quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Tolerância - Depressão - A Sabedoria do Perdão

TOLERÂNCIA
O melhor meio de adquirir a tolerância é buscar compreender os motivos que levam as pessoas a agir de determinadas formas conosco.
Quase sempre são conflitiadas, frustradas, infelizes e que provavelmente não tiveram as oportunidades que tivemos para crescer psicologicamente.
Entender essas atitudes, sem ser coniventes com os seus erros, é ação coerente do cristão de hoje, em busca do próprio equilíbrio pessoal.


DEPRESSÃO
Resista às tristezas que lhe rondam os passos, buscando identificar-lhes as nascentes.
A depressão quase sempre decorre do desalento que se instala e não é detectado a tempo de evitar o mal maior.
As alegrias saudáveis, principalmente as provenientes da caridade exercida e do amor repartido, são antídotos excelentes contra os prejuízos causados pela depressão.
Observe-se, atento, e reaja com energia ao seu primeiro sinal!

A SABEDORIA DO PERDÃO
Perdoar é atitude sábia.
Quando você perdoa, você se liberta psicologicamente do fato e do ofensor, aos quais permaneceria vinculado pela mágoa ou pelo ódio.
O perdão liberta e os seus passos continuarão o caminho do futuro, porque pacificado e repleto de harmonia interior.
Perdoar denota mais coragem do que revidar.
Seja corajoso e perdoe o quanto antes aliviando-se do penoso fardo do desgosto e da mágoa...

Cremação

De quando em quando, amigos da Terra nos inquirem com respeito aos resultados possíveis da cremação que tenhamos porventura experimentado após o afastamento do corpo denso.
E efetivamente o assunto se reveste de significação e proveito, pelas repercussões do processo crematório no plano espiritual.
Por muito se examine, no mundo, a presença da morte física, conferindo-se-lhe foros de igualdade em quaisquer circunstâncias, o óbito não é idêntico no caminho de todos.
Qual ocorre no berço, quando o renascimento estabelece condições diferentes, do ponto de vista orgânico, para cada um de nós, a separação do veículo terrestre está revestida de características originais para cada indivíduo. Além da existência comum na Terra, nem todas as criaturas se observam imediatamente exoneradas da inquietação e do trauma, da ansiedade ou do apego exagerado a si próprias.
Temos companheiros que, na desencarnação pelo fogo se liberam de improviso de qualquer conexão com os recursos que usufruíram na experiência material. Entretanto, encontramos outros, em vasta maioria, que embora a lenta desencarnação progressiva que atravessaram, se reconhecem singularmente detidos nas impressões e laços da vida material, notadamente nas primeiras cinqüenta horas que se seguem à derradeira parada cardíaca no carro fisiológico. Fácil observar, em vista disso, que o período de espera, no espaço razoável de setenta e duas horas, entre o enrijecimento do corpo físico e a cremação respectiva, é tempo valioso para a generalidade de todos aqueles que se encontram em trânsito de uma vida para outra.
Isso é compreensível porque se muitos irmãos dispensam semelhante cuidado, desde os primeiros instantes de silêncio no cérebro, outros, aos milhares, se observam vinculados aos tecidos inertes de que já se desvencilharam, no anseio, embora vão, de revivescê-los. À face do exposto, nós, os amigos desencarnados, nada poderíamos aventar fundamentalmente contra a cremação. No entanto, entendendo que os nossos amigos - os homens da Esfera Física - ainda não dispõem de instrumento para analisar os graus de extensão e de intensidade do relacionamento entre o espírito recém-desencarnado e os resíduos sólidos que lhes pertenceram no mundo, consideramos justo que se lhes rogue o citado período de repouso, a favor dos chamados mortos, em câmara fria que lhes conserve a dignidade da forma. Depois disso o sepultamento ou a cremação nada mais representam, para a alma, que a desagregação mais lenta ou mais rápida das estruturas entretecidas em agentes físicos, das quais se libertou.

Do livro: Caminhos de Volta
Pelo Espírito: Emmanuel
Psicografia: Francisco Cândido Xavier

O Maior Ensinamento

A Espiritualidade Superior jamais deixou de assistir a Humanidade. Em todas as épocas, enviou missionários para orientá-la no caminho moral e para auxiliar o progresso das Ciências e das Artes: Krishna, Fo Hi, Lao Tsé, Confúcio, Buda, Pitágoras, Abraão, Moisés, Hermes, Sócrates, Platão, Fídias, Arquimedes, Cícero, Sêneca e numerosos outros registrados ou não pela História.
Com a civilização greco-romana a humanidade atingiu maturidade espiritual e cultural que lhe permitiu iniciar novo ciclo evolutivo.
Havia superado os grandes períodos do despertar da vida, da conquista da irritabilidade, da sensação, do reflexo, do instinto, da inteligência e da razão. Era chegado o momento do aperfeiçoamento do espírito.
Era chegada a hora de orientá-la a poder caminhar com segurança para destinos mais elevados, através de ensinamentos morais.
Para indicar o novo rumo, encarnou entre os homens o maior de todos os missionários, o Messias esperado pelo povo hebreu, o mais perfeito espírito que os terráqueos conheceram. Encarnou o "Cristo Planetário": Jesus, filho de Maria e José, em Belém da Judéia.
Jesus não foi apenas um legislador moralista: sua autoridade decorria da natureza excepcional do seu espírito e da natureza divina de sua missão - como refere Allan Kardec, em "O Evangelho Segundo o Espiritismo".
Ensinou o caminho que é a verdade e a vida. Seus conselhos morais, admirados por toda a humanidade, estão marcados indelevelmente nos Evangelhos escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João.
Jesus revelou um Deus bom e justo; sua moral era repleta de amor, caridade e humildade: Bem-aventurados os pobres de espírito (os humildes), os puros de coração, os brandos e os pacíficos, os misericordiosos; amai ao próximo e aos próprios inimigos; fazei ao próximo o que quereríeis que vos fizessem; perdoai sempre; praticai o bem sem exibicionismo; não julgueis a ninguém; sede severos com vós próprios; amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos.
Condenou o ódio, o egoísmo, o orgulho, a vaidade, a injustiça, a inveja, a prepotência, a revolta e a vingança.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A Idade de ser Feliz

Existe somente uma idade para a gente ser feliz,
somente uma época na vida de cada pessoa
em que é possível sonhar e fazer planos
e ter energia bastante para realizá-las
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente
e desfrutar tudo com toda intensidade
sem medo, nem culpa de sentir prazer.

Fase dourada em que a gente pode criar
e recriar a vida,
a nossa própria imagem e semelhança
e vestir-se com todas as cores
e experimentar todos os sabores
e entregar-se a todos os amores
sem preconceito nem pudor.

Tempo de entusiasmo e coragem
em que todo o desafio é mais um convite à luta
que a gente enfrenta com toda disposição
de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO,
e quantas vezes for preciso.

Essa idade tão fugaz na vida da gente
chama-se PRESENTE
e tem a duração do instante que passa.

desconhecido

Mensagens de Otimismo

Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque esta escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e beneficio de todos, aceite-o e viva-o.

Buda


Não deixe de acreditar no amor, mas certifique-se de estar entregando seu coração para alguém que dê valor aos mesmos sentimentos que você dá, manifeste suas idéias e planos, para saber se vocês combinam, e certifique-se de que quando estão juntos aquele abraço vale mais que qualquer palavra...

Luís Fernando Veríssimo

Frases de Otimismo

"Não preciso me drogar para ser um gênio... Não preciso ser um gênio para ser humano... Mas preciso do seu sorriso para ser feliz.". Charles Chaplin

"Já perdoei erros quase imperdoáveis, tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis. Já fiz coisas por impulso, já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas também decepcionei alguém. Já abracei para proteger, já dei risada quando não podia, fiz amigos eternos, amei e fui amado, mas também fui rejeitado, fui amado e não amei. Já gritei e pulei de tanta felicidade, já vivi de AMOR e quebrei a cara muitas vezes! Já CHOREI ouvindo música e vendo fotos, já liguei só para ouvir a voz, me apaixonei por um sorriso, já pensei que fosse morrer de tanta saudade, tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo)! Mas vivi!Viva! Não passo pela vida... você também não deveria passar! Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida e viver com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante." Charles Chaplin

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A ÁGUIA

A águia é a ave que possui a maior longevidade da espécie.
Chega a viver 70 anos.
Mas para chegar a essa idade, aos 40 anos ela tem que tomar uma séria e difícil decisão.
Aos 40 anos ela está com:
- As unhas compridas e flexíveis, não consegue mais agarrar as suas presas das quais se alimenta.
- O bico alongado e pontiagudo se curva.
Apontando contra o peito estão as asas, envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas, e voar já é tão difícil!
Então, a águia só tem duas alternativas:
Morrer Ou enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar 150 dias.
Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher em um ninho próximo a um paredão onde ela não necessite voar.
Então, após encontrar esse lugar, a águia começa a bater com o bico em uma parede até conseguir arrancá-lo.
Após arrancá-lo, espera nascer um novo bico, com o qual vai depois arrancar suas unhas.
Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas.
E só após cinco meses sai para o famoso vôo de renovação e para viver então mais 30 anos.

Autor desconhecido

A LIÇÃO DO BAMBU

Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada, Durante 5 anos, todo o crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu, Mas, uma maciça e fibrosa estrutura de raiz, que se estende vertical e horizontalmente pela terra está sendo construída.
Um escritor americano escreveu:
"Muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais ao bambu chinês":
ocê trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu crescimento,e, às vezes não vê nada por semanas, meses, ou anos.
Mas, se tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo, o seu 5º ano chegaráe, com ele, virão um crescimento e mudanças que você jamais esperava...
O bambu chinês nos ensina que não devemos facilmente desistir de nossos projetos,de nossos sonhos... especialmente no nosso trabalho, (que é sempre um grande projeto em nossas vidas)
É que devemos lembrar do bambu chinês, para não desistirmos facilmente diante das dificuldades que surgirão.
Tenha sempre dois hábitos:
Persistência e Paciência, pois você merece alcançar todos os sonhos!!!
É preciso muita fibra para chegar às alturas e, ao mesmo tempo, muita flexibilidade para se curvar ao chão.

Autor desconhecido

FOLHA EM BRANCO

Certo dia eu estava aplicando uma prova, os alunos, em silêncio tentavam responder as perguntas com uma certa ansiedade.

Faltavam uns 15 minutos para o encerramento e um aluno levantou o braço,se dirigiu a mim e disse:

- Professor, pode me dar uma folha em branco ?

