sexta-feira, 8 de julho de 2011

Visão Espírita sobre o Batismo

                                                      “Porque Cristo enviou-me, não para batizar,
                                                                                              mas para evangelizar”.
                              
     O batismo é necessário à salvação da alma ou do espírito? Qual é a posição do espiritismo sobre essa prática religiosa? Estas são perguntas que muitos fazem, com freqüência.
     Reitere-se que o espiritismo não adota como prática religiosa o batismo, o casamento, a extrema-unção e outras formas de rituais ou de culto exterior, muitos deles herdados do paganismo e de outras culturas religiosas da Antigüidade (item 5.3. Religião).
     Relativamente ao batismo, julgamos por bem estendermo-nos um pouco sobre o assunto, porque este é um tema que desperta muito interesse nas pessoas, mesmo entre aquelas que não seguem religião alguma, considerando que há uma cultura arraigada de que a salvação da alma depende dessa prática exterior.
     A lógica repele a idéia simplista de que a renovação espiritual se dê com a simples aplicação de água em recém-natos ou adultos. Tais cerimônias eram compreensíveis nas épocas recuadas em que foram empregadas, destinadas a impressionar a memória dos aprendizes, ainda baldos de conhecimentos, sobre o valor da renovação interior, da transformação moral do espírito.
     A palavra “batismo” vem do latim baptismus, com o significado de imersão ou mergulho. A cultura do batismo tem suas raízes muito antes do advento do Cristo.
     Reza a tradição que foi João Batista, filho de Zacarias e Isabel, quem deu início à prática entre os judeus.
     Therezinha Oliveira, em sua obra Estudos Espíritas do Evangelho (Coleção: estudos e cursos), elucida que João Batista, anunciava a vida do Cristo e convidava o povo a ser arrepender dos seus pecados e, aos que o atendiam e se propunham a uma renovação moral, ele batizava (mergulhava nas águas do rio Jordão). Por essa prática, ficou conhecido como ‘o Batista’, ou seja, que batiza.(131).
     Logo se vê que o batismo era apenas a representação ou o testemunho público de arrependimento dos erros e do propósito de se corrigir, isto é, de se “lavar dos pecados”.
     Segundo a tradição bíblica, Jesus, que provinha de família judaica, deixou-se batizar com água por João Batista, talvez para não afrontar ou chocar os costumes dos seguidores das leis mosaicas, mas sabia da puerilidade desse costume, tanto que não batizou ninguém.
     Como adverte Therezinha de Oliveira, na obra mencionada, os próprios apóstolos, que a princípio batizavam, com o tempo e a convivência com Jesus abandonaram essa prática, passando a entender que o batismo verdadeiro é o “Batismo do Espírito Santo”, consistente na sintonia com os Benfeitores do mundo espiritual, e o “Batismo de Fogo”, isto é, as provas que experimentavam na prática do bem, no serviço ao próximo e com vistas ao próprio burilamento individual. (132).
     Quando Jesus falava em “batizar”, no Evangelho, ele não se referia à solenidade conhecida de nós, mas sim do “batismo das dificuldades” que o progresso espiritual exige de cada um de nós para atingir a perfeição.
     Novamente tomamos de empréstimo o estudo precioso de Therezinha de Oliveira, que arremata, em seus ensinos: Jesus, que os ensinou a adorar a Deus “em espírito e em verdade”, jamais instituiu fórmulas materiais nem designou lugares especiais para o culto do Criador.
Mas, pela pouca evolução, muitas pessoas acham falta de um meio material para expressar, tornar concretos os fatos espirituais. Foi assim que, em vez de conservarem a pureza e a simplicidade do Cristianismo, em vez de abolirem as antigas práticas externas de culto, acabaram por infiltrar no Cristianismo rituais, fórmulas, vestes especiais, etc. E o batismo de água, em vez de extinguir, assumiu uma importância maior (que não tinha), perdendo-se o seu significado espiritual, que era: a necessidade de arrependimento e desejo de renovação. (133).
     Enfim, esta preocupação com o batismo, sem qualquer demérito às religiões que adotam esta e outras práticas exteriores, deve passar longe do pensamento do espírita convicto, o qual precisa fazer todos os esforços para, vencendo a influência do meio, se desvencilhar desses atavismos religiosos, sob pena de perpetuar costumes arraigados que em nada contribuem para a sua emancipação como espírito imortal.
     Em vez de se preocupar em batizar seus filhos, o espírita deve matricular-se e a seus filhos nos cursos de evangelização oferecidos, a todas as faixas etárias, pela Casa de Oração, com vistas a obter o seu esclarecimento e de seus familiares a respeito das Leis Divinas que nos regem.
Fonte: Livro Espiritismo passo a passo com Kardec
Autor: Christiano Torchi