segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Mensagem de André Luiz













O PASSE

O passe não é unicamente transfusão de energias anímicas.
É o equilibrante ideal da mente, apoio eficaz de todos os tratamentos.
Desânimo e tristeza, tanto quanto insatisfação e revolta, são síndromes da alma, estabelecendo distonias e favorecendo moléstias do corpo.
Se há saúde, esses estados de espírito patrocinam desastres orgânicos; na doença equivalem a fatores predisponentes na desencarnação prematura.
Mas não é só isso.
Em todo desequilíbrio mental as forças negativas entram mais facilmente em ação instalando processos obsessivos de duração indeterminada.
Se usamos o antibiótico por substância destinada a frustrar o desenvolvimento de microorganismos no campo físico, por que não adotar o passe por agente capaz de impedir as alucinações depressivas, no campo da alma? Se atendemos à assepsia, no que se refere ao corpo, por que descurar dessa mesma assepsia no que tange ao espírito? A aplicação das forças curativas em magnetismo enquadra-se à efluvioterapia com a mesma importância do emprego providencial de emanações da eletricidade.
Espíritas e médiuns espíritas, cultivemos o passe, no veículo da oração, com o respeito que se deve a um dos mais legítimos complementos da terapêutica usual.
Certamente os abusos da hipnose, responsáveis por leviandades lamentáveis e por truanices de salão, em nome da ciência, são perturbações novas no mundo, mas o passe, na dignidade da prece, foi sempre auxílio divino às necessidades humanas.
Basta lembrar que o Evangelho apresenta Jesus, ao pé dos sofredores, impondo as mãos.
(em Opinião Espírita, dos Espíritos Emmanuel e André Luiz, por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira)

Chaves Libertadoras

DESGOSTO
Qualquer contratempo aborrece.
No entanto, sem desgosto, a conquista de experiência é impraticável...
OBSTÁCULO
Todo empeço atrapalha.
Sem obstáculo, porém, nenhum de nós consegue efetuar a superação das próprias deficiências.
DECEPÇÃO.
Qualquer desilusão incomoda.
Todavia, sem decepção, não chegamos a discernir o certo do errado.
ENFERMIDADE
Toda doença embaraça.
Sem a enfermidade, entretanto, é muito difícil consolidar a preservação consciente da própria saúde.
TENTAÇÃO
Qualquer desafio conturba.
Mas, sem tentação, nunca se mede a própria resistência.
PREJUÍZO
Todo o golpe fere.
Sem prejuízo, porém, é quase impossível construir segurança nas relações uns com os outros.
INGRATIDÃO
Qualquer insulto à confiança estraga a vida espiritual.
No entanto, sem o concurso da ingratidão que nos visite, não saberemos formular equações verdadeiras nas contas de nosso tesouro afetivo.
DESENCARNAÇÃO
Toda morte traz dor.
Sem a desencarnação, porém, não atingiríamos a renovação precisa, largando processos menos felizes de vivência ou livrando-nos da caducidade no terreno das formas.
Compreendamos, à face disso, que não podemos louvar as dificuldades que nos rodeiam, mas é imperioso reconhecer que, sem elas, eternizaríamos paixões, enganos, desequilíbrios e desacertos, motivo pelo qual será justo interpretá-las por chaves libertadoras, que funcionam em nosso espírito, a fim de que nosso espírito se mude para o que deve ser, mudando em si e fora de si tudo aquilo que lhe compete mudar.

(Do livro "Paz e Renovação", pelo Espírito André Luiz, Francisco C. Xavier)

Nova Tática dos Adversários do Espiritismo


( O texto foi escrito em 1865, Mas é espantosamente atual
para reflexão de todos os espíritas).

Jamais uma doutrina filosófica dos tempos modernos causou tanta emoção quanto o Espiritismo e nenhuma foi atacada com tamanha obstinação. É prova evidente de que lhe reconhecem mais vitalidade e raízes mais profundas que nas outras, já que não se toma de uma picareta para arrancar um pé de erva. Longe de se apavorarem, os espíritas devem regozijar-se com isto, pois prova a importância e a verdade da Doutrina. (...)
Vide, na história do mundo, se uma única idéia grande e verdadeira deixou de triunfar, o que quer que tenham feito para entravá-la. (...)
Entretanto, a luta está longe de terminar; ao contrário, é de esperar que tome maiores proporções e um outro caráter. Seria por demais prodigioso e incompatível com o estado atual da Humanidade que uma doutrina, que traz em si o germe de toda uma renovação, se estabelecesse pacificamente em alguns anos.
Ainda uma vez, não nos lamentemos; quanto mais rude for a luta, mais estrondoso será o triunfo. (...)
Já tentaram muitas vezes, e o farão ainda, comprometer a Doutrina, impelindo-a por uma via perigosa ou ridícula, para a desacreditar. Hoje é semeando a divisão de modo sub-reptício, lançando o pomo de discórdia, na expectativa de fazer germinar a dúvida e a incerteza nos espíritos, provocar o desânimo, verdadeiro ou simulado e levar a perturbação moral entre os adeptos. Mas não são adversários confessos que assim agiriam. O Espiritismo, cujos princípios têm tantos pontos de semelhança com os do Cristianismo, também deve ter os seus Judas, para que tenha a glória de sair triunfando dessa nova prova. (...)
Nosso dever é premunir os espíritas sinceros contra as armadilhas que lhes são estendidas. Quanto aos que nos abandonaram, para os quais esses princípios eram muito rigorosos, neste como em vários outros pontos, é que sua simpatia era superficial e não do fundo do coração, não havendo nenhuma razão para nos prendermos a eles. Temos que nos ocupar com coisas mais importantes que a sua boa ou má vontade a nosso respeito. (...)
Quem quer que ponha o seu ponto de vista fora da estreita esfera do presente não é mais perturbado pelas mesquinhas intrigas que se agitam à sua volta. É o que nos esforçamos para fazer, e é o que aconselhamos aos que querem ter a paz da alma neste mundo. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. II, n. 5.)
Como todas as idéias novas, a idéia espírita não podia deixar de ser explorada por gente que, não tendo alcançado êxito em nada por má conduta ou por incapacidade, estão à espreita do que é novo, na esperança de aí encontrar uma mina mais produtiva e mais fácil; se o sucesso não corresponde à sua expectativa, não o atribuem a si mesmos, mas à coisa, que declaram má. Tais pessoas só têm de espíritas o nome. Melhor do que ninguém, pudemos ver essa manobra, tendo sido muitas vezes o alvo dessas explorações, às quais não quisemos dar a mão, o que não nos valeu amigos.
(...) O Espiritismo, repetimos, ainda tem de passar por rudes provas e é aí que Deus reconhecerá seus verdadeiros servidores, por sua coragem, firmeza e perseverança. Os que se deixarem abalar pelo medo ou por uma decepção são como esses soldados, que só têm coragem nos tempos de paz e recuam ao primeiro tiro. Entretanto, a maior prova não será a perseguição, mas o conflito das idéias que será suscitado, com cujo auxílio esperam romper a falange dos adeptos e a imponente unidade que se faz na Doutrina.
Esse conflito, embora provocado com má intenção, venha dos homens ou dos maus Espíritos, é, contudo, necessário e, ainda que causasse uma perturbação momentânea em algumas consciências fracas, terá por resultado definitivo a consolidação da unidade. Como em todas as coisas, não se deve julgar os pontos isolados, mas ver o conjunto. É útil que todas as idéias, mesmo as mais contraditórias e as mais excêntricas, venham à luz; provoquem o exame e o julgamento, e, se forem falsas, o bom senso lhes fará justiça. (...)
(...) Os impacientes, que não sabem esperar o momento propício, comprometem a colheita como comprometem a sorte das batalhas.
Entre os impacientes, sem dúvida alguns há de muito boa-fé e que gostariam que as coisas andassem ainda mais depressa; assemelham-se a essas criaturas que julgam adiantar o tempo adiantando o relógio.(...)
(...) O Espiritismo marcha em meio a adversários numerosos que, não o tendo podido tomar à força, tentam tomá-lo pela astúcia; insinuam-se por toda parte, sob todas as máscaras e até nas reuniões íntimas, na esperança de aí surpreender um fato ou uma palavra que muitas vezes terão provocado, e que esperam explorar em seu proveito. Comprometer o Espiritismo e torná-lo ridículo, tal é a tática, com o auxílio da qual esperam desacreditá-lo a princípio, para mais tarde terem um pretexto para mandar interditar, se possível, o seu exercício público. É a armadilha contra a qual devemos nos precaver, porque é estendida de todos os lados, e na qual, sem o querer, são apanhados os que se deixam levar pelas sugestões dos Espíritos enganadores e mistificadores.
O meio de frustrar essas maquinações é seguir o mais exatamente possível a linha de conduta traçada pela Doutrina; sua moral, que é a sua parte essencial, é inatacável, não dá ensejo a nenhuma crítica fundada e a agressão se torna mais odiosa. Achar os espíritas em falta e em contradição com seus princípios seria uma boa sorte para os seus adversários; assim, vede como se empenham em acusar o Espiritismo de todas as aberrações e de todas as excentricidades pelas quais não poderia ser responsável. A Doutrina não é ambígua em nenhuma de suas partes; é clara, precisa, categórica nos mínimos detalhes; só a ignorância e a má-fé podem enganar-se sobre o que ela aprova ou condena. É, pois, um dever de todos os espíritas sinceros e devotados repudiar e desaprovar abertamente, em seu nome, os abusos de todo gênero que pudessem comprometê-la, a fim de não lhes assumir a responsabilidade. Pactuar com os abusos seria acumpliciar-se com eles e fornecer armas aos adversários.
Os períodos de transição são sempre difíceis de passar. O Espiritismo está nesse período; atravessa-o com tanto menos dificuldade quanto mais os seus adeptos forem prudentes. Estamos em guerra; lá está o inimigo a espiar, prestes a explorar o menor passo em falso em seu proveito, e disposto a meter o pé na lama, se o puder.
Contudo, não nos apressemos em lançar pedras e suspeições com muita leviandade, sobre aparências que poderiam ser enganosas; a caridade, aliás, faz da moderação um dever, mesmo para os que estão contra nós. A sinceridade, todavia, mesmo em seus erros, tem atitudes de franqueza com as quais não é possível equivocar-se, e que a falsidade jamais simulará completamente, porquanto, mais cedo ou mais tarde, deixa cair a máscara. Deus e os bons Espíritos permitem que ela se traia por seus próprios atos. Se uma dúvida atravessa o Espírito, deve ser apenas um motivo para se guardar reserva, o que pode ser feito sem faltar às conveniências.
(Fonte: KARDEC, Allan. Revista Espírita, junho de 1865, ed. Feb, p. 254-260, Nova tática dos adversários do Espiritismo, Allan Kardec.)