Levei a folha até sua carteira e perguntei porque queria mais uma folha em branco.

Ele respondeu:

- Eu tentei responder as questões, rabisquei tudo, fiz uma confusão danada e queria começar outra vez.

Apesar do pouco tempo que faltava, confiei no rapaz, dei-lhe a folha Em branco e fiquei torcendo por ele.

Aquela sua atitude causou-me simpatia.

Hoje, lembrando aquele episódio simples, comecei a pensar quantas Pessoas receberam uma folha em branco, que foi a vida que DEUS lhe deu até agora, e só tem feito rabisco, confusões, tentativas frustradas e uma Confusão danada...

Acho que, agora, seria um bom momento para se pedir a DEUS uma folha Em branco; uma nova oportunidade para ser feliz.

Assim como tirar uma boa nota depende exclusivamente da atenção e Esforço do aluno, uma vida boa, também depende da atenção que dermos aos ensinamentos do professor nosso DEUS.

Não importa qual seja sua idade, condição financeira, religião, etc...

Levante o braço, peça uma folha em branco, passe sua vida a limpo.

Não se preocupe em tirar 10 (dez), ser o melhor, preocupe-se apenas em Ter a simpatia do Mestre.

Ele está mais interessado em quem pede ajuda, portanto, só depende de você.

Que o Senhor te abençoe, guarde a tua vida e te dê a Paz.

Autor desconhecido

VIVER É SHOW FANTÁSTICO

Você pode ter defeitos, viver ansioso, chorar e ficar irritado algumas vezes, mas não se esqueça de que sua vida é o maior tesouro do mundo.

Lembre-se sempre de que ser feliz não é ter um céu sempre azul, caminhos sem obstáculos, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem decepções.

Ser feliz É encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor mesmo nos desencontros.

Ser feliz Não é apenas valorizar o sorriso a alegria, mas também refletir sobre a tristeza.

Não é apenas comemorar as vitórias, mas aprender lições nos fracassos.

Não é apenas alegrar-se como os aplausos, mas encontrar alegria na escuridão.

Ser feliz É reconhecer que vale a pena viver a vida, apesar de todos os desafios, incompreensões nos períodos de crise basta saber aproveitar.

Ser feliz Não é uma sorte do destino, mas uma conquista de quem sabe viajar para dentro do seu eu interior.

Ser feliz É deixar de ser vítima ou réu nos problemas, é se tornar o autor da própria história.

Ser feliz É atravessar desertos, ser capaz de encontrar um oásis escondido em sua alma.

É agradecer a cada manhã pela vida.

Ser feliz É não ter medo dos próprios sentimentos e saber falar de si mesmo.

É ter coragem para ouvir um... "Não".

Ser Feliz É saber receber com segurança uma crítica, mesmo que seja injusta.

É beijar os filhos, é ter momentos poéticos com os amigos, mesmo que eles nos magoem.

É deixar viver a criança que cada um tem dentro de si.

Ser feliz É saber admitir quando errou e dizer "Eu errei".

É ser o primeiro a dizer "Me perdoe”

É ter sensibilidade para expressar

"O que você tem mais de profundo no coração".

É ter capacidade de dizer sem medo "Eu te amo".

Faça da sua vida um canteiro de oportunidades.

Que nas suas primaveras você seja amante da alegria.

Que nos seus invernos você seja amigo da sabedoria.

E finalmente Quando você desviar do caminho, comece tudo de novo.

Pois assim você terá cada vez mais amor pela vida e descobrirá que ser feliz não é ter uma vida perfeita.

Mas saber usar suas lágrimas para irrigar a tolerância.

Saber usar suas perdas para polir a paciência.

Saber usar suas falhas para construir a serenidade.

Saber usar os obstáculos para abrir as janelas da sabedoria.

Não desista nunca de si mesmo.

Não esqueça nunca as pessoas que te amam.

Não desista nunca de quem te ama.

Não desista nunca de ser feliz, pois...

A VIDA É UM SHOW FANTÁSTICO

Autor: S.Bernardelli

ENVELHEÇO

Envelheço quando me fecho para as novas idéias e me torno radical...
Envelheço quando o novo me assusta e minha mente insiste no comodismo...
Envelheço quando meu pensamento abandona a casa e retorna sem nada...
Envelheço quando me torno impaciente, intransigente e não consigo dialogar...
Envelheço quando penso muito em mim mesmo e me esqueço dos outros...
Envelheço quando penso em ousar mas temo o preço da ousadia...
Envelheço quando permito que o cansaço e o desalento tomem conta da minha alma...
Envelheço quando tenho chance de amar mas vence o medo de arriscar...
Envelheço quando paro de lutar...

FRASES DE PERSISTÊNCIA

É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas a graça das graças é não desistir nunca."
--Dom Hélder Câmara

Não é a força, mas a constância dos bons sentimentos que conduz os homens à felicidade."
--Friedrich Nietzsche

"A História tem demonstrado que os mais notáveis vencedores normalmente encontraram obstáculos dolorosos antes de triunfarem. Eles venceram porque se recusaram a se tornarem desencorajados por suas derrotas."
--B. C. Forbes

Para manter uma lamparina acesa, precisamos continuar colocando óleo nela.
--Madre Teresa

Transportai um punhado de terra todos os dias e farás uma montanha."
--Confúcio

"Ando devagar, mas nunca ando para trás."
--Abraham Lincoln

"Existem homens que lutam um dia e são bons; existem outros que lutam um ano e são melhores; existem aqueles que lutam muitos anos e são muito bons. Porém, existem os que lutam toda a vida. Estes são os imprescindíveis."
--Bertolt Brechet

"Fracassar depois de longa perseverança é muito mais sublime que nunca ter feito um esforço suficientemente bom para ser chamado de fracasso."
--George Eliot

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Humberto de Campos entrevista Judas Iscariotes

O consagrado escritor Humberto de Campos encontra em Jerusalém, às margens do Jordão, o até hoje incompreendido Judas Iscariotes. Com ele conversa sobre a condenação de Jesus e realiza esclarecedora entrevista, ditada a Chico Xavier, em Pedro Leopoldo, em 19 de abril de 1935. Leiamo-la.

Nas margens caladas do Jordão, não longe talvez do lugar sagrado, onde o Precursor batizou Jesus Cristo, divisei um homem sentado sobre uma pedra. De sua expressão fisionômica irradiava-se uma simpatia cativante.

- Sabe quem é este? - murmurou alguém aos meus ouvidos. - Este é Judas.

- Judas?!...

- Sim. Os espíritos apreciam, às vezes, não obstante o progresso que já alcançaram, volver atrás, visitando os sítios onde se engrandeceram ou prevaricaram, sentindo-se momentaneamente transportados aos tempos idos. Então mergulham o pensamento no passado, regressando ao presente, dispostos ao heroísmo necessário do futuro. Judas costuma vir a Terra, nos dias em que se comemora a Paixão de Nosso Senhor, meditando nos seus atos de antanho...

Aquela figura de homem magnetizava-me. Eu não estou ainda livre da curiosidade do repórter, mas entre as minhas maldades de pecador e a perfeição de Judas existia um abismo. O meu atrevimento, porém, e a santa humildade do seu coração ligaram-se para que eu o atravessasse, procurando ouvi-lo.

- O senhor é, de fato, o ex-filho de Iscariotes? - perguntei.

- Sim, sou Judas - respondeu aquele homem triste, enxugando uma lágrima nas dobras de sua longa túnica.
Como o Jeremias, das Lamentações, contemplo às vezes esta Jerusalém arruinada, meditando no juízo dos homens transitórios...

- E uma verdade tudo quanto reza o Novo Testamento com respeito à sua personalidade na tragédia da condenação de Jesus?

- Em parte... Os escribas que redigiram os evangelhos não atenderam às circunstâncias e as tricas políticas que acima dos meus atos predominaram na nefanda crucificação. Pôncio Pilotos e o tetrarca da Galiléia, além dos seus interesses individuais na questão, tinham ainda a seu cargo salvaguardar os interesses do Estado romano, empenhado em satisfazer as aspirações religiosas dos anciãos judeus. Sempre a mesma história. O Sanedrim desejava o reino do céu pelejando por Jeová, a ferro e fogo; Roma queria o reino da Terra. Jesus estava entre essas forças antagônicas com a sua pureza imaculada. Ora, eu era um dos apaixonados pelas idéias socialistas do Mestre, porém o meu excessivo zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu fundador. Acima dos corações, eu via a política, única arma com a qual poderia triunfar e Jesus não obteria nenhuma vitória. Com as suas teorias nunca poderia conquistar as rédeas do poder, já que, no seu manto e pobre, se sentia possuído de um santo horror à propriedade. Planejei então uma revolta surda como se projeta hoje em dia na Terra a queda de um chefe de Estado. O Mestre passaria a um plano secundário e eu arranjaria colaboradores para uma obra vasta e enérgica como a que fez mais tarde Constantino Primeiro, o Grande, depois de vencer Maxêncio às portas de Roma, o que, aliás, apenas serviu para desvirtuar o Cristianismo. Entregando, pois, o Mestre, a Caifás, não julguei que as coisas atingissem um fim tão lamentável e, ralado de remorsos, presumi que o suicídio era a única maneira de me redimir aos seus olhos.

- E chegou a salvar-se pelo arrependimento?

- Não. Não consegui. O remorso é uma força preliminar para os trabalhos reparadores. Depois da minha morte trágica, submergi-me em séculos de sofrimento expiatório da minha falta. Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus, e as minhas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial, onde, imitando o Mestre, fui traído, vendido e usurpado. Vítima da felonia e da traição, deixei na Terra os derradeiros resquícios do meu crime, na Europa do século XV Desde esse dia, em que me entreguei por amor do Cristo a todos os tormentos e infâmias que me aviltavam, com resignação e piedade pelos meus verdugos, fechei o ciclo das minhas dolorosas reencarnações na Terra, sentindo na fronte o ósculo de perdão da minha própria consciência...

- E está hoje meditando nos dias que se foram... - pensei com tristeza.

- Sim... estou recapitulando os fatos como se passaram. E agora, irmanado com Ele, que se acha no seu luminoso Reino das Alturas que ainda não é deste mundo, sinto nestas estradas o sinal de seus divinos passos. Vejo-O ainda na cruz entregando a Deus o seu destino... Sinto a clamorosa injustiça dos companheiros que O abandonaram inteiramente e me vem uma recordação carinhosa das poucas mulheres que O ampararam no doloroso transe... Em todas as homenagens a Ele prestadas, eu sou sempre a figura repugnante do traidor... Olho complacentemente os que me acusam sem refletir se podem atirar a primeira pedra... Sobre o meu nome pesa a maldição milenária, como sobre estes sítios cheios de miséria e de infortúnio. Pessoalmente, porém, estou saciado de justiça, porque já fui absolvido pela minha consciência no tribunal dos suplícios redentores.

