que o Espírito percorra uma série de existências num mesmo sexo, o que faz que, durante muito tempo, ele possa conservar, no estado de Espírito, o caráter de homem ou de mulher do qual a marca permaneceu nele. Não é senão o que ocorre a um certo grau de adiantamento e de desmaterialização que a influência da matéria se apaga completamente, e com ela o caráter dos sexos. Aqueles que se apresentam a nós como homens ou como mulheres, é para lembrar a existência na qual nós os conhecemos. Agora vem o principal do texto, em que fala exatamente do assunto que, no momento, estamos tratando: Se essa influência repercute da vida corpórea à vida espiritual, ocorre o mesmo quando o Espírito passa da vida espiritual à vida corpórea. Numa nova encarnação, ele trará o caráter e as inclinações que tinha como Espírito; se for avançado, fará um homem avançado; se for atrasado, fará um homem atrasado. Mudando de sexo, poderá, pois, sob essa impressão e em sua nova encarnação, conservar os gostos, as tendências e o caráter inerentes ao sexo que acaba de deixar. Assim se explicam certas anomalias aparentes que se notam no caráter de certos homens e de certas mulheres. (KARDEC, 1993, p. 3-4). Foi-nos necessário colocar o texto um pouco mais longo, pois do contrário a idéia de Kardec poderia não ficar bem clara. O pensamento dele não deixa nenhuma margem à dúvida: “assim se explicam certas anomalias aparentes que se notam no caráter de certos homens e de certas mulheres”. Ora, se ele fala em “anomalias aparentes” é porque admitia tais situações como dentro da normalidade, o que em outras palavras, poderíamos dizer as tratou como sendo coisas completamente naturais.
Opinião de autores espíritas Dr. Hernani de Guimarães Andrade, foi, segundo julgamos, quando encarnado entre nós, o maior pesquisador brasileiro sobre o assunto reencarnação. Podemos ver sua opinião, a respeito do assunto em foco, em seus livros Espírito, Perispírito e Alma e Você e a Reencarnação, nos quais dedicou um capítulo ao tema. Vejamos o que coloca neste último: Por que Reencarnação? Em outubro de 1969, tomamos contacto com o primeiro caso de reencarnação por nós investigados, a pedido do Dr. Ian Stevenson. Daí em diante passamos a levantar e a investigar outros mais, por nossa própria iniciativa. Desse modo, em 1972, já nos encontrávamos familiarizados com essa área de pesquisa. A leitura de diversas obras versando sobre a reencarnação e suas pesquisas científicas consolidou ainda mais a nossa crença de que, talvez, a reencarnação fosse uma das causas do homossexualismo, se não a única. Entre os autores que consultáramos figuraram: Muller (1970), Banerjee (1964, 1965) e Stevenson (1966). Mas, naquela ocasião, não era só a explicação das causas do homossexualismo que visávamos descobrir. Na realidade, esperávamos obter também mais uma fonte de evidência de apoio à idéia da reencarnação. O plano inicial era, partindo da investigação por meio da regressão de memória, chegar à causa do comportamento homossexual do paciente. Seria uma explicação do homossexualismo e, ao mesmo tempo, uma evidência da reencarnação. Outro ponto importante era fornecido pela pesquisa direta de casos de reencarnação efetuados por nós, com evidências da possibilidade de troca de sexos, e sustentados em base de relatos de casos semelhantes de outros investigadores. Tudo apontava em direção à validade da nossa hipótese de trabalho. Em suma, a nossa suspeita de que a troca de sexo de uma encarnação para outra talvez fosse, em certas circunstâncias, a principal causa do homossexualismo, mas não a única, especialmente a do transexualismo parecia emergir cada vez mais clara. Existem três modalidades de homossexuais Para que o leitor ainda pouco familiarizado com a questão do homossexualismo, lembramos que, basicamente, distinguem-se três modalidades de homossexuais:  O homossexual genérico, cuja característica fundamental é a atração sexual por pessoas do mesmo sexo. O homossexual possui o impulso erótico dirigido para indivíduos de seu próprio sexo. No heterossexual esse impulso parece não depender exclusivamente da carga hormônica no organismo. O indivíduo castrado geralmente perde o apetite sexual, mas não muda a direção da atração pelo outro sexo. No homossexual, embora muitos deles possuam órgãos sexuais normais, bem como cargas hormonais suficientes e com atividade sexual normal, verifica-se a impulsão erótica em direção aos indivíduos do mesmo sexo. Nestes casos, o homossexualismo pode ter-se desenvolvido em razão de outros fatores que não a troca de sexo proveniente da reencarnação. Tais fatores podem ser os familiares e educacionais. Há também os circunstanciais, resultantes de situações especiais como, por exemplo, promiscuidade em cárceres, internatos, conventos, comunidades místico-religiosas, iniciações em seitas esdrúxulas, etc. etc. Os homossexuais podem formar pares (casais) em que um deles exerce o papel ativo nas relações sexuais. No caso do sexo masculino, esta diferenciação torna-se mais definida. O travesti é aquele indivíduo que procura assumir a aparência dos de sexo oposto. Nem todo travesti é sistematicamente homossexual, assim como nem todo homossexual é obrigatoriamente travesti. O transexual é a modalidade mais típica do homossexualismo. Neste caso, o indivíduo se sente uma pessoa de determinado sexo, ocupando um corpo físico do sexo oposto; uma mulher em um corpo masculino, ou um homem em um corpo feminino. O transexual sugere fortemente a intervenção da reencarnação em sua ocorrência. No transexual podem ocorrer alterações inatas fisiológicas e cromossômicas. Permitimo-nos deixar sem comentário esse aspecto, para não estender excessivamente o presente capítulo. “Sankhârâ” e homossexualismo Finalizando esse capítulo, pedimos licença para transcrever parte do Cap. X, do livro Espírito, Perispírito e Alma. “...A realidade do Sankhârâ”, revela nos casos que sugerem reencarnação, favorece a hipótese de que pelo menos o transexualismo seja motivado por uma herança reencarnatória. Neste caso, se um indivíduo, que se reencarnou reiteradas vezes com um determinado sexo, vem a renascer com um sexo oposto, ele provavelmente sofrerá problemas do gênero transexualismo. Pelo menos há grande possibilidade de isto ocorrer.