quinta-feira, 7 de maio de 2009

*E v a n g e l h o n o L a r*

"Onde quer que se encontrem duas ou três pessoas reunidas em meu nome, eu com elas estarei".Jesus (Mateus, 18:20)
O que é o Culto do Evangelho no Lar Trata-se do estudo do Evangelho de Jesus em reunião familiar. O Culto do Evangelho no Lar, realizado no ambiente doméstico, é precioso empreendimento que traz diversos benefícios às pessoas que o praticam. Permite ampla compreensão dos ensinamentos de Jesus e a prática destes, nos ambientes em que vivemos. Ampliando-se o conhecimento sobre o Evangelho, pode-se oferecê-lo com mais segurança a outras criaturas, colaborando-se para a implantação do Reino de Deus na Terra. As pessoas, unidas por laços consangüíneos, compreenderão a necessidade da vivência harmoniosa e, dentro de suas possibilidades, buscarão, pouco a pouco, superar possíveis barreiras, desentendimentos e desajustes, que possam existir entre pais e filhos, cônjuges e irmãos. Através do estudo da reencarnação, compreenderão que, aqueles com quem dividem o teto, são espíritos irmãos, cujas tarefas individuais, muitas vezes, dependerão da convivência sadia no ambiente em que vieram a renascer. Aqueles que, desde cedo, têm suas vidas orientadas pela conduta Cristã, evitam, com mais facilidade, que os embriões dos defeitos que estão latentes em seus espíritos apareçam, sanando, desta forma, o mal antes que ele cresça. Se, porventura, tendências negativas aflorarem, apesar da orientação desde a infância, encontrarão seguros elementos morais para superá-las, porque os ensinamentos de Jesus tornam-se fortes alicerces para a sua superação. Com o estudo do Evangelho de Jesus aprende-se a compreender e a conviver na família humana. Assim, conscientes de que são espíritos devedores perante as Leis Universais, procuram conduzir-se dentro de atitudes exemplares, amando e perdoando, suportando e compreendendo os revezes da vida. Quando o Culto do Evangelho no Lar é praticado fielmente à data e ao horário semanal estabelecidos, atrai-se para o convívio doméstico Espíritos Superiores, que orientam e amparam, estimulam e protegem a todos. A presença de Espíritos iluminados no Lar afasta aqueles de índole inferior, que desejam a desunião e a discórdia. O ambiente torna-se posto avançado da Luz, onde almas dedicadas ao Bem estarão sempre presentes, quer encarnadas, quer desencarnadas. As pessoas habituadas à oração, ao estudo e à vivência cristã, tornam-se mais sensíveis e passíveis às inspirações dos Espíritos Mentores.
*Evangelho no lar - Procedimentos*

Escolhe-se um dia da semana e hora em que seja possível a presença de todos os familiares ou da maior parte deles, observando-se com rigor a sua constância e pontualidade, para facilitar a assistência espiritual. A direção do Culto do Evangelho no Lar caberá a um dos cônjuges ou a pessoa que disponha de maiores conhecimentos doutrinários. Cabe lembrar, no entanto, que por se tratar de um estudo em grupo não é necessária a presença de pessoas com cultura doutrinária. Na pureza dos ideais e na sinceridade das intenções, todos aprenderão juntos, auxiliando-se mutuamente.É importante que os temas sejam discutidos com a participação de todos, na medida do possível, sem imposições, para evitar-se constrangimentos. Deve-se buscar um ambiente amistoso, de respeito, pois, viver e falar com Jesus é uma felicidade que não se deve desprezar. Antes do início da reunião, prepara-se o local, colocando-se em cima da mesa água pura, em uma garrafa, para ser beneficiada pelos Benfeitores Espirituais, em nome de Jesus.


1. Leitura de uma mensagem A leitura inicial de uma mensagem poderá, após, ser comentada ou não. Ela tem por objetivo propiciar um equilíbrio emocional, procurando harmonizá-lo com os ideais nobres da vida, a fim de facilitar melhor aproveitamento das lições. Poderemos lembrar obras com "Pão Nosso", "Fonte Viva", "Vinha de Luz", "Caminho, Verdade e Vida", "Palavras de Vida Eterna", "Ementário Espírita", "Glossário Espírita Cristão".