Quanto ao Divino Mestre - continuou Judas com os seus prantos - infinita é a sua misericórdia e não só para comigo, porque, se recebi trinta moedas, vendendo-O aos seus algozes, há muitos séculos Ele está sendo criminosamente vendido no mundo a grosso e a retalho, por todos os preços, em todos os padrões do ouro amoedado...

- E verdade - concluí - e os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de vendê-LO.

Judas afastou-se tomando a direção do Santo Sepulcro e eu, confundido nas sombras invisíveis para o mundo, vi que no céu brilhavam algumas estrelas sobre as nuvens pardacentas e tristes, enquanto o Jordão rolava na sua quietude como um lençol de águas mortas, procurando um mar morto.

Aliança Espírita – Junho de 2000

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Olhar para Cima

CERTA VEZ UM JOVEM MARINHEIRO TEVE QUE SUBIR AO MASTRO DURANTE UMA TEMPESTADE.AS ONDAS LEVANTAVAM O BARCO PARA ALTURAS ESTONTEANTES E LOGO EM SEGUIDA JOGAVAM-NO PARA PROFUNDEZAS ABISMAIS O JOVEM MARUJO COMEÇOU A SENTIR VERTIGEM E ESTAVA QUASE CAINDO O CAPITÃO GRITOU:"MOÇO, OLHE PARA CIMA". DE MANEIRA DECIDIDA, O MARINHEIRO DESVIOU O OLHAR SEU OLHAR DAS ONDAS AMEAÇADORASE OLHOU PARA CIMA. ELE CONSEGUIU SUBIR COM SEGURANÇA E EXECUTAR A SUA TAREFA QUANDO OS DIAS DE TRIBULAÇÃO REVOLVEM A NOSSA VIDA, QUANDO AS TEMPESTADES DA VIDANOS CONFUNDEM, PERDEMOS O EQUILIBRIO E SOMOS AMEAÇADOS DE DESPENCAR. ENTRETANTO SE DESVIAR-MOS NOSSO OLHAR DOS PERIGOS E OLHARMOS PARA O AJUDADOR,SE BUSCARMOS A FACE DO SENHOR EM ORAÇÃO E AGARRAMOS A SUA PODEROSA MÃO, NOSSOCORAÇÂO SE AQUIETARÁ, RECEBEREMOS FORÇA E PAZ PARA PODERMOS EXECUTAR AS NOSSASTAREFAS EM MEIO AS TEMPESTADES E FINALMENTE SEREMOS VITORIOSOS. Autor desconhecido
Salmos, 138:7 - Se ando em meio à tribulação, tu me refazes a vida; estendes a mão contra a ira dos meus inimigos; a tua destra me salva.

Deuteronômio, 33:27 - O Deus eterno é a tua habitação e, por baixo de ti, estende os braços eternos; ele expulsou o inimigo de diante de ti e disse: Destrói-o.

Romanos 8:38-39 Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Corintios 10:13 Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.

II Corintios, 4:8,9 - Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos (...)

Isaías, 43:1 - Mas agora, assim diz o Senhor, que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.

Salmos, 5:12 - Pois tu, Senhor, abençoas o justo e, como escudo, o cercas da tua benevolência.

O Preço do Amor...

Uma tarde, um menino aproximou-se de sua mãe, que preparava o jantar, e entregou-lhe uma folha de papel com algo escrito. Depois que ela secou as mãos e tirou o avental, ela leu: - Cortar a grama do jardim: R$3,00 - Por limpar meu quarto esta semana R$1,00 - Por ir ao supermercado em seu lugar R$2,00 - Por cuidar de meu irmãozinho enquanto você ia àscompras R$2,00 - Por tirar o lixo toda semana R$1,00 - Por ter um boletim com boas notas R$5,00 - Por limpar e varrer o quintal R$2,00 - TOTAL DA DIVIDA R$16,00 A mãe olhou o menino, que aguardava cheio de expectativa. Finalmente, ela pegou um lápis e no verso da mesma nota escreveu: - Por levar-te nove meses em meu ventre e dar-te a vida - NADA - Por tantas noites sem dormir, curar-te e orar por ti - NADA - Pelos problemas e pelos prantos que me causastes - NADA - Pelo medo e pelas preocupações que me esperam -NADA - Por comidas, roupas e brinquedos - NADA - Por limpar-te o nariz - NADA - CUSTO TOTAL DE MEU AMOR - NADA Quando o menino terminou de ler o que sua mãe haviaescrito tinha os olhos cheios de lágrimas. Olhou nos olhos da mãe e disse: "Eu te amo, mamãe!!!" Logo após, pegou um lápis e escreveu com uma letraenorme: "TOTALMENTE PAGO". Assim somos nós adultos, como crianças, querendor recompensa por boas ações que fazemos. É difícil entender que a melhor recompensa é o AMOR que vem de Deus. E para nossa sorte é GRATIS. Basta querermos recebê-lo em nossas vidas! Que DEUS, abençôe todos vocês no dia de hoje (e sempre), e não devemos esquecer do AMOR universal que nos é cedido pelo PAI !

A Importância do Perdão

O pequeno Zeca entra em casa, após a aula, batendo forte os seus pés no assoalho da casa. Seu pai, que estava indo para o quintal para fazer alguns serviços na horta, ao ver aquilo chama o menino para uma conversa. Zeca, de oito anos de idade, o acompanha desconfiado. Antes que seu pai dissesse alguma coisa, fala irritado: - Pai, estou com muita raiva. O Juca não deveria ter feito aquilo comigo. Desejo tudo de ruim para ele. Seu pai, um homem simples mas cheio de sabedoria, escuta calmamente o filho que continua a reclamar: - O Juca me humilhou na frente dos meus amigos. Não aceito. Gostaria que ele ficasse doente sem poder ir à escola. O pai escuta tudo calado enquanto caminha até um abrigo onde guardava um saco cheio de carvão Levou o saco até o fundo do quintal e o menino o acompanhou, calado. Zeca vê o saco ser aberto e antes mesmo que ele pudesse fazer uma pergunta, o pai lhe propõe algo: - Filho, faz de conta que aquela camisa branquinha que está secando no varal é o seu amiguinho Juca e cada pedaço de carvão é um mau pensamento seu, endereçado a ele. Quero que você jogue todo o carvão do saco na camisa, até o último pedaço. Depois eu volto para ver como ficou. O menino achou que seria uma brincadeira divertida e passou mãos à obra. O varal com a camisa estava longe do menino e poucos pedaços acertavam o alvo. Uma hora se passou e o menino terminou a tarefa. O pai que espiava tudo de longe, se aproxima do menino e lhe pergunta: - Filho como está se sentindo agora? - Estou cansado mas estou alegre porque acertei muitos pedaços de carvão na camisa. O pai olha para o menino, que fica sem entender a razão daquela brincadeira, e carinhoso lhe fala: - Venha comigo até o meu quarto, quero lhe mostrar uma coisa. O filho acompanha o pai até o quarto e é colocado na frente de um grande espelho onde pode ver seu corpo todo. Que susto! Zeca só conseguia enxergar seus dentes e os olhinhos. O pai, então lhe diz ternamente: - Filho, você viu que a camisa quase não se sujou; mas, olhe só para você O mal que desejamos aos outros é como o que lhe aconteceu. Por mais que possamos atrapalhar a vida de alguém com nossos pensamentos, a borra, os resíduos, a fuligem ficam sempre em nós mesmos. Cuidado com seus pensamentos, eles se transformam em palavras; Cuidado com suas palavras, elas se transformam em ações; Cuidado com suas ações, elas se transformam em hábitos; Cuidado com seus hábitos, eles moldam o seu caráter; Cuidado com seu caráter, ele controla o seu destino.

A Mente

A mente é a casa grande da alma, onde ela se apóia para muitas realizações concernentes à vida. O turvamento mental inferioriza os centros de força, retarda suas voltagens e se antipatiza com os fluidos vigorantes da vida.As ondas, que se desprendem pelo sistema vorticoso, anelam-se com o magnetismo exudado dos sentimentos em decadência e fazem até mesmo paralisar muitos campos menores de energia, provocando, em muitos casos, enfermidades de difícil diagnóstico.
Quando somos freqüentemente atacados por pensamentos fixos, devemos atentar para esse alarme, pois indica que nos abeiramos do turvamento das idéias. São notas dissonantes na área mental. E essa situação desagrega o sorriso espontâneo, infecunda os bons sentimentos e cria dúvidas acerca da felicidade. E a medicina ocupa-se desse estado da alma, classificando-o em variadas neuroses e estados depressivos, que os medicamentos, por vezes, aliviam aparentemente, desarmonizando outros órgãos.
A cura se processa com o tempo, aliado à fé; e a ciência, no amanha, certificar-se-á de que, mudando o modo de pensar do enfermo, os centros conglutinados de energias, deteriorados em vários pontos do sistema nervoso, vão perdendo forma e se esvaindo pelo sistema de excreção involuntária do semitismo bio-orgânico. A excrescência mental surge da demora das idéias nos valores imundos do ódio, da vingança e da maledicência, não se falando de outras ramificações inferiores que a ignorância enceta. A efervescência moral limpa os céus da mente, desde que se apóie na lógica configurada pelo equilíbrio.
A tisnadura mental nasce do magnetismo inferior. As negras emoções fazem com que os pensamentos segreguem o lixo contundente. E os pontos mais atacados no corpo físico são as glândulas endócrinas, por serem pontos sensíveis, de alto teor de atração psíquica. O sistema nervoso é logo banhado por afluxo de energias queimadas, que o córtex amplifica e derrama em todos os filamentos compostos de neurônios, que retornam à mente com dramas incalculáveis, em detrimento da própria alma. E as glândulas, nesse estado, sendo visitadas os agentes deturpadores, segregam hormônios, acrescentando elementos corrosivos que, por sua vez, perturbam todo o metabolismo da coletividade celular.
Vê-se que não compensa uma mente negativa. É bom que tenhamos coragem para enfrentar os problemas que surgem dentro de nós, no campo imenso da mente, educando os nossos impulsos, corrigindo as más tendências e transmutando os sentimentos indignos em reações saudáveis e em intenções aprimoradas diante de Deus.
Já pensastes na energia que perdemos todos os dias em pensamentos improfícuos e idéias desajustadas? Porventura já meditastes no aproveitamento dessa força pelos métodos ensinados por Jesus? Então vamos pensar nisto e aplicar todos os conceitos do Cristo, pois é através desse esforço permanente que o próprio Mestre achará, abertas, as portas da nossa consciência, para nos visitar.
Se, por acaso, encontrares no leito, obedecendo às reações das ações praticadas, ou por processo direto da evolução, e achar que são inconvenientes as diretrizes que anunciamos, estás em engano. A vida é um estirão eterno. O leito de dor é apenas um fenômeno que estimula em nós a percepção, em vários ângulos. Nota-se que o aprendizado na dor é mais completo. Começa assim mesmo, em qualquer circunstancia em que te encontrares.
Qualquer hora é o momento para começar a educação. A disciplina é o ponto alto naquele que quer ser companheiro do Divino Amigo. Não deixes a tua mente se apagar por displicência. Tens o poder de ser mais vivo que és. Deixa a letargia imposta pela ignorância e alcança a claridade espiritual de que o progresso é portador, através das tuas próprias mãos. Trabalhemos contra a poluição da mente; nossa e da humanidade, com os recursos que o Senhor nos proporcionou, na dignidade do Evangelho, para nos livrarmos do turvamento mental.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Doar Sempre

Por mais que aconteçam comentários desfavoráveis nos Centros Espíritas, devemos não ouví-los e sim fazermos os nossos trabalhos.
Ser Espírita não é só frequentar reunião pública um só dia na semana e estudar sozinho.
Ser Espírita é frequentar todas às reuniões que o médium possa ir, é fazer estudos juntos aos outros médiuns do Centro Espírita e o mais importante "TRABALHAR" - é participar das atividades e trabalhos do Centro Espírita. PARTICIPAÇÃO.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Evocação dos Espíritos

No atual contexto do movimento espírita, a evocação dos espíritos está quase totalmente esquecida, dando-se preferência às manifestações espontâneas, privando com isto os grupos espíritas de um importante instrumento para o tratamento dos processos obsessivos.Kardec informa no Cap.XXV do Livro dos Médiuns, que devemos usar "as duas maneiras de agir" (evocações e espontaneidade), pois as duas "têm suas vantagens e só haveria inconveniente na exclusão de uma delas".Todo o capítulo XXV do Livro dos Médiuns é dedicado ao estudo da evocação, mostrando que a sua prática era corriqueira, sendo usada normalmente por Kardec e pelos centros espíritas da época.Pretendemos demonstrar os benefícios e as limitações no uso das evocações, e que sua prática pode ser natural dentro dos trabalhos da casa espírita, como as comunicações espontâneas o são atualmente. Como nos demonstra Kardec no citado capítulo do Livro dos Médiuns, com as evocações poderemos aumentar a nossa capacidade de prestar serviços ao próximo no campo mediúnico.
Quem podemos evocar?
No item 274 do Cap. XXV do Livro dos Médiuns Kardec diz: "Podemos evocar todos os Espíritos, seja qual for o grau da escala a que pertençam: os bons e os maus...". Podemos evocar todos os espíritos, mas isto não quer dizer que todos vão atender os nossos chamados. Eles virão conforme a nossa evolução, a necessidade e a seriedade do trabalho proposto.Podemos classificar e evocação dos espíritos de duas maneiras, levando em consideração a forma de como é feita:Evocação direta e pessoal: é aquela em que citamos o nome de determinado espírito, evocando-o de uma forma pessoal. Temos que tomar muito cuidado com este tipo, pois se mal usado ou orientado pode transformar a nossa reunião mediúnica em sala de consultas, objetivando mais o interesse pessoal do que a caridade evangélica.Evocação indireta: é quando não citamos um determinado nome, mas quando pedimos a presença e a assistência de nossos mentores e guias espirituais. A Codificação nos ensina que toda a prece é uma invocação, e invocar é chamar através da oração, pedir um socorro, um auxílio ou uma proteção; ou seja, é evocar através do pensamento, de uma forma indireta.

Entre a Terra e o Céu

Pequeno Resumo do 1º cap.

ANDRÉ LUIZ - 1954

1. Nosso "hoje" será a luz ou a treva do nosso "amanhã" - No prefácio, Emmanuel informa que da história contida neste livro destacam-se os impositivos do respeito que nos cabe consagrar ao corpo físico e do culto incessante de serviço ao bem, para retirarmos da romagem terrena as melhores vantagens com vistas à vida imperecível. Nenhuma situação espetaculosa nele iremos encontrar. Em suas páginas o que veremos é a vida comum das almas que aspiram à vitória sobre si mesmas, valendo-se dos tesouros do tempo para a aquisição de luz renovadora. André reuniu nesta obra quadros e situações que são comuns nos lares terrenos, e sobre tais fatos, por ensinamento central, ele nos mostra a necessi­dade da valorização dos recursos que o mundo nos oferece para a rees­truturação do nosso destino. "Em muitas ocasiões, somos induzidos -- diz Emmanuel -- a fitar a amplidão celestial, incorporando energia para conquistar o futuro; entretanto, muitas vezes somos constrangidos a observar o trilho terrestre, a fim de entender o passado a que o nosso presente deve a sua origem". Neste livro somos, pois, forçados a contemplar-nos por dentro, em nossas experiências e possibilidades, "para que não nos falhe o equilíbrio à jornada redentora, no rumo do porvir". E' como se dele uma voz inarticulada do Plano Divino nos fa­lasse: "A Lei é viva e a Justiça não falha! Esquece o mal para sempre e semeia o bem cada dia!... Ajuda aos que te cercam, auxiliando a ti mesmo! O tempo não pára, e, se agora encontras o teu ontem, não olvi­des que o teu hoje será a luz ou a treva do teu amanhã!..." (Prefácio, págs. 7 e 8)

APOMETRIA

Apometria - técnica de cura espiritual

Conheça esta técnica valiosa de tratamento que pode auxiliar a Medicina do futuro na cura holística

A medida em que a humanidade evolui, os véus do desconhecido vão se descortinando e o conhecimento das leis espirituais, que antes era privilégio de poucos, vai sendo revelado abertamente aos pesquisadores isentos de preconceitos.

A utilização da apometria pode ser considerada como parte da evolução no tratamento espiritual, embora muitos espíritas e espiritualistas ainda não a aceitem ou a utilizem, talvez por falta de uma divulgação adequada e uma maior interação com o assunto.

A apometria é uma técnica que consiste no desdobramento espiritual (emancipação da alma, viagem astral ou projeção da consciência) por intermédio do comando da mente. "Representa o clássico desdobramento entre os componentes materiais somáticos do homem e sua constituição espiritual", de acordo com a definição do livro Apometria- Novos Horizontes da Medicina Espiritual, escrito pelo médico Vitor Ronaldo Costa e publicado pela Casa Editora O Clarim, em 1997.

Ação e Reação

Pequeno Resumo 1º cap.

ANDRÉ LUIZ - 1957 -


1. Justiça Divina - Emmanuel nos diz que este livro des­vela uma nesga das regiões inferiores a que se projeta a consciência culpada, além do corpo físico, mostrando a importância da existência carnal, como verdadeiro favor da Divina Misericórdia, a fim de que nos adapte­mos ao mecanismo da Justiça Indefectível. Asseverando que o in­ferno exterior nada mais é que o reflexo de nós mesmos, quando, pelo relaxa­mento e pela crueldade, nos entregamos à prática de ações depri­mentes, Emmanuel observa que, segundo o eminente criminalista Von Liszt, o Es­tado, em sua expressão de organismo superior, não prescinde da pena, a fim de sustentar a ordem jurídica. "A necessidade da con­servação do próprio Estado justifica a pena", assevera Von Liszt. André Luiz faz-nos sentir, contudo, que o Espiritismo revela uma concepção de justiça ainda mais ampla. A criatura não se encontra su­bordinada simplesmente ao critério dos penalogistas do mundo: quanto mais esclare­cida, tanto mais responsável e entregue aos arestos da própria cons­ciência, na Ter­ra ou fora dela, toda vez que se envolve nos espi­nheiros da culpa. André mostra, assim, que os princípios codificados por Allan Kardec abrem uma nova era para o Espírito humano, compe­lindo-o à auscultação de si mesmo, no reajuste dos caminhos traçados por Jesus ao verdadeiro progresso da alma, e explica que o Espiri­tismo, por isso mesmo, é o disciplinador de nossa liberdade, não ape­nas para que tenhamos na Ter­ra uma vida social dignificante, mas tam­bém para que mantenhamos, no campo do espírito, uma vida individual harmoniosa, devidamente ajus­tada aos impositivos da Vida Universal Perfeita. Em síntese, ele de­monstra-nos que as nossas possibilidades de hoje nos vinculam às som­bras de ontem, exigindo-nos trabalho infa­tigável no bem, para a cons­trução do Amanhã, sobre as bases redentoras do Cristo. ("Ante o Cente­nário", pp. 9 a 11)

50 Anos Depois

Capítulo I

De Emmanuel, 1940, 23ª Edição de 1995 - FEB

1. A narração do livro começa 50 anos depois em que Pompéia foi destruída e Publio Lentulus fez a sua passagem. (p. 7)
2. Publio reencarna como o escravo Nestório, já que seu “orgulhoso coração havia espezinhado os escravos”. Pompílio Crassus de “HÁ DOIS MIL ANOS” ressurge como HELVÍDIO LUCIUS. A figura central deste livro é CÉLIA “um anjo pairando acima de todos as contigencias da Terra”. (p. 9)
3. Emmanuel alerta: “Lê esta história e medita. Os exemplos de uma alma santificada no sofrimento e na humildade ensinar-te-ão a amar o trabalho e as penas de cada dia”. (p. 10)
4. No ano 131, uma liteira conduzida por escravos atléticos, cortava a Praça de ESMIRNA, conduzindo o nobre tribuno CAIO FABRICIUS. (p. 11)
5. Ao lado da liteira caminhava um homem de cerca de 45 anos, com perfil israelita, um orgulho silencioso, mas a atitude humilde denunciava ser um escravo. (p. 11-12)
6. A liteira parou em frente a um soberbo edifício, donde saiu um patrício de seus 40 anos - HELVÍDIO LUCIUS - que saudou o visitante eufórico. (p. 12)
7. Helvídio externou sua alegria sobre a visita e perguntou a CAIO sobre a revolução da Judéia, sobre a qual este fora vistoriar os estragos. CAIO resumiu os resultados ressaltando que morreram mais de 180.000 judeus, e imperava a fome e a peste oriunda dos cadáveres insepultos. (p. 13-14)
8. Helvídio fala a Caio, que além disto, estranhas crenças contrárias às tradições romanas estão invadindo os lares, inclusive o dele. Tratava-se do Cristianismo, que é objeto de simpatia de sua filha mais nova - Célia. Por causa disto, Helvídio tencionava deixar Célia em companhia do avô dela - CNEIO LUCIUS, pai de Helvídio. (p. 15)
9. Comentaram então que Claudia Sabina, esposa do Prefeito Urbico, que no passado foi plebéia, e apesar de bonita era espezinhada pela sociedade. (p. 17)
10.Passando para o átrio Caio apresentou o escravo Nestório, que havia comprado numa feira de Terebinto, para presentear o amigo Helvídio. (p. 19)
11.Respondendo a Helvídio, Nestório resumiu sua vida e como se tornou escravo. Judeu, nascido na Grécia, após perder a esposa foi escravizado pelos romanos juntamente com o filho. Seu amo CALIUS FLAVIUS, tratava-o como amigo, e Nestório o acompanhou até a morte. (p. 21)
12.Helvídio se surpreendeu: “é a primeira vez que ouvia um escravo falar bem do senhor”. Caio disse que o mais assombroso era que Nestório conhecia a História Romana tão tem quanto eles. (p. 21)
13.Convidado pelos dois patrícios, o escravo dissertou sobre Roma, desde o nascimento da cidade, até àqueles dias. (p. 22)
14.Impressionado Helvídio convidou o escravo para ser orientador das 2 filhas sobre os costumes romanos. (p. 23)
15.Entraram no recinto Alba Lucínia (esposa de Helvídio) e suas 2 filhas Helvídia e Célia, Helvídio lhes mostrou o escravo, explicando que o tinha ganho. (p. 24)
16.Alba Lucínia, conversou com o marido e em vista de sua aprovação anunciou que iria libertar o escravo. (p. 26)
17.Declarando-o livre “Nestório ajoelhou-se ante os seus benfeitores e osculou humildemente os pés de Alba Lucínia”. (p. 26)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O Médico Espiritual

Capítulo IV
No dia imediato, após reparador e profundo repouso, experimentei a benção radiosa do sol amigo, qual suave mensagem ao coração. Claridade reconfortante atravessava ampla janela, inundando o recinto de cariciosa luz. Sentia-me outro. Energias novas tocavam-me o íntimo. Tinha a impressão de sorver a alegria da vida, a longos haustos. Na alma, apenas um ponto sombrio - a saudade do lar, o apego à família que ficara distante. Numerosas interrogações pairavam-me na mente, mas tão grande era a sensação de alívio que eu sossegava o espírito, longe de qualquer interpelação.
Quis levantar-me, gozar o espetáculo da natureza cheia de brisas e de luz, mas não o consegui e concluí que, sem a cooperação magnética do enfermeiro, tornava-se-me impossível deixar o leito.
Não voltara a mim das surpresas consecutivas, quando se abriu a porta e vi entrar Clarêncio acompanhado por simpático desconhecido. Cumprimentaram-me, atenciosos, desejando-me paz. Meu benfeitor da véspera indagou do meu estado geral. Acorreu o enfermeiro, prestando informações.
Sorridente, o velhinho amigo apresentou-me o companheiro. Tratava-se, disse, do irmão Henrique de Luna, do Serviço de Assistência Médica da Colônia espiritual. Trajado de brando, traços fisionômicos irradiando enorme simpatia, Henrique auscultou-me demoradamente, sorriu e explicou:
-É de lamentar que tenha vindo pelo suicídio.
Enquanto Clarêncio permanecia sereno, senti que singular assomo de revolta me borbulhava no íntimo.
Suicídio? Recordei as acusações dos seres perversos, das sombras. Não obstante o cabedal de gratidão que começava a acumular, não calei a incriminação.
-Creio haja engano - asseverei melindrado -, meu regresso do mundo não teve essa causa. lutei mais de quarenta dias, na casa de saúde, tentando vencer a morte. Sofri duas operações graves, devido a oclusão intestinal...
-Sim - esclareceu o médico, demonstrando a mesma serenidade superior -, mas a oclusão radicava-se em causas profundas. Talvez o amigo não tenha ponderado bastante. O organismo espiritual apresenta em si mesmo a história completa das ações praticadas no mundo.
E inclinando-se, atencioso, indicava determinados pontos do meu corpo:
-Vejamos a zona intestinal - exclamou. -A oclusão derivava de elementos cancerosos, e estes, por sua vez, de algumas leviandades do meu estimado irmão, no campo da sífilis. A moléstia talvez não assumisse características tão graves, se o seu procedimento mental no planeta estivesse enquadrado nos princípios da fraternidade e da temperança. Entretanto, seu modo especial de conviver, muita vez exasperado e sombrio, captava destruidoras vibrações naqueles que o ouviam. Nunca imaginou que a cólera fosse manancial de forças negativas para nós mesmos? A ausência de auto domínio, a inadvertência no trato com os semelhantes, aos quais muitas vezes ofendeu sem refletir, conduziam-no frequentemente à esfera dos seres doentes e inferiores. Tal circunstância agravou, de muito, o seu estado físico.
Depois de longa pausa, em que me examinava atentamente, continuou:
-Já observou, meu amigo, que seu fígado foi maltratado pela sua própria ação; que os rins foram esquecidos, com terrível menosprezo às dádivas sagradas?
Singular desapontamento invadira-me o coração. Parecendo desconhecer a angústia que me oprimia, continuava o médico, esclarecendo:
- Os órgãos do corpo somático possuem incalculáveis reservas, segundos desígnios do Senhor. O meu amigo, no entanto, iludiu excelentes oportunidades, esperdiçando patrimônios preciosos da experiência física. A longa tarefa, que lhe foi confiada pelos Maiores da Espiritualidade Superior, foi reduzida a meras tentativas de trabalho que não se consumou. Todo o aparelho gástrico foi destruído à custa de excessos de alimentação e bebidas alcoólicas, aparentemente sem importância. Devorou-lhe a sífilis energias essenciais. Como vê, o suicídio é incontestável.
Meditei nos problemas dos caminhos humanos, refletindo nas oportunidades perdidas. Na vida humana, conseguia ajustar numerosas máscaras ao rosto, talhando-as conforme as situações. Aliás, não poderia supor, noutro tempo, que me seriam pedidas contas de episódios simples, que costumava considerar como fatos sem maior significação. Conceituara, até ali, os erros humanos, segundo os preceitos da criminologia. Todo acontecimento insignificante, estranho aos códigos, entraria na relação de fenômenos naturais. Deparava-se-me porém, agora, outro sistema de verificação das faltas cometidas. Não me defrontavam tribunais de tortura, nem me surpreendiam abismos infernais; contudo, benfeitores sorridentes comentavam-me as fraquezas como quem cuida de uma criança desorientada, longe das vistas paternas. Aquele interesse espontâneo, no entanto, feria-me a vaidade de homem. Talvez que, visitadopor figuras diabólicas a me torturarem, de tridente nas mãos, encontrasse forças para tornar a derrota menos amarga. Todavia, a bondade exuberante de Clarêncio, a inflexão de ternura do médico, a calma fraternal do enfermeiro, penetravam-me fundo o espírito. Não me dilacerava o desejo de reação; doía-me a vergonha. E chorei. Rosto entre as mãos, qual menino contrariado e infeliz, pus-me a soluçar com a dor que me parecia irremediável. Não havia como discordar. Henrique de Luna falava com sobejas razões. por fim, abafando os impulsos vaidosos, reconheci a extensão de minhas leviandades de outros tempos. A falsa noção da dignidade pessoal cedia terreno à justiça. Perante mina visão espiritual só existia, agora, uma realidade torturante: era verdadeiramente um suicida, perdera o ensejo precioso da experiência humana, não passava de náufrago a quem se recolhia por caridade.
Foi então que o generoso Clarêncio, sentando-se no leito, a meu lado, afagou-me paternalmente os cabelos e falou comovido:
-Oh! meu filho, não te lastimes tanto. Busquei-te atendendo à intercessão dos que amam, dos planos mais altos. Tuas lágrimas atingem seus corações. Não desejas ser grato, mantendo-te tranquilo no exame das próprias faltas? Na verdade, tua posição é a do suicida inconsciente; mas é necessário reconhecer que centenas de criaturas se ausentam diariamente da terra, nas mesmas condições. Acalma-te, pois. Aproveita os tesouros do arrependimento, guarda a benção do remorso, embora tardio, sem esquecer que a aflição não resolve problemas. Confia no Senhor e em nossa dedicação fraternal. Sossega a alma perturbada, porque muitos de nós outros já perambulamos igualmente nos teus caminhos.
Ante a generosidade que transbordava dessas palavras, mergulhei a cabeça em seu colo paternal e chorei longamente.

terça-feira, 2 de junho de 2009

A Oração Coletiva

Capítulo III
Embora transportado à maneira de ferido comum, lobriguei o quadro confortante que se desdobrava à minha vista.
Clarêncio, que se apoiava num cajado de substância luminosa, deteve-se à frente de grande porta encravada em altos muros, cobertos de trepadeiras floridas e graciosas. Tateando um ponto da muralha, fêz-se longa abertura, através da qual penetramos, silenciosos.
Branda claridade inundava ali todas as coisas. Ao longe, gracioso foco de luz dava a idéia de um pôr do sol em tardes primaveris. À medida que avançavamos, conseguia identificar preciosas construções, situadas em extensos jardins.
Ao sinal de Clarêncio, os condutores depuseram, devagarinho, a maca improvisada. A meus olhos surgiu, então, a porta acolhedora de alvo edifício, à feição de grande hospital terreno. Dois jovens, envergando túnicas de níveo linho, acorreram pressurosos ao chamado de meu benfeitor, e quando me acomodavam num leito de emergência, para me conduzirem cuidadosamente ao interior, ouvi o generoso ancião recomendar, carinhoso:
-Guardem nosso tutelado no pavilhão da direita. Esperam aagora por mim. Amanhã cedo voltarei a vê-lo.
Enderecei-lhe um olhar de gratidão, ao mesmo tempo que era conduzido a confortável aposento de amplas proporções, ricamente mobilado, onde me ofereceram leito acolhedor.
Envolvendo os dois enfermeiros na vibração do meu reconhecimento, esforcei-me por lhes dirigir a palavra, conseguindo dizer por fim:
-Amigos, por quem sois, explicai-me em que novo mundo me encontro... De que estrela me vem, agora, esta luz confortadora e brillhante?
Um deles afagou-me a fronte, como se fora conhecido pessoal de longo tempo e acentuou:
-Estamos nas esferas espirituais vizinhas da terra, e o sol que nos ilumina, neste momento, é o mesmo que nos vivificava o corpo físico. Aqui, entretanto, nossa percepção visual é muito mais rica. A estrela que o Senhor acendeu para os nossos trabalhos terrestres é mais preciosa e bela do que a supomos quando no círculo carnal. Nosso sol é a divina matriz da vida, e a claridade que irradia provém do Autor da Criação.
Meu ego, como que absorvido em onda de infinito respeito, fixou a luz branda que invadia o quarto, através das janelas, e perdí-me nno curso de profundas cogitações. Recordei, então, que nunca fixara o sol, nos dias terrestres, meditando na imensurável bondade dAquele que no-lo concede para o caminho eterno da vida. Semelhava-me assim ao cego venturoso, que abre os olhos para a natureza sublime, depois de longos séculos de escuridão.
A essa altura, serviram-me caldo reconfortante, seguido de água muito fresca, que me pareceu portadora de fluídos divinos. Aquela reduzida porção de líquido reanimava-me inesperadamente. Não saberia dizer que espécie de sopa era aquela; se alimentação sedativa, se remédio salutar. Novas energias amparavem-me a alma, profundas comoções vibravam-me no espírito.
Minha maior emoção, todavia, reservava-se para instantes depois.
Mal não saíra da consoladora surpresa, divina melodia penetrou quarto a dentro, parecendo suave colméia de sons a caminho das esferas superiores. Aquelas notas de maravilhosa harmonia atravessavam-me o coração. Ante meu olhar indagador, o enfermeiro, que permanecia ao lado, esclareceu, bondoso:
-É chegado o crepúsculo em "Nosso Lar". Em todos os núcleos desta colônia de trabalho, consagrada ao Cristo, há ligação direta com as preces da Governadoria.
E enquanto a música embalsamava o ambiente, despediu-se atencioso:
-Agora, fique em paz. Voltarei logo após a oração.
Empolgou-me ansiedade súbita.
-Não poderei acompanhar-vos? - perguntei, suplicante.
-Está ainda fraco - esclareceu, gentil -, todavia, caso sinta-se disposto...
Aquela melodia renovava-me as energias profundas. Levantei-me vencendo dificuldades e agarrei-me ao braço fraternalque se me estendia. Seguindo vacilante, cheguei a enorme salão, onde numerosa assembléia meditava em silêncio, profundamente recolhida. Da abóbada cheia de claridade brilhante, pendiam delicadas e flóreas guirlandas, que vinham do teto à base, formando radiosos símbolos de espiritualidade superior. Ninguém parecia dar conta da minha presença, ao passo que mal dissimulava eu a surpresa inexcedível. Todos os circunstantes, atentos, pareciam aguardar alguma coisa. Contendo a custo numerosas indagações que me esfervilhavam na mente, notei que ao fundo, em tela gigantesca, desenhava-se prodigioso quadro de luz quase feérica. Obedecendo a processos adiantados de televisão, surgiu o cenário de templo maravilhoso. Sentado em lugar de destaque, um ancião coroado de luz fixava o Alto, em atitude de prece, envergando alva túnica de irradiações resplandecentes. Em plano inferior, setenta e duas figuras pareciam acompanhá-lo em respeitoso silêncio. Altamente surpreendido, reparei Clarêncio participando da assembléia, entre os que cercavam o velhinho refulgente.
Apertei o braço do enfermeiro amigo, e, compreendendo ele que minhas perguntas não se fariam esperar, esclareceu em voz baixa, que mais se assemelhava a leve sopro:
-Conserve-se tranquilo. Todas as residências e instituições de "Nosso Lar" estão orando com o Governador, através da audição e visão a distância. Louvemos o Coração Invisível do Céu.
Mal terminara a explicação, as setenta e duas figuras começaram a cantar harmonioso hino, repleto de indefinível beleza. A fisionomia de Clarêncio, no cérculo dos veneráveis companheiros, figurou-se-me tocada de mais intensa luz. O cântico celeste constituía-se de notas angelicais, de sublimado reconhecimento. Pairavam no recinto misteriosas vibrações de paz e de alegria e, quando as notas argentinas fizeram delicioso estacato, desenhou-se ao longe, em plano elevado, um coração maravilhosamente azul (1), com estrias douradas. Cariciosa música, em seguida, respondia aos louvores, procedente talvez de esferas distantes. Foi aí que abundante chuva de flores azuis se derramou sobre nós; mas, se fixávamos os miosótis celestiais, não sconseguíamos detê-los nas mãos. As corolas minúsculas desfaziam-se de leve, ao tocar-nos a fronte, experimentando eu, por minha vez, singular renovação de energias ao contato das pétalas fluídicas que me balsamizavam o coração.
Terminada a sublime oração, regressei ao aposento de enfermo, amparado pelo amigo que me atendia de perto. Entretanto, não era mais o doente grave de horas antes. A primeira prece coletiva, em "Nosso Lar", operara em mim completa transformação. Conforto inesperado envolvia-me a alma. Pela primeira vez, depois de anos consecutivos de sofrimento, o pobre coração, saudoso e atormentado, à maneira de cálice muito tempo vazio, enchenra-se de novo das gotas generosas do licor da esperança.
(1) Imagem simbólica formada pelas vibrações mentais dos habitantes da colônia. - (Nota do Autor espiritual).

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Capítulo II

CLARÊNCIO
"Suicida! Suicida! Criminoso! Infame!" - gritos assim, cercavam-me de todos os lados. Onde os sicários de coração empedernido? Por vezes, enxergava-os de relance, escorregadios na treva espessa e, quando meu desespero atingia o auge, atacava-os, mobilizando extremas energias. Em vão, porém, esmurrava o ar nos paroxismos da cólera. Gargalhadas sarcásticas feriam-me os ouvidos, enquanto os vultos negros desapareciam na sombra.
Para quem apelar? Torturava-me a fome, a sede me escaldava. Comezinhos fenômenos da experiência material patenteavam-se-me aos olhos. Crescera-me a barb a, a roupa começava a romper-se com os esforços da resistência, na região desconhecida. A circunstância mais dolorosa, no entanto, não é o terrível abandono a que me sentia votado, mas o assédio incessante de forças perversas que me assomavam nos caminhos ermos e obscuros. Irritavam-me, aniquilavam-me a possibilidade de concatenar idéias. Desejava ponderar maduramente a situação, esquadrinhar razões e estabelecer novas diretrizes ao pensamento, mas aquelas vozes, aqueles lamentos misturados de acusções nominais, desnorteavam-me irremediavelmente.
-Que buscas, infeliz! Aonde vais, suicida?
Tais objurgatórias, incessantemente repetidas, perturbavam-me o coração. Infeliz, sim; mas, suicida? - nunca! Essas increpações, a meu ver, não eram procedentes. Eu havia deizado o corpo físico a contragosto. Recordava meu porfiado duelo com a morte. Ainda julgava ouvir os últimos pareceres médicos, enunciados na Casa de Saúde; lembrava a assistência desvelada que tivera, os curativos dolorosos que experimentara nos dias longos que se seguiram à delicada operação dos intestinos. Sentia, no curso dessas reminiscências, o contato do termômetro, o pique desagradável da agulha de infeções e, por fim, a última cena que precedera o grande sono: minha esposa ainda jovem e os três filhos contemplando-me, no terror da eterna separação. Depois... o despertar na paisagem úmida e escura e a grande caminhada que parecia sem fim.
Porque a pecha de suicídio, quando fora compelido a abandonar a casa, a família e o doce convívio dos meus? o homem mais forte conhecerá limites à resistência emocional. Firme e resoluto a princípio, comecei por entregar-me a longos períodos de desânimo, e, longe de prosseguir na fortaleza moral, por ignorar o próprio fim, senti que as lágrimas longamente represadas visitavam-me com mais frequência, extravasando do coração.
A quem recorrer? Por maior que fosse a cultura intelectual trazida do mundo, não poderia alterar, agora, a realidade da vida. Meus conhecimentos, ante o infinito, semelhavam-se a pequenas bolhas de sabão levadas ao vento inpetuoso que transforma as paisagens. Eu era alguma coisa que o tufão da verdade carreava para muito longe. Entretanto, a situação não modificava a outra realidade do meu ser essencial. Perguntando a mim mesmo se não enlouquecer, encontrava a consciência vigilante, esclarecendo-me que continuava a ser eu mesmo, com o sentimento e a cultura colhidos na experiência material. Persistiam as necessidades fisiológicas, sem modificação. Castigava-me a fome todas as fibras, e, nada obstante, o abatimento progressivo não me fazia cair definitivamente em absoluta exaustão. De quando em quando deparavam-se-me vcerduras que me pareciam agrestes, em torno de humildes filetes d'água a que me atirava sequioso. Devorava as folhas desconhecidas, colava os lábios à nascente turva, enquanto mo permitiam as forças irresistíveis, a impelirem-me para a frente. Muita vez suguei a lama da estrada, recordei o antigo pão de cada dia, vertendo copioso pranto. Não raro, era imprescindível ocultar-me das enormes manadas de seres animalescos, que passavam em bando, quais feras insaciáveis. Eram quadros de estarrecer! Acentuava-se o desalento. Foi quando comecei a recordar que deveria existir um Autor da Vida, fosse onde fosse. Essa idéia confortou-me. Eu, que detestara as religiões no mundo, experimentava agora a necessidade de conforto místico. Médico extremamente arraigado ao negativismo da minha geração, impunha-se-me atitude renovadora. Torava-se imprescindível confessar a falência do amor próprio, a que me consagrara orgulhoso.
E, quando as energias me faltaram de todo, quando me senti absolutamente colado ao lodo da Terra, sem forças para reerguer-me, pedi ao Supremo Autor da Natureza me estendesse mãos paternais, em tão amargurosa emergência.
Quanto tempo durou a rogativa? Quantas horas consagrei à súplica, de mãos postas, imitando a criança aflita? Apenas sei que a chuva das lágrimas me lavou o rosto; que todos os meus sentimentos se concentraram na prece dolorosa. Estaria, então, completamente esquecido? Não er, igualmente, filho de Deus, embora não cogitasse de conhecer-lhe a atividade sublime quando engolfado nas vaidades da experiência humana? Porque não me perdoaria o Eterno Pai, quando providenciava ninho às aves inconscientes e protegia, bondoso, a flor tenra dos campos agrestes?
Ah! É preciso haver sofrido muito, para entender todas as misteriosas belezas da oração; é necessário haver conhecido o remorso, a humilhação a extrema desventura, para tomar com eficácia o sublime elixir de esperança. Foi nesse instante que as neblinas espessas se dissiparam e alguém surgiu, emissário dos Céus. Um velhinho simpático me sorriu paternalmente. Inclinou-se, fixou nos meus os grandes olhos lúcidos, e falou:
-Coragem, meu filho! O Senhor não te desampara.
Amargurado pranto banhava-me a alma toda. Emocionado, quis traduzir meu júbilo, comentar a consolação que me chegava, mas,reunindo todas as forças que restavam, pude apenas inquirir:
-Quem sois, generoso emissário de Deus?
O inesperado benfeitor sorriu bondoso e respondeu:
-Chama-me Clarêncio, sou apenas teu irmão.
E, percebedno o meu esgotamento, acrescentou:
-Agora, permanece calmo e silencioso. É preciso descansar para reaver energias.
Em seguida, chamou dois companheiros que guardavam atitude de servos desvelados e ordenou:
-Prestemos ao nosso amigo os socorros de emergência.
Alvo lençol foi estendido ali mesmo, à guisa de maca immprovisada, aprestando-se ambos os cooperadores a transportarem-me, generosamente.
Quando me alçavam, cuidadosos, Clarêncio meditou um instante e esclareceu, como quem recorda inadiável obrigação:
-Vamos sem demora. Preciso atingir "Nosso Lar" com a presteza possível.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Nas Zonas Inferiores

Livro "Nosso Lar"
Capítulo I
Eu guardava a impressão de haver perdido a idéia de tempo. A noção de espaço esvaíra-se-me de há muito.
Estava convicto de não mais pertencer ao número dos encarnados no mundo e, no entanto, meus pulmões respiravam a longos haustos.
Desde quando me tornara joguete de forças irresistíveis? Impossível esclarecer.
Sentia-me, na verdade, amargurado duende nas grades escuras do horror. Cabelos eriçados, coração aos saltos, medo terrível senhoreando-me, muita vez gritei como louco, implorei piedade e clamei contra o doloroso desânimo que me subjugava o espírito; mas, quando o silêncio implacável não me absorvia a voz estentórica, lamentos mais comovedores, que os meus, respondiam-me aos clamores. Outras vezes gargalhadas sinistras rasgavam a quietude ambiente. Algum companheiro desconhecido estaria, a meus ver, prisioneiro da loucura. Formas diabólicas, rostos alvares, expressões animalescas surgiam, de quando em quando, agravando-me o assombro.
A paisagem, quando não totalmente escura, parecia banhada de luz alvacenta, como que amortalhada em neblina espessa, que os raios de sol aquecessem de muito longe.
E a estranha viagem prosseguia... com que fim? Quem o poderia dizer? Apenas sabia que fugia sempre... O medo me impelia de roldão. Onde o lar, a esposa, os filhos? Perdera toda a noção de rumo. O receio do ignoto e o pavor da treva absorviam-me todas as faculdades de raciocínio, logo que me desprendera dos últimos laços físicos, em pleno sepulcro!
Atormentava-me a consciência: preferiria a ausência total da razão, o não ser.
De início, as lágrimas lavavam-me incessantemente o rosto e apenas, em minutos raros, felicitava-me a benção do sono. Interrompia-se, porém, bruscamente, a sensação de alívio. Seres monstruosos acordavam-me, irônicos; era imprescindível fugir deles.
Reconhecia, agora, a esfera diferente a erguer-se da poalha do mundo e, todavia, era tarde. Pensamentos angustiosos atritavam-me o cérebro. mal delineava projetos de solução, incidentes numerosos impeliam-me a considerações estonteantes. Em momento algum, o problema religioso surgiu tão profundo a meus olhos. Os princípios puramente filosóficos, políticos e científicos, figuravam-se-me agora extremamente secundários para a vida humana. Significavam, a meu ver, valioso patrimônio nos planos da Terra, mas urgia reconhecer que a humanidade não se constitui de gerações transitórias e sim de Espíritos eternos, a caminho de gloriosa destinação. Verificava que alguma coisa permanece acima de toda cogitação meramente intelectual. Esse algo é a fé, manifestação divina ao homem. Semelhante análise surgia, contudo, tardiamente. De fato, conhecia as letras do Velho Testamento e muita vez folheara o Evangelho; entretanto, era forçoso reconhecer que nunca procurara as letras sagradas com a luz do coração. Identificava-as através da crítica de escritores menos afeitos ao sentimento e à consciência, ou em pleno desacordo com às verdades essenciais. Noutras ocasiões, interpretava-as com o sacerdócio organizado, sem sair jamais do círculo de contradições, onde estacionara voluntariamente.
Em verdade, não fora um criminoso, no meu próprio conceito. A filosofia do imediatismo, porém, absorvera-me. A existência terrestre, que a morte transformara, não fora assinalada de lances diferentes da craveira comum.
Filho de pais talvez excessivamente generosos, conquistara meus títulos universitários sem maior sacrifício, compartilhara os vícios da mocidade do meu tempo, organizara o lar, conseguira filhos, perseguira situações estáveis que garantissem a tranquilidade econômica do meu grupo familiar, mas, examinando atentamente a mim mesmo, algo me fazia experimentar a noção de tempo perdido, com a silenciosa acusação da consciência. Habitara a Terra, gozara-lhes os bens, colhera às bençãos da vida, mas não lhe retribuíra ceitil do débito enorme. Tivera pais, cuja generosidade e sacrifícios por mim nunca avaliei; esposa e filhos que prendera, ferozmente, nas teias rijas do egoísmo destruidor. Possuíra um lar que fechei a todos os que palmilhavam o deserto da angústia. Deliciara-me com os júbilos da família, esquecido de estender essa benção divina à imensa família humana, surdo a comezinhos deveres de fraternidade.
Enfim, como a flor de estufa, não suportava agora o clima das realidades eternas. Não desenvolvera os germes divinos que o Senhor da Vida colocara em minhalma. Sufocara-os, criminosamente, no desejo incontido de bem estar. Não adestrara órgãos para a vida nova. Era justo, pois, que aí despertasse à maneira de aleijado que, restituído ao rio infinito da eternidade, não pudesse acompanhar senão compulsoriamente a carreira incessante das águas; ou como mendigo infeliz, que, exausto em pleno deserto, perambula à mercê impetuosos tufões.
Oh! Amigos da Terra! Quantos de vós podereis evitar o caminho da amargura com o preparo dos campos interiores do coração? Acendei vossas luzes antes de atravessar a grande sombra. Buscai a verdade, antes que a verdade vos surpreenda. Suai agora para não chorardes depois.
Pode adquirir este livro na Livraria Espírita de sua cidade.

Mensagem de André Luiz (abertura do livro "Nosso Lar")

"A vida não cessa. A vida é fonte eterna e a morte é o jogo escuro das ilusões."
O grande rio tem seu trajeto, antes do mar imenso.
Copiando-lhe a expressão, a alma percorre igualmente caminhos variados e etapas diversas, também recebe afluentes de conhecimentos, aqui e ali, avoluma-se em expressão e purifica-se em qualidade, antes de encontrar o Oceano Eterno da Sabedoria.
Ele nos diz nesta mensagem que seria extremamente infantil a crença de que o simples "baixar do pano" resolvesse transcendentes questões do infinito.
Uma existência - é um ato.
Um corpo - uma veste.
Um século - um dia
Um serviço - uma experiência
Um triunfo - uma aquisição
Uma morte - um sopro renovador.
Quantas existências, quantos corpos, quantos séculos, quantos serviços, quantos triunfos, quantas mortes necessitamos ainda?
E agora amigos, que meus agradecimentos se calem no papel, recolhendo-se ao grande silêncio da simpatia e da gratidão. Crede que guardarei semelhantes valores comigo, a vosso respeito, no santuário do coração
Que o Senhor nos abençõe.

Resumo da mensagem de abertura do livro "Nosso Lar".
Ditado por André Luiz
Psicografado por Francisco Cândido Xavier.

Livro "Nosso Lar".

"Quando o servidor está pronto, o serviço aparece."

"Por vezes, o anonimato é filho do legítimo entendimento e do verdadeiro amor."
"O esquecimento temporário usual na reencarnação funciona como benção da Divina Misericórdia."
André luiz usa de anonimato é apresentado como novo amigo e irmão na eternidade e não como o médico terrestre que foi, para que não ferisse corações amados, envolvidos ainda nos velhos mantos da ilusão.
No livro "Nosso Lar" André Luiz nos conta em detalhes à sua própria experiência.
Milhares de pessoas se interessam pelo espiritismo, pelos seus trabalhos, modalidades e experiências. Porém neste imenso campo de novidades o homem não deve se descuidar de si mesmo. (Orai e Vigiai).
Não basta doutrinar consciências alheias, fazer proselitismo por mais respeitável que seja, mas cogitar do conhecimento de nossos infinitos potenciais, aplicando-os por nossa vez, nos serviços do bem.
O homem não é um deserdado. É filho de Deus, em trabalho construtivo, envergando a roupagem da carne; aluno de escola benemérita, onde precisa aprender a elevar-se.
A luta humana é a sua oportunidade.
Que ninguém se descuide das necessidades próprias, no lugar que ocupa pela vontade do Senhor.
André Luiz vem nos contar que a maior surpresa da morte carnal é a de nos colocar face a face com a própria consciência.
Vem nos lembrar que a Terra é oficina sagrada e que ninguém a menosprezará, sem conhecer o preço do terrívelengano a que submeteu o próprio coração.
Esta grandiosíssima obra é para ler, guardar suas páginas lembrando-as a cada passoda nossa vida pela terra, porque a experiência do André Luiz nos diz bem alto que não adinta à criatura apegar-se à existência humana, mas precisa saber aproveitá-la dignamente; que os passos do cristão, em quealquer escola religiosa, devem dirigir-se verdadeiramente ao Cristo, e que, em nosso campo doutrinário, precisamos, em verdade, do Espiritismo e do Espiritualismo, mas, muito mais, de Espiritualidade.

Do Livro "Nosso Lar" resumo da mensagem de EMMANUEL.
Ditado pelo Espírito de André Luiz .
Psicografado por Francisco Cândido Xavier.

domingo, 17 de maio de 2009

De Nobre a Pobre

"O Principie Galitzin, o Marquês de B..., o Conde R... estavam reunidos no verão de 1862, nas águas de Hamburgo"
Uma noite, depois de haverem jantado muito tarde, passeavam eles no parque do cassino, quando perceberam uma pobre deitada num banco. Depois de se lhe aproximarem e interrogarem, convidaram-na a vir cear no hotel. Ela comeu com grande apetite, e, pouco depois, Galitzin, que era magnetizador, adormeceu-a. Qual não foi, porém, o espanto das pessoas presentes, quando profundamente adormecida, aquela que, na véspera só se exprimia em mau dialeto alemão, pôs-se a falar muito corretamente em francês, contando que, por punição, havia encarnado pobremente em vista de haver cometido um crime em sua vida precedente, no século XVIII. Habitava, então, um castelo na Bretanha, à borda do mar, no alto de um rochedo. Com grande precisão designou o lugar do crime.
Graças a essas indicações, o Príncipe Galitzin e o Marquês de B... puderam, mais tarde, e, separadamente, entregar-se a dois inquéritos, cujo resultado foi idêntico."
Dois velhos camponeses, entre as inúmeras criaturas entrevistadas, afirmaram se lembrar de que seus pais contavam que uma jovem e bela cortesã fizera perecer o esposo, jogando-o no mar.
Fonte: Correio Fraterno do ABC.Evangelho e Ação – Maio de 1999

O Nascimento da Doutrina Espírita

Aula 1

O Codificador Allan Kardec

“E eu rogarei ao Pai, e Ele vos enviará outro Consolador, a fim de que permaneça eternamente convosco: o Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber porque não o vê e não o conhece...o Pai enviará em meu nome, e esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (João, XIV, 16 a 26).
Hippolyte Léon Denizard Rivail, ou simplesmente Allan Kardec, foi o codificador da Doutrina Espírita. Antes de conhecermos melhor a vida deste professor francês, e como tornou-se o responsável pela Codificação da Doutrina Espírita, mostraremos como foi seu primeiro contato com o mundo espiritual, que serviu de marco inicial para o Espiritismo.
As mesas girantes
França, 1850: no início deste ano, surgiu no país europeu uma brincadeira que atraía nobres da sociedade parisiense. Acostumados às festas de salões, muitos franceses passaram a divertir-se com as chamadas “mesas girantes ou falantes”.
Tratava-se de mesinhas redondas de três pés, sobre as quais certas pessoas colocavam suas mãos e instantaneamente estes móveis começavam a girar e dar saltos, sem que ninguém fizesse alguma força.
Tudo parecia um fenômeno magnético, ou seja, produto de algum tipo de poder mental dos que se dispunham a brincar. O fenômeno então começou a ganhar proporções maiores e espalhou-se por outros países da Europa, chegando também na América. Desenvolveu-se uma forma de "conversar" com as mesinhas. Através de pancadas no chão, produzidas com os pés do objeto, formou-se um código de sinais, onde uma pancada seria "não"; duas, "sim", entre outros. Basicamente, as perguntas eram sobre futilidades, que em nada ajudavam a entender o que estava ocorrendo.
Foi então que uma senhora, chamada Emília de Girardim, veio a desenvolver um método de contato, que consistia de uma mesa que se movia ao redor de um eixo, lembrando uma roleta. Sobre a mesa, letras do alfabeto eram colocadas em círculo, além de números e os termos sim e não. No meio desta circunferência, havia uma agulha ou mesmo um ponteiro metálico, e então as pessoas envolvidas colocavam suas mãos sobre a borda da mesa. O móvel passava a girar, parando sob o ponteiro metálico a letra do alfabeto que viria a formar uma frase desta força invisível.
No decorrer dos questionamentos feitos ao fenômeno, descobriu-se que o mesmo era produzido por Espíritos que habitavam o mundo espiritual. Porém, ninguém tirou desta surpreendente descoberta a utilidade que ela trazia. Simplesmente o que importava era o fenômeno, o espetáculo, e não a causa do mesmo.
Kardec e os Espíritos
Em 1855, Hippolyte Léon Denizard Rivail, professor francês de Aritmética, Gramática, Física, Astronomia e Fisiologia e pesquisador do magnetismo, foi convidado por um amigo seu a ver de perto certas manifestações inexplicáveis que ocorriam nos salões da capital francesa. Rivail era discípulo de Pestalozzi, chamado de pai da pedagogia moderna, e casado com Amélie Gabrielle Boudet. Nascido em 03 de outubro de 1804, na cidade de Lyon, já ouvira sobre o assunto das mesas girantes e quis entender bem o que estava acontecendo. Homem criterioso, Rivail não se
deixava levar por modismos e como estudioso do magnetismo humano acreditava que todos os acontecimentos poderiam estar ligados à ação das próprias pessoas envolvidas, e não de uma possível intervenção espiritual.
O professor então participou de algumas sessões, e algo começou a intrigá-lo. Percebeu que muitas das respostas emitidas através daqueles objetos inanimados fugiam do conhecimento cultural e social dos que faziam parte do “espetáculo”. Como os móveis, por si só, não poderiam mover-se, fatalmente havia algum tipo de inteligência invisível atuando sobre os mesmos, e respondendo aos questionamentos dos presentes.
Rivail presenciava a afirmação daqueles que se manifestavam, dizendo-se almas dos homens que viveram sobre a Terra. Foi então, que uma das mensagens foi dirigida ao professor. Um ser invisível disse-lhe ser um Espírito chamado Verdade e que ele, Rivail, tinha uma missão a desenvolver, que seria a codificação de uma nova doutrina .
Atento aos dizeres do Espírito, e depois de muitos questionamentos à entidade, pois não era homem de impressionar-se com elogios, resolveu aceitar a tarefa que lhe fora incumbida.
O Espírito de Verdade disse-lhe ser uma falange de Espíritos superiores que vinha até aos homens cumprir a promessa de Jesus, no Evangelho de João, capítulo XIV; versículos 15 a 26: “E eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conhecereis, porque habita convosco e estará em vós... Mas, aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”.
Através dos Espíritos, Rivail descobriu que em uma de suas encarnações anteriores foi um sacerdote druida, de nome Allan Kardec. Foi então que resolveu adotar este pseudônimo durante a codificação da nova doutrina, que viria a se chamar Doutrina Espírita ou Espiritismo. Kardec assim procedeu para que as pessoas, ao tomarem conhecimento dos novos ensinamentos espirituais, não os aceitassem por ser ele, um conhecido educador, quem estivesse divulgando. Mas sim, que todos os que tivessem contato com a boa nova a aceitassem pelo seu teor racional e sua metodologia objetiva, independente de quem a divulgasse ou a apoiasse.

O que é a Doutrina Espírita
A Codificação
A partir daí foram 14 anos de organização da Doutrina Espírita. No início, para receber dos Espíritos as respostas sobre os objetivos de suas comunicações e os novos ensinamentos, Kardec utilizou um novo mecanismo, a chamada cesta-pião: um tipo de cesta que tinha em seu centro um lápis. Nas bordas das cestas, os médiuns, pessoas com capacidade de receber mais ostensivamente a influência dos Espíritos, colocavam suas mãos, e através de movimentos involuntários, as frases-respostas iam se formando. Julie e Caroline Baudin, duas adolescentes de 14 e 16 anos respectivamente, foram as médiuns mais utilizadas por Kardec no início.
Com o decorrer do tempo, a cesta-pião foi dando lugar à utilização das próprias mãos dos médiuns, fenômeno que ficou conhecido como psicografia.
Todas as perguntas e respostas feitas por Kardec aos Espíritos eram revisadas e analisadas várias vezes, dentro do bom senso necessário para tal. As mesmas perguntas respondidas pelos Espíritos através das médiuns eram submetidas a outros médiuns, em várias partes da Europa e América. Isso para que as colocações dos Espíritos tivessem a credibilidade necessária, pois estes médiuns não mantinham contato entre eles, somente com Kardec. Consequentemente, as respostas, se iguais, demonstravam que vinham da mesma fonte espiritual. Lembremos sempre que as perguntas e respostas de cunho moral eram submetidas a comparações com o Evangelho de Jesus, exemplo primordial para a boa conduta. Assim como as respostas sobre ciência e filosofia deveriam ter como marco a objetividade e a razão.
Este controle rígido de tudo o que vinha de informações do mundo espiritual ficou conhecido por “Controle Universal dos Espíritos” (ver a introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo, item II). Disto, estabeleceu-se dentro da Doutrina Espírita que qualquer informação vinda do plano espiritual só teria validade para o Espiritismo se fosse constatada em vários lugares, através de diversos médiuns, que não mantivessem contato entre si. Fora isso, toda comunicação espiritual será uma opinião particular do Espírito comunicante, por mais conhecido que este seja.
Com todo um esquema coerentemente montado, Allan Kardec preparou o lançamento das cinco Obras Básicas da Doutrina Espírita, a Codificação, tendo início em 1857 com o lançamento de O Livro dos Espíritos. Estes livros contêm toda a teoria e prática da doutrina, os princípios básicos e as orientações dos Espíritos sobre o mundo espiritual e sua constante influenciação sobre o mundo material.
Durante a codificação, Kardec lançou um periódico mensal chamado Revista Espírita, em 1858. Nele, comentava notícias, fenômenos mediúnicos e informava aos adeptos da nova doutrina o crescimento da mesma e sua divulgação. Servia várias vezes como fórum de debates doutrinários, entre partidários e contrários ao Espiritismo. A Revista Espírita foi a semente da imprensa doutrinária.
No mesmo ano, Kardec viria a fundar a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Constituída legalmente, a entidade passou a ser a sociedade central do Espiritismo, local de estudos e incentivadora da formação de novos grupos.
Allan Kardec desencarnou em 31 de março de 1869, aos 65 anos, vítima de um aneurisma. Sua persistência e estudo constantes foram essenciais para a elaboração do movimento espírita e organização dos ensinos do Espírito de Verdade.

Resumo das Obras Básicas da Doutrina Espírita
· O Livro dos Espíritos: lançado por Allan Kardec em 1857, é o principal livro da Doutrina Espírita. Podemos chamá-lo de espinha dorsal, pois sustenta todas as outras obras doutrinárias. Divide-se em quatro partes: “As causas primárias”; “Mundo espírita ou dos Espíritos”; “As leis morais”; e “Esperanças e consolações”. É composto de 1018 perguntas feitas por Kardec aos Espíritos superiores responsáveis pela vