quinta-feira, 3 de março de 2011

A Colônia do Pó (capítulo 03) - do livro "Memórias de um Toxicômano"

     A paz era algo distante do meu coração, um sonho antigo que nunca cheguei a realizar. Sempre pensava que ainda não a havia conquistado porque não havia consumido toda a droga necessária.
     Naquele dia, no entanto, meu pensamento mudou. A figura de minha mãe enferma, já sexagenária e com os cabelos grisalhos, locomovendo-se em uma cadeira de rodas, mas ainda apresentando no semblante toda a paz sempre buscada por mim, foi o que faltava para que eu pudesse concluir que estava no caminho errado.
     Demorei mais alguns momentos em casa, mesmo com a insistência de José para irmos logo embora. Foi o suficiente para que pudesse assistir à chegada de meu irmão. Entrou pela porta cheio de pacotes nas mãos e foi logo recebido por todos com a maior alegria.
     A primeira que chegou foi a senhora que se encontrava no tanque. Ajudou-o a acomodar as compras em uma mesa e depois lhe deu um abraço e um beijo, o que me fez perceber tratar-se de sua esposa.
     Meu irmão já não era mais aquele garoto que eu deixara em casa quando descobri as drogas. Aparentava seus quarenta anos de idade. Quando percebi isso, me assustei. Quanto tempo havia perdido na ânsia de buscar uma felicidade falsa, que durava apenas alguns segundos e quando terminava me deixava um profundo vazio e um sentimento de solidão?
     Assim pensava, quando entrou na sala, vinda do interior da casa, uma garotinha linda, morena, olhos negros, cabelos muito lisos, de seus quatro anos de idade. Correu ao encontro do meu irmão e deu-lhe um abraço. Meu irmão se agachou, levantou-a no colo e disse:
     -Olha só o que o papai trouxe para você.
     Mostrou-lhe uma barra de chocolate e ganhou outro abraço apertado no pescoço e um beijo carinhoso na face.
     Depois, colocou a menina no chão e foi em direção à minha mãe, que até então assistia à cena com um sorriso nos lábios. Abaixou-se para abraçá-la e conversou com ela sobre sua saúde.
     Era verdadeiramente uma família alegre, que dentro da humildade e da simplicidade do dia a dia havia conquistado a felicidade no afeto mútuo.
     Naquele momento, um sentimento de inveja passou pelo meu coração. Analisei o quanto poderia ser feliz hoje se tivesse escutado os conselhos do meu pai, da minha mãe e até mesmo dos meus irmãos e professores. Não consegui conter uma lágrima que rolou pela minha face e fui quase arrancado dali por José e seus subordinados.
     José disse-me que eu estava indo por um caminho muito perigoso, porque a organização não perdoava qualquer traição. Qualquer compromisso assumido com ela era para sempre. Assim, disse-me ele, eu deveria aproveitar bem as minhas férias para tirar esses pensamentos “ruins” da minha cabeça, e acrescentou:
     Família é um engodo. Quando faz tempo que a gente não os vê até parece que eles estão certos e bate uma saudade. Mas se você ficar três ou quatro dias com eles, vai ver que todo dia é a mesma coisa. Tudo se repete igualzinho. É um tédio. Não tem emoção. Você sim é que sabe viver. Cada dia em uma festa diferente, sempre acompanhado por belas garotas e muita coca à disposição. O que é que você quer mais?
     Eu não conseguia responder nada. O meu pensamento ainda estava com os meus familiares. Onde estariam meu pai e minha irmã? Será que eles eram igualmente felizes?
     Permaneci assim pensativo até que, sem perceber, cheguei à Colônia do Pó. Agora eu já conhecia bem a colônia e também era bastante conhecido ali. Cada vez que terminava um serviço ia até à colônia para obter novas instruções sobre o que fazer e os nomes das próximas vítimas. Às vezes, permanecia lá por alguns dias estudando o comportamento, os hábitos e as personalidades da vítimas que iria atacar, e para decidir, junto aos superiores, qual era a melhor forma de agir.
     Eu era até respeitado ali, pois, segundo diziam, era um dos melhores naquilo que fazia. E eu me orgulhava disso.
     Naquele dia, levaram-me para lugares diferentes, dentro da colônia. Primeiro fui apresentado a Sônia, garota bonita e bem vestida, dos seus trinta anos de idade. A ela coube a missão de me apresentar o lado da colônia que eu não conhecia, onde havia o sofrimento.
     Até então, sempre que ia à colônia, permanecia na área administrativa. Não era um primor de organização. Mas ali eu convivia com pessoas que, ao menos aparentemente, haviam alcançado um grau de satisfação e felicidade que sempre buscava para mim. Isso sempre me animava a prosseguir no trabalho que desenvolvia, e eu me esforçava ao máximo para fazer o melhor.
     Sônia me mostrou o lado negro da colônia. Quando passamos pelas ruas do que aparentava ser uma cidade, percebi logo que a baderna era generalizada. A correria nas ruas, uns correndo atrás dos outros, discussões e brigas. Fiquei surpreso. Comecei a perceber que muitas pessoas que estavam ali tinham seus corpos deformados. Havia algumas com rosto de homens ou mulheres, mas com corpo de animal. (Trata-se do fenômeno conhecido como zoantropia, citado por André Luiz no livro Desobsessão, psicografado por Francisco Cândido Xavier, Capítulo 36. O mesmo autor narra ocorrência semelhante, resultado de indução mental por hipnotismo, no livro Libertação, Capítulo 5). A escuridão era quase total. Aves monstruosas sobrevoavam o lugar e de quando em vez pegavam alguma pessoa com suas enormes garras e sumiam no céu escuro. Era uma visão que eu jamais poderia imaginar na vida. Fiquei perplexo.
     Percebendo a minha surpresa, Sônia passou a me esclarecer:
     -Aqui é a Colônia do Pó, onde vivem alguns que já não podem mais colaborar, mas que ainda permanecem fiéis à nossa causa.
     Como eu não entendi nada, ela ainda me esclareceu:
     -Todos que estão aqui já foram trabalhadores, assim como você e eu. De repente, tornaram-se imprestáveis para o serviço, o que não é difícil de você perceber diante do comportamento que eles apresentam. Contudo, eles permaneceram e permanecem fiéis à nossa causa. Têm na droga a fonte de toda felicidade. Assim, nossos maiores, em sinal de gratidão pelos serviços que eles já prestaram, os colocam aqui. Todos os dias eles recebem uma quantidade estabelecida de droga, de acordo com os serviços prestados por cada um e com o cargo que ocupava quando veio parar aqui.
     Comecei a olhar aquilo e a imaginar que ali deveria ser o meu futuro.
     Começamos a caminhar pela cidade e eu horrorizado cada vez mais. As cenas eram dantescas e quase todas impróprias para se descrever aqui. Abusos de toda ordem que deixavam com vergonha até mesmo eu que me considerava o mais liberal de todos.
     Sônia, que já estava acostumada com toda aquela bagunça, caminhava como se nada estivesse acontecendo ou como se tudo aquilo fosse normal. Mostrou-me os prédios, explicando o que funcionava em cada um deles.
     Havia o prédio da guarda, responsável pela vigilância. Às vezes, disse-me Sônia, a cidade era atacada por algumas naves. (Na literatura espírita, encontra-se a narração de diversos tipos de veículos utilizados no mundo espiritual. André Luiz, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, cita o aérobus (Nosso lar, capítulo 10, 26 e 33; e Cidade no Além, capítulos 2 e 38, em que se podem encontrar o seu desenho), carruagem ( Os Mensageiros, capítulo 28; Libertação, capítulo 4), carruagem voadora (E a Vida Continua..., capítulo 26) e outros (Os Mensageiros, capítulos 19 e 33; Sexo e Destino, segunda parte, capítulo 14 e E a Vida Continua..., capítulos 7,13,18 e 21). Quando elas chegavam, emitiam uma luz que ofuscava a visão de todos. E quando iam embora, alguém havia sumido.
     Os guardas da cidade nada podem fazer contra essas naves, disse-me Sônia. O melhor mesmo, continuou ela, é ficar atento. E ao menor rumor de que há uma nave por perto, esconder-se no primeiro lugar que encontrar.
     -Mas para que existem os guardas, se eles nada podem fazer contra essas naves? – perguntei.
     -A organização tem feito de tudo para evitar esses ataques, mas sem sucesso. Cada vez que uma nave se vai, fica um sentimento de medo em todos que ficam por aqui. Passou a ter muita cobrança para que algo fosse feito.
     -Mas, se os guardas não podem fazer nada, tudo ficou como antes? – considerei.
     -A organização descobriu, depois de muito investigar, que estas naves colocam espiões aqui dentro. Sempre que alguém começa a aparecer com um papo careta, dizendo que não quer mais droga, passando parte de sua cota para os outros, aparece uma nave. E quem é que vai embora? Exatamente o careta que estava em nosso meio.
     Como eu não compreendia, ainda, a razão dos guardas, Sônia asseverou:
     -Agora, qualquer um da cidade que percebe alguém com p0apo careta tem que levar a notícia para os guardas. Os guardas buscam a pessoa e tentam explicar para ela sobre os perigos que está correndo se continuar com aquele tipo de pensamento. Se a pessoa compreende, fica internada no prédio da recuperação. Permanece lá por algum tempo, até se ter certeza de que ela realmente se recuperou. Agora, quando a pessoa insiste em permanecer com o papo careta, ela é levada para o Vale dos Enjeitados, que fica além dos muros da cidade.
     Depois dessas providências, - continuou Sônia – as naves passaram a vir menos vezes aqui. Normalmente, descem perto do Vale dos Enjeitados e de lá mesmo vão embora.
     -Mas, para onde vão essas pessoas levadas pelas naves? –perguntei, curioso.
     Na verdade, ninguém sabe. Dizem que nossos maiores sabem, mas ninguém tem certeza disso. Por aqui, contam-se muitas histórias, que até já viraram lendas. Alguns dizem que eles vão para a morte porque já não merecem viver por quererem abandonar as drogas. Outros dizem que vão para um local onde não encontrarão nenhum tipo de droga, para pensarem melhor no que perderam. Falam de tudo, mas ninguém sabe, ao certo, para onde eles vão.
     Quando conversávamos, percebi que em alguns grupos que corriam atabalhoadamente pela cidade, como verdadeiros alienados mentais, estavam pessoas que eu havia iniciado no mundo das drogas. Comecei a observar melhor e percebi que não eram poucas.
     Tinha ainda na mente o quadro vivido em minha casa. Tentava compará-lo com as cenas a que estava assistindo ali e comecei a pensar o que seria o meu futuro. Comecei a pensar em minha vida, no vazio a que chegava no final de cada rodada de droga, quando Sônia me advertiu:
     -Você deve tomar cuidado com o que pensa aqui. Daqui a pouco vem um guarda e o leva para o prédio da recuperação. Você já veio em férias porque estava com idéias diferentes. Procure afastar esses pensamentos da sua cabeça. Isso não leva a nada.
     Eu não sabia o que responder, e permaneci calado.
     De repente, apareceu um moço todo esquisito, vestido de preto, com uma camiseta sem manga, calça rasgada nos joelhos e tatuagens por todos os lugares do corpo que se poderia ver.
     Sônia me apresentou o recém-chegado:
     Este aí é o Joaquim. É o único que conseguiu voltar, depois de ter sido levado para a nave. Mas diz que não se lembra de nada. Nem do que aconteceu lá nem de como conseguiu voltar. Tornou-se um herói aqui na cidade.
     Joaquim colocou a mão no meu ombro e foi logo dizendo:
     -Vamos dar uma volta que eu vou te mostrar o que é prazer. Deixa esse papo furado com essa aí, que isso não dá em nada.
     E foi me levando, quando Sônia me disse que nos veríamos mais tarde. Quando ficamos a sós, Joaquim parecia ser outra pessoa. Falou-me que eu estava certo em buscar a família, que eu tinha o direito de querer mudar a minha vida, que droga era uma eterna ilusão, pois nunca passaria daqueles poucos segundos de prazer e um grande vazio depois.
     Estranhei aquela conversa e ia até repreender-lhe, quando Joaquim asseverou:
     -Aproveite o momento em que a sua própria consciência está chamando para uma vida melhor. Desde que você começou a usar droga, ainda na Terra, o que é que você conquistou? Absolutamente, nada. Continua hoje o mesmo dependente de uma fileira de cocaína, como o era quando encarnado. Quando está sem droga, fica desesperado enquanto não arruma outra. Onde está a felicidade que você está buscando? Veja esta cidade. Observe bem essas pessoas sem vida, correndo pelas ruas, umas atrás das outras, como verdadeiros alienado mentais. Esse é o seu futuro. É essa a felicidade a que a droga pode levar o homem. Muitos dos maiores desta colônia já vieram para cá e outros chegaram a ser levados para o Vale dos Enjeitados. É essa a felicidade que você almeja?
     Pensei bem no que ele disse e não podia tirar-lhe a razão. Então, indaguei:
     -Mas qual outra vida que eu posso ter hoje se a organização exige fidelidade eterna?
     -Mas há uma força contra a qual a organização não pode nada fazer. – respondeu-me Joaquim.
     Percebi logo que ele estava falando das naves e estremeci.
     -Pois é, e nós aqui com essa conversa. Vamos mudar de assunto senão logo chega uma nave aqui e eu não quero saber disso.
     -Não tenha medo do desconhecido. – respondeu Joaquim.
     -Eu mesmo já fui levado para esta nave e posso lhe afiançar que fui para um lugar onde existe a felicidade que buscamos. Lá, as pessoas nos tratam como se fôssemos seus familiares. Orientam-nos. Lá, conseguimos o equilíbrio necessário sem precisar de um bocado de cocaína a cada momento.
     -E por que você não ficou por lá? – perguntei-lhe.
     -Porque talvez eu não estivesse preparado. Naquele momento, não soube dar valor ao que proporcionaram lá. E voltei. Mas quando a nave vier, não tenho dúvidas: eu volto para lá.
     Fiquei pensando naquilo tudo. Era muita coisa diferente em um só dia, para quem estava acostumado a viver sempre a mesma rotina. Disse a Joaquim que queria descansar e ele me levou a um prédio onde não havia muito movimento.
     Sentamos ali, e fiquei pensando em tudo que havia ocorrido naquele dia.
     Será que Joaquim estava certo? Ou será que a felicidade estava mesmo na droga?
     Adormeci.
    








"A Beleza do Ato Sexual" Continuação do "Livro Obsessão Sexual"

Solicitado a opinar sobre o sexo, Chico, celibatário devido à missão mediúnica que não lhe permitia tempo para uma esposa e filhos, demonstrou o quanto entendia de amor e sexo ao comentar sobre o compromisso amoroso firmado entre duas pessoas.
-“Acredito que o compromisso sexual entre duas pessoas deve ser profundamente respeitado. Uma terceira pessoa em qualquer compromisso sexual é uma dificuldade a superar, porque não podemos esquecer que a lesão sentimental é, talvez, mais traumática do que uma lesão física.
Alguém que prometeu amor a alguém deve se desincumbir deste compromisso com grandeza de pensamento e sem qualquer insegurança. Não compreendo a promiscuidade, mas entendo perfeitamente o relacionamento de alma para alma, com o respeito que nós todos devemos uns aos outros”.

Algumas pessoas consideram o exercício sexual um ato impuro; outras uma distração, uma conquista, um vício, uma obrigação. Mas as que são sábias o elevam ao nível de oração, de poema, de pura troca de sentimentos e emoções.
Não se vai ao encontro de quem se ama sem antes convidar a ternura e o respeito, dois companheiros assíduos do ato sexual saudável, ritual onde se unem corpo e alma para a troca de energias psicofísicas.
Não se inicia o enlevo, obrigatório no ato sexual, sem esta boa lembrança: o sexo fez o lar e criou o belíssimo título de mãe, o mais nobre que uma mulher pode ostentar.
Não se conclui esse ritual delicado sem a certeza do compartilhamento, sem a convicção de acolher com responsabilidade e com afagos, o fruto que dele pode ser gerado.
Por isso pensemos no sexo como o jardineiro pensa em suas roseiras e o pastor em suas ovelhas. Nele o carinho é obrigatório e a vulgaridade deve ser inexistente.
Entendamos que o ato sexual deve ser encarado como um conto de fadas no qual um casal precisa chegar a um castelo onde viverão felizes para sempre. O importante nessa viagem não é apenas a chegada, mas os preparativos, a paisagem, as curvas, os montes, a relva tenra e as fontes que antecedem à chegada. Extasiados com os aromas do caminho, a chegada é o ápice da entrega.
Pode ser pensado também como o trabalho de um confeiteiro, que precisando fazer um bolo especial para matar a fome de alguém muito amado, inicie misturando assim os ingredientes: uma pitada de ousadia, outra de criatividade, três quartos de amor, algumas gotas de deslumbramento, fermento para fazer corar, ternura a gosto, e carinho, muito carinho.
Não se convida para o leito do amor nem a presa nem lembranças amargas. Nele predomina o aqui e o agora, caminho a ser percorrido com passos lentos e suaves. O mundo fica lá fora com suas belezas e agressões. No amor não há eu ou tu, apenas nós, metades que se fundem em um momento mágico.
Ninguém deve se envergonhar por expressar o seu amor no ato sexual. Que se aproveitem os aromas, os toques, os sons, o visual, o calor, o gosto do beijo, os arrepios, os sinos que tocam longe, mas sempre com a devida consideração a si e ao seu parceiro. Às vezes o casal se abraça e fica a sentir o cheiro, a pulsação, a respiração do outro, quietinho, imóvel como se ambos fossem uma só pessoa. Isso é tão gostoso que os enche de felicidade e dá vontade de perpetuar o momento. Para sentir prazer com quem se ama basta às vezes um olhar.
Portanto, não se sinta na obrigação de fazer sexo todos os dias, como se houvesse assinado um contrato, uma obrigação. O amor não escraviza, pelo contrário, liberta. Faça sexo com freqüência e amor sempre. Lembre-se de que a função sexual deve ser presidida pelo amor. E o amor é aconchego de almas.
Um toque no rosto, um “eu te amo”, um verso aconchegante, uma flor, uma música calmante, um filme romântico, um abraço inesperado são, igualmente, maneiras de demonstra amor.
Jamais esqueça de que o ato sexual, mesmo admitindo toda intimidade entre os amantes, é momento sagrado. É um presente que Deus nos deu para que possamos expressar nossa intimidade e amor por quem elegemos como parceiro para uma vida inteira.
Considero prudente, tais lembretes antes de adentrar o drama aqui narrado, a fim de que alguma pessoa, inadvertidamente, venha a formar um conceito errôneo sobre o sexo, fonte de prazer e de vida, devido a equivocados que dele abusam. Que Emmanuel, Espírito que tantas lições nos ministrou sobre a responsabilidade frente às leis universais, possa concluir este pequeno texto.

O instinto sexual, exprimindo amor em expansão incessante, nasce nas profundezas da vida, orientando os processos da evolução. Toda criatura consciente traz consigo, devidamente estratificada, a herança incomensurável das experiências sexuais, vividas nos reinos inferiores da natureza. De existência a existência, de lição em lição e de passo em passo, por séculos e séculos, na esfera animal, a individualidade, erguida à razão, surpreende em si mesma todo um mundo de impulsos genésicos por educar e ajustar às leis superiores que governam a vida. A princípio, exposto aos lances adversos das aventuras poligâmicas, o homem avança, de ensinamento a ensinamento, para a sua própria instalação na monogamia, reconhecendo a necessidade de segurança e equilíbrio, em matéria de amor; no entanto, ainda aí, é impelido naturalmente a carregar o fardo dos estímulos sexuais, muita vez destrambelhados, que lhe enxameiam no sentimento, reclamando educação e sublimação. Diante do sexo, não nos achamos, de nenhum modo, à frente de um despenhadeiro para as trevas, mas perante a fonte viva das energias em que a Sabedoria do Universo situou o laboratório das formas físicas e a usina dos estímulos espirituais mais intensos para a execução das tarefas que esposamos, em regime de colaboração mútua, visando ao rendimento do progresso e do aperfeiçoamento entre os homens (Vida e Sexo).