2. Prece Inicial "Dando curso ao salutar programa iniciado por Jesus, o de reunir-se com os discípulos para os elevados cometimentos da comunhão com Deus, mediante o exercício da conversação edificante e da prece renovadora, os espiritistas devem reunir-se com regularidade e freqüência para reviver, na prece e na ação nobilitante, o culto da fraternidade, em que se sustentem quando as forças físicas e morais estejam em deperecimento, para louvar e render graças ao Senhor por todas as suas concessões, para suplicar mercês e socorros para si mesmos quanto para o próximo, esteja este no círculo da afetividade doméstica e da consangüinidade, se encontre nas provações redentoras ou se alongue pelas trilhas da imensa família universal." Após a leitura da mensagem, inicia-se o Culto do Evangelho no Lar, com uma prece. A oração deve ser proferida por um dos participantes, em tom de voz audível a todos os presentes e de forma simples e espontânea, não devendo ser, portanto, decorada. Os demais, acompanham-no, seguindo a rogativa, frase por frase, repetindo,-mentalmente, em silêncio, cada expressão, a fim de imprimir o máximo ritmo e harmonia ao verbo, ao som e à idéia, numa só vibração. Na prece pode pedir-se o amparo de Deus para o lar onde o Evangelho está sendo estudado, para os presentes, seus parentes e amigos; para os enfermos, do corpo e da alma; para a paz na Terra; para os trabalhadores do Bem e etc. A prece, além de ligar o ser humano à espiritualidade, traduz respeito pelo momento de estudo a realizar-se.


3. Estudo do Evangelho de Jesus O estudo do Evangelho do Cristo, à luz da Doutrina Espírita - "O Evangelho segundo o Espiritismo", de Allan Kardec - poderá ser estudado de duas formas:
a) estudo em seqüência - o estudo metódico, em pequenas partes, permite o conhecimento gradual e ordenado dos ensinamentos que o livro encerra. Após o seu término, volta-se, novamente, ao capítulo inicial; b) estudo ao acaso - consiste na abertura, ao acaso, de "O Evangelho segundo o Espiritismo", o que ensejará, também, lições oportunas, em qualquer ocasião.
Os comentários devem envolver o trecho lido, buscando-se alcançar a essência dos ensinamentos de Jesus, realçando-se a necessidade da sua aplicação na vida diária. Pode reservar-se, posteriormente, um momento de palavra livre, onde os participantes da reunião exponham situações da vida prática, para o melhor entendimento e fixação das lições.4. Prece de agradecimento Um dos presentes fará uma prece, agradecendo as bênçãos recebidas no Culto do Evangelho no Lar, pela paz, pelas lições recebidas etc.Observações
A duração do Culto do Evangelho no Lar deve ser de até 1 (uma) hora, mais ou menos.
No Culto do Evangelho no Lar deve ser evitada manifestações mediúnicas. A sua finalidade básica é o estudo do Evangelho de Jesus, para o aprendizado Cristão, a fim de que seus participantes melhor se conduzam na jornada terrena. Os casos de mediunidade indisciplinada devem ser encaminhados a uma sociedade espírita idônea.
Deve-se evitar comparações ou comentários que desmereçam pessoas ou religiões. No Evangelho busca-se a aquisição de valores maiores, tais como a benevolência e a caridade, a compreensão e a humildade, não cabendo, dessa forma, qualquer conversação menos edificante.
A realização do Culto do Evangelho no Lar não deve ser suspensa em virtude de visitas inesperadas. Deverá ser esclarecido o assunto com delicadeza e franqueza, convidando-se o visitante a participar do Culto, caso lhe aprouver.
O Culto do Evangelho no Lar não deve ser prejudicado, também, em virtude de solicitações sem urgência, recados inoportunos, passeios, festividades de qualquer ordem. Soluções razoáveis, de imediato, ou iniciativas, após a reunião, deve ser o caminho para superar os pretensos impedimentos.
Somente no caso de situações incontornáveis, em que todos não possam estar presentes, é que se justifica a não realização do Culto do Evangelho no Lar.
Evite-se ligar rádio ou televisão no dia do Culto, próximo e depois da hora de sua realização, bem como a leitura de jornais ou obras sem caráter edificante, para que se mantenha um ambiente vibratório de paz e tranqüilidade dentro do Lar, bem como saídas à rua, senão para inevitáveis e inadiáveis compromissos.
Presença de criança no Culto As crianças devem, também, participar do Culto do Evangelho no Lar. Nesses casos, os adultos descerão os comentários ao nível de entendimento delas.
Recomenda-se a leitura, como subsídio, dos capítulos 35 e 36 da obra "Os Mensageiros", do Espírito André Luiz, e "Evangelho em Casa", do Espírito Meimei, psicografadas pelo médium Francisco Cândido Xavier e editadas pela Federação Espírita Brasileira.Fonte: Setor de Ajuda do CVDEE (Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo).

Memórias de um Toxicômano

Drogas – da ilusão à realidade

O caminho pelo qual deveríamos passar era muito difícil. Em alguns lugares, escorria água por uma encosta lateral que tornava bastante escorregadias as pedras da trilha. Tomávamos bastante cuidado e nos apoiávamos uns nos outros.
Muitas horas se passaram e tínhamos caminhado bem pouco. Estávamos todos cansados. O ar era de difícil respiração, a atmosfera pesada, a paisagem seca, muito seca.
Mesmo com a umidade do caminho, a paisagem se formava por esqueletos de árvores secas. No chão, em volta, apenas terra e muita poeira, liberada ao sabor do vento. As rajadas de vento, quase sempre repentinas e inesperadas, eram assustadoras.
Prosseguíamos, no entanto, certos de nosso objetivo e dispostos a realizá-lo.
Luzia seguia sempre à frente do grupo. Conhecia todo o local e por ali caminhava como se estivesse em nossa colônia. De vez em quando, um grupo de espíritos passava por nós. Ou não nos viam, ou nos viam e não davam qualquer importância ao nosso grupo. Passavam direto, sem nenhuma palavra, sem nenhum gesto que pudesse determinar que nos observavam.
De quando em quando, fazíamos uma pausa para que pudéssemos descansar. O caminhar pesado e a respiração difícil nos extenuavam a musculatura. Parávamos, tomávamos água e logo seguíamos em frente.
Apenas Luzia e os lanceiros que acompanhavam o nosso grupo pareciam não se cansar. Prosseguiam sempre, como se estivessem passeando.
Quando parávamos, os lanceiros se colocavam em posição de guarda em nosso redor, o que nos fazia crer que corríamos algum perigo ali. Luzia, por sua vez, abria alguns mapas e se punha a consultá-los. Media determinados pontos com uma espécie de régua.
Logo nos refazíamos e a excursão seguia rumo ao seu objetivo, para uma idêntica parada logo mais.
Por mais que caminhássemos, parecia que estávamos no mesmo lugar. A paisagem não mudava. Só o cansaço cada vez era maior.
Em determinado momento, chegamos ao alto de uma encosta bastante íngreme. Olhávamos para baixo, mas nada conseguíamos enxergar. Sequer tínhamos idéia da profundidade da topografia daquele local.
A cerração era bastante forte. Tratava-se de uma névoa bastante escura, aparentemente pesada, que não nos permitia enxergar além de cinco metros.
Paramos para descansar novamente. Os lanceiros se colocaram em posição de guarda e, desta vez, Luzia não abriu o mapa, mas apenas desceu a encosta, até onde não pudemos observar. Demorou algum tempo. Quando voltou, reuniu a todos e esclareceu que estávamos quase chegando.
A Colônia do Pó ficava logo depois da encosta. A partir de agora, a vigilância deveria ser redobrada. Deveríamos nos manter permanentemente em oração e sempre juntos.
Nosso grupo se formava de cinco pessoas. Todos estávamos com medo de voltar àquele local onde, por muito tempo, tínhamos nos detido por nossas próprias realizações.
Tereza era uma garota algo tímida e estava um pouco amedrontada com a situação. Aliás, todos estávamos. Ela pouco conversava, e só o fazia para indagar sobre o caminho e sobre o que faríamos quando chegássemos lá.
Márcio já era mais falante. Mostrava ser bastante ansioso, estava um pouco amedrontado e extravasava tudo conversando. Sempre tinha algo a contar que se relacionava com a dificuldade vivenciada no momento, tentando mostrar segurança. No entanto, o que parecia ser segurança, era fuga da realidade. Márcio demonstrava um medo exagerado do momento em que chegaríamos lá. Por mais de uma vez confessou não estar preparado para, de novo, enfrentar aquele local, onde tanto havia sofrido.
Jorge era mais comedido. Falava pouco, mas demonstrava uma segurança quase invejada pelos demais. Como ele era o veterano da turma, víamos nele o nosso futuro, o que nos trazia bastante confiança para continuarmos a batalha que havíamos iniciado.
Karina ainda trazia muitas dúvidas. Não se lembrava muito do tempo em que havia passado por lá. Tinha uma remota lembrança do sofrimento por que passara. Isso a incomodava. Dizia que não sabia muito bem o que iria encontrar lá, e isso lhe causava medo. Medo do desconhecido. Mesmo assim, ela era muito solidária, auxiliava a todos e se preocupava com todos.
Eu, como principiante, não tinha muito que conversar. Nada conhecia do caminho, mas sabia muito bem o que iríamos encontrar na Colônia do Pó. Durante muito tempo tinha-me feito prisioneiro do vício. Iniciara ainda na Terra. Não foram poucos os que tentaram me auxiliar, para que eu modificasse minha vida. Mas nada adiantou. Usando droga como ninguém, fiz da minha vida uma droga. Mas nada percebia. Sempre me achava o maior, o único que conhecia as belezas da vida e a felicidade. Para falar a verdade, eu chegava a sentir pena das pessoas que não usavam droga. Entendia que a vida delas era uma chatice e que nada aproveitavam. E eu não perdia tempo, sempre enfiado na droga, até que um dia meu coração não suportou mais. Era muita droga para aquela máquina já enfraquecida pelo abuso dos últimos anos.
O coração pifou, mas eu fiquei ali. Nem percebi que já não tinha mais um corpo. Também, isso não era importante. O importante era que eu estava sempre junto da turma, e consumindo droga. Para falar a verdade, era até melhor. Depois do meu desencarne, diminuiu muito aquele mal-estar do dia seguinte, único senão que a droga nos proporcionava.
A vida continuava, até que comecei a perceber que as coisas haviam se modificado em minha casa. Meu quarto havia sido desmontado, a decoração havia mudado. Todos os eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos que haviam sumido voltaram para os seus lugares. Até mesmo a aliança de minha mãe ficava dando sopa na pia do banheiro.
Era a minha vez. Com tudo tão fácil, tão à disposição, era só arrumar um comprador e partir para uma noite de arromba.
Mas havia algo mais que estava estranho em minha casa. Minha mãe limpava a casa, fazia o almoço sempre sorrindo e cantando. Já não era mais aquela mulher triste e assustada de tempos atrás. Quando meu pai chegou, tive certeza de que algo havia mudado. Longe daquele mau humor que eu conhecia, ele exibia um largo sorriso nos lábios e entrou em casa brincando com todos e convidou a família para jantar fora.
Meus irmãos estavam no sofá da sala, também aparentemente felizes. Era tudo alegria.
Achando tudo muito estranho, comecei a pensar no que poderia ter ocasionado aquela mudança tão radical em minha casa. Depois de muito pensar, cheguei à única conclusão possível para mim, naquele momento. Enfim, minha família havia me escutado. Descobriram, finalmente, as delícias de uma fileira de cocaína1 ou de uma tragada em um bom cigarro de maconha.2 Só podia ser isso, já que eles estavam tão felizes e cordatos.
Já que haviam entrado na minha, fui conversar com eles. E foi só aí que eu descobri que eles não me ouviam. Agiam como se eu nem estivesse ali.
Fui ficando desesperado e resolvi passar a mão em um aparelho de som para comprar um pouco de coca. Descobri, então, que algo mais estava estranho em minha casa. Por mais que me esforçasse, não conseguia sequer erguer o aparelho de som e fiquei desesperado e saí correndo.
Corri em direção aos meus amigos, já que tinha certeza de que ali a droga não me faltaria. A noite estava apenas começando. Ainda estava todo mundo “de cara”.3 Aguardavam a chegada da droga que um amigo da turma havia saído para buscar.
Tentei conversar com os amigos até que a droga chegasse e percebi que também eles não me ouviam.
Não sabia o que estava acontecendo, não conseguia equilibrar a mente. Como sempre, diante de um momento difícil, precisava desesperadamente de droga.
Já estava quase me debatendo pela falta da droga quando José chegou. Disse que sabia de um lugar onde todos poderiam me ouvir e onde nunca faltaria droga. Convidou-me para acompanhá-lo. Como eu não tinha nada a perder, ou pelo menos pensava assim, acompanhei-o.
Achei o caminho um pouco estranho, mas não demorou muito para que chegássemos à Colônia do Pó.
Num primeiro momento, mal pude observar onde me encontrava. Três mulheres bonitas vieram ao meu encontro e me ofereceram uma fileira de cocaína. Coloquei-me avidamente sobre ela e não parei de aspirar enquanto havia ali um grãozinho.
Agora estava melhor, estava senhor de mim. Naquele dia, tudo e todos haviam conspirado contra mim. Nem mesmo meus amigos de roda haviam me dado bola. Mas, pensava eu, quem usa droga nunca se aperta, sempre encontra uma porta aberta. E mais uma vez entreguei-me às drogas, com a certeza de que era a única coisa capaz de me trazer felicidade.
Foi uma noitada e tanto. Aliás, acho que emendamos várias noites e vários dias sem parar. Tudo era maravilhoso.
Eu não sabia de onde estava vindo tanta droga, mas o que importava isso? O importante é que eu havia encontrado novos amigos que me compreendiam e que sabiam viver, assim como eu. Mas, principalmente, era importante o fato de ter muita droga para ser consumida.
Até hoje, quando isso me vem à memória, não consigo mensurar quanto tempo nós ficamos assim. Poderiam ser dias, meses, anos... Eu perdi completamente a noção do tempo.
Nunca mais me lembrei de voltar para casa ou de reencontrar os meus velhos amigos. Depois daquilo ali, meus velhos amigos pareciam todos “caretas”.
Mas um dia José voltou. Aquele mesmo que me levara para ali e depois havia desaparecido. Disse-me que teria que pagar toda a droga que havia consumido e me apresentou uma conta astronômica. Jamais eu teria condições de pagar aquela conta, disse a ele.
Ele ainda me deu um prazo. Teria um mês para lhe pagar. Mas enquanto não tivesse pagado, não poderia consumir nem um só grama de pó.4 Só de pensar, comecei a ficar desesperado. Foi o pior mês da minha vida. Aliás, não sei se foi apenas um mês, já que para mim pareceram anos.
Eu já me encontrava no mundo espiritual há algum tempo e deveria saber que lá não existe moeda em circulação. No entanto, a necessidade da droga era tanta que eu não tinha condições de raciocinar e perceber a impossibilidade de cumprir o pagamento que me fora exigido. A idéia da droga era fixa em minha mente e não deixava espaço para mais nada.
Eu me debatia pelo chão, machucando-me todo. Monstros enormes corriam atrás de mim e eu corria feito um desesperado. Quando conseguia me livrar de um, outro me aparecia. Outras vezes, eu via uma fileira de cocaína sobre uma pedra. Corria para ela, mas quando estava prestes a alcançá-la, uma rajada de vento espalhava todo o pó. Eu ficava batendo minha mão pelo ar na esperança de recolher um pouco do pó espalhado pelo vento. Como não conseguia, me desesperava. Começava a rolar pelo chão, enfiava os dedos na terra, tentando cavar, não sei o quê, até que me feria todo. Minha roupa já era apenas retalhos que não chegavam sequer a cobrir as partes genitais. Quando a crise estava por se acalmar, um outro monstro tentava me pegar e saía eu correndo de novo.5
Foi assim durante todo o tempo. Nenhum minuto de sossego e, muito menos, de sono. A minha vida se tornou um pesadelo. E cada vez mais acreditava que a felicidade estava na droga.
Quando José voltou, eu estava um farrapo. Mal conseguia parar de pé para conversar com ele. Apresentou-me novamente a conta e eu disse que não tinha arrumado nada, que poderia arrumar, mas que precisava urgentemente de um pouco de cocaína.
Foi aí que ele me propôs um acordo. Eu trabalharia para ele e nunca me faltaria a cocaína de que eu necessitasse. E mais, ele me perdoaria a dívida anterior. Ao fazer a proposta, já tinha um papelote de cocaína na mão. Caso eu aceitasse, disse ele, já poderia consumi-lo ali mesmo. Mas fez questão de me dizer que exigia fidelidade no trabalho, que eu deveria cumprir as ordens à risca e manter-me sempre fiel à organização que ele representava. De outra forma, o acordo se acabaria e eu nunca mais veria um grama sequer de cocaína.
Nem titubeei. Aceitei a proposta sem pestanejar e sequer indaguei em que consistiria o meu trabalho. Não estava em condições de pensar em qualquer outra coisa que não fosse a droga, e pus-me a consumi-la avidamente.
Depois, acompanhei José e minha vida se modificou totalmente.

DESGOSTO DA VIDA?UMA REFLEXÃO SOBRE O SUICÍDIO

Refletindo sobre a questão 945 de "O Livro dos Espíritos" que pensar do suicídio que tem por causa o desgosto da vida? Os Espíritos responderam: "Insensatos! Por que não trabalhavam? A existência não lhes seria uma carga!"
Sabemos que o suicida, além de sofrer no mundo espiritual as dolorosas conseqüências de seu gesto impensado de revolta diante das leis da vida, ainda renascerá com todas as seqüelas físicas daí resultantes, e terá que arrostar novamente a mesma situação provacional que a sua flácida fé e distanciamento de Deus não lhe permitiu o êxito existencial.
É preciso ter calma para viver, até porque não há tormentos e problemas que durem para sempre. Recordemos que Jesus nos assegurou que "O Pai não dá fardos mais pesados que os ombros".
O suicídio é a mais desastrada maneira de fugir das provas ou expiações pelas quais devemos passar. É uma porta falsa em que o indivíduo, julgando libertar-se de seus males, precipita-se em situação muito pior. Arrojado violentamente para o Além-túmulo, em plena vitalidade física, revive, intermitentemente, por muito tempo, os acicates de consciência e sensações dos derradeiros instantes, e fica submerso em regiões de penumbras onde seus tormentos serão importantes, para o sacrossanto aprendizado, flexibilizando-o e credenciando-o a respeitar a vida com mais empenho.
A religião, a moral, todas as filosofias condenam o suicídio, como contrário às leis da Natureza. Todas asseveram, em primeiro, que ninguém tem o direito de abreviar voluntariamente a vida. Entretanto, por que não se tem esse direito? Por que não é livre o homem de pôr termo aos seus sofrimentos? Ao Espiritismo estava reservado demonstrar,pelo exemplo dos que sucumbiram, que o suicídio não é uma falta somente por constituir infração de uma lei moral, consideração de pouco peso para certos indivíduos, mas também um ato estúpido, pois que nada ganha quem o pratica, antes o contrário é o que se dá, como no-lo ensinam, não a teoria, porém os fatos que ele nos põe sob as vistas."
Não há como falar do assunto sem evocarmos o sociólogo Emile Durkheim, que afirma existirem homens capazes de resistir a desgraças horríveis enquanto outros se suicidam depois de aborrecimentos ligeiros. Seria importante investigar a causa desta resistência diversa e o que contribui para essa estrutura maior ou menor.Interessante anotar que é nas épocas em que a vida é menos dura que as pessoas a abandonam com mais facilidade.
Considerada a doença do século, responsável por muitos dos suicídios, a depressão tem preocupado os especialistas. Os psiquiatras estimam que de cada grupo de 100 pessoas, 15 tem a probabilidade de desenvolver a depressão. E um distúrbio que ocorre por causa da alteração de substâncias como a serotonina e a noroadrenalina. O quadro depressivo é gerado por mudanças na produção e utilização dos neurotransmissores cerebrais (noradrenalina, interferona, serotonina e dopamina). Quando sua produção ou forma de produção se altera pode gerar a depressão e daí para o suicídio é uma porta escancarada.
E o suicida é, antes de tudo, o deprimido, e a depressão é a doença da modernidade. O suicida não quer matar a si próprio mas alguma coisa que carrega dentro de si e que sinteticamente pode ser nominado de sentimento de culpa e vontade de querer matar alguém com quem se identifica. Como as restrições morais o impedem, ele acaba se autodestruindo. Assim "o suicida mata uma outra pessoa que vive dentro dele e que o incomoda profundamente".
A obsessão poderia ser definida como um constrangimento que um indivíduo, suicida em potencial ou não, sente, graças à presença perturbadora de um ser espiritual. Vale a pena ler a descrição feita por Allan Kardec, em "O Livro dos Médiuns." (cap. 23, 44º, ed. FEB, RJ, 1981)
Diversas são as obras que comentam o assunto, assim temos como exemplo "O Martírio dos Suicidas", de Almerindo Martins de Castro, e "Memórias de um Suicida", de Yvonne A. Pereira. Por outro lado não podemos esquecer que Allan Kardec, no livro "O Céu e o Inferno" ou "A Justiça divina segundo o Espiritismo", deixa enorme contribuição em exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual e, especificamente, no capítulo V da Segunda parte, onde aborda a questão dos suicidas.
É verdade que após a desencarnação, não há tribunal nem Juízes para condenar o espírito, ainda que seja o mais culpado. Fica ele simplesmente diante da própria consciência, nu perante a si mesmo e todos os demais, pois nada pode ser escondido no mundo espiritual, tendo o indivíduo de enfrentar suas próprias criações mentais.
Jorge Hessen - Distrito FederalArtigo publicado na Revista "O Espírita"Dezembro de 2004 - Ano XXVII - Nº 118

segunda-feira, 4 de maio de 2009

As Sete Lágrimas de um Preto Velho.

Pitando o seu cachimbo, que um triste preto velho, chorava.
De seus olhos molhados, esquisitas lágrimas desciam-lhe pelas faces, não sei porque contei-as...foram sete. Na incontida vontade de saber, aproximei-me e o interroguei. Fala meu Preto Velho, diz ao teu filho por que externas assim tão visível dor? E ele, suavemente respondeu:- Estás vendo esta multidão que entra e saaí? As lágrimas contadas estão distribuídas a cada uma dela.
- A primeira, eu dei a estes indiferentes que aqui vem em busca de distração, na curiosidade de ver, bisbilhotar, para saírem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber...
- A segunda, a esses eternos duvidosos quee acreditam desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos negam.
- A terceira, foi para esses que crêem, poorém numa crença cega, escrava de interesse estreitos. São os que vivem eternamente tratando de “casos” nascentes uns após outros...
- A quarta, distribui aos maus, aqueles que somente procuram a Umbanda em busca de vingança, desejando sempre prejudicar a um dos seus semelhantes. Eles pensam que nós os Guias, somos veículos de suas malesas, paixões , e temos obrigação de fazer o que pedem... pobres almas, que das brumas (escuridão) ainda não saíram.
- A quinta, aos frios e calculista – não crêem, nem descrêem, sabem que existe uma força espiritual, e procuram beneficiar-se dela de qualquer forma, e não conhecem a palavra gratidão, negarão amanhã até que conheceram uma casa de Umbanda... Chegam suave, com risos, o elogio na flor dos lábios,são fáceis, muito fáceis, mas se olharem bem o seu semblante, verão escrito: "Creio na tua Umbanda, nos teus caboclos e no teu Zamby, mas somente se vencerem o meu caso ou me curarem disso ou daquilo."
- A sexta, eu dei aos fúteis que vão de centro em centro, não acreditando em nada, buscam aconchegos e conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente, sei bem o que eles buscam.
- A sétima, filho, nota como foi grande e como deslizou pesada: Foi a última lágrima, aquela que vive nos "olhos" de todos os Orixás. Fiz a doação dessas aos médiuns vaidosos, cheios de empáfia (orgulho, soberba), para que eles lavem suas máscaras, e todos posam vê-los como realmente são... “Cegos, guias de Cegos”, andam se exibindo c/ a Banda, tal qual mariposas em torno da luz; essa luz que eles não conseguem VER, porque só visam a exteriorização de seus próprios egos. Olhai-os bem, veja como suas fisionomias são turvas e desconfiadas; observe que quando falam “doutrinando”; suas vozes são ocas, dizem tudo de “cor e salteado”, numa linguagem sem calor, estão aferrados ao conforto da matéria e a gula do vil metal. Eles não tem convicção.
Assim, filho meu, foi para esses todos, que vistes cair, uma a uma as sete lágrimas de Preto Velho!

Cada Dia / Pensa e Nota

Em tempo algum, não digas
que não podes ser útil.
Faze de cada dia
Um poema de fé.
Podes ser a esperança
dos que jazem na angústia.
Uma frase de luz
Ergue os irmãos caídos.
Terás, quanto quiseres,
A prece que abençoa.
Para espalhar o bem,
Basta o apoio de Deus.
Emmanuel.

Pensa e Nota

Se te queixas do pouco
que te garante a vida.
Pensa na criancinha
que adormeceu com fome;
No amigo sem trabalho
vendo os filhos sem pão;
Na mulher esmolando
para o filho doente;
Reflete nos que sofrem
muito mais que nós mesmo.
E, meditando em ti,
darás graças a Deus.

Decálogo para Estudos Evangélicos

1- Peça a inspiração divina e escolha o tema evangélico destinado aos estudos e comentários da noite.
2- Não fuja ao espírito do texto lido.
3- Fale co naturalidade.
4- Não critique, a fim de que a sua palavra possa contribuir para o bem.
5- Não pronuncie palavras reprováveis ou inoportunas, suscetíveis de criar imagens mentais de tristeza, ironia, revolta ou desconfiança.
6- Não faça leitura, em voz alta, além de cinco minutos, para não cansar os ouvintes.
7- Converse ajudando aos companheiros, usando caridade e compreensão.
8- Não faça comparações, a fim de que seu verbo não venha ferir alguém.
9- guarde tolerância e ponderação.
10- Não retenha indefinidamente a palavra; outros companheiros precisam falar na sementeira do bem.

Mediunidade e Evolução

Em Jesus, encontramos as luzes eternas do amor, nos concitando a servir e passar, ama, desculpando, ajudar e seguir à frente.
Em Kardec, temos a chave do conhecimento, dilatando as possibilidades de ver, observar, discernir e nos orientar.
A sentença é do Cristo: "Aquele que perseverar até o fim será salvo."
A constância, na atividade mediúnica, é fator de suma relevância.
Médium inconstante, volúvel, saltitante, ora aqui, ora acolá, semanas no trabalho, meses na ociosidade, não inspira confiança nem aos Mentores Espirituais, nem aos companheiros de tarefa.
Os obreiros do Senhor necessitam de instrumentos firme, abnegados, valorosos na fé, perseverantes, sem embargo das limitações comuns a todos nós, mas esforçados em sua remoção.
O médium disciplinado obterá ótimos frutos em sua tarefa.
Lugar e hora certos, para o trabalho.
Assiduídade e pontualidade.
Respeito à Codificação e apreço aos Instrutores Espirituais.
Constitui qualidade essencial, nas tarefas, a boa vontade. O médium que não a tem, torna o trabalho vazio inseguro. Sem objetivo.
A mediunidade, via de regra, é oportunidade para o resgate do passado, com a consequente correção das próprias deficiências.
Erros e desajustes, débitos e gravames remotos são facilmente equacionáveis no serviço ao próximo.
Mediunidade, em síntese, é obra de reabilitação.

domingo, 3 de maio de 2009

Mediunidade


A teoria espírita - segundo a qual os indivíduos denominados médiuns possuem uma aptidão especial para servirem de intermediários entre os mundos físico e espiritual. Esta é a teoria predominante, que hoje em dia domina as atenções, explica a maioria dos fatos e é plenamente confirmada pelas realidades. Não nega que haja fenômenos de psiquismo individual, da animismo, como se costuma dizer; estes são também fenômenos de mediunismo, que reforçam a teoria espírita e em nada lhe afetam a autenticidade científica.

As próprias Escrituras dão a mediunidade como uma herança do homem, desde que se edifique no campo da vida moral.

Nas épocas em que a humanidade vivia no regime patriarcal, de clãs ou de tribos, a mediunidade era atribuída a poucos, que exerciam um verdadeiro reinado espiritual sobre os demais.

Passou depois para os círculos fechados dos colégios sacerdotais, criando castas privilegiadas de inspirados e, por fim, foi se difundindo ente o povo, dando nascimento aos videntes, profetas, adivinhos e pitonisas, que passaram, por sua vez, a exercer inegável influência nos meios em que atuavam.

Na Ìndia como na Pérsia, no Egito, Grécia ou Roma, sempre foi utilizada coomo fonte de poder e de dominação, e tão preciosa, que originou a circunstância de somente ser concedida por meio de iniciação a poucos indivíduos de determinadas seitas e fraternidades. Somente após o advento do espiritismo, as práticas mediúnicas se popularizaram e foram postas ao alcance de todos, sem restrições e sem segredos.

A Bíblia, ela mesma, está cheia de semelhabtes manifestações, todas obtidas por meio da mediunidade. No Velho Testamento vemos os profetas, videntes e audientes inspirados, que transmitem ao povo a vontade dos Guias e, de todas as formas de mediunidade parece mesmo que a mais generalizada era a de vidência. Samuel, no Livro I, cap. 9, v.9, assim o demonstra, quando diz: "Dantes, quando se ia consultar a Deus, dizia-se vamos ao vedente; porque os que hoje se chamam profetas chamava-se videntes". Quer maior exemplo de fenômeno de incorporação que revelado por Jeremias - o profeta da paz - quando, tomado pelo espírito, pregava pelas ruas contra a guerra aos exércitos de Nabucodonosor! E que outro maior, de vidência no tempo, que o demonstrado por João escrevendo o Apocalipse! E como é notável de se observar que, nos remotos tempos do Velho Testamento, os fenômenos, em si mesmo, em quase nada diferiam, como dissemos, dos atualmente observados por nós.

Basta dizer os médiuns de transporte: IV Reis VI, 6; os de levitação: Ez. III, 14,15 e Atos VIII, 39,40 os de excrita direta: Êxodo XXXII 15,16 e XXXIV, 28; os fenômenos luminosos: XXXIV, 29,30 - além de muitos outros que seria longo enumerar.

Que foi Pentecoste senão a outorga de faculdades mediúnicas aos apóstolos e discípulos? Justamente por exercerem francamente a mediunidade, é que sabiam de seus perigos, dos cuidados que sua prática exigia, e sobre isso chamavam a atenção de seus discípulos.

João 14:26, 16:7 - Atos 1:2,3,5,8,9,10,11,16 - 2:4,38,39 - 4:31 - 9:17 - 10:44 - 11:15 - 13:52 - 19:6 - 20:23 - Romanos 5:5 -15:19 - Cor.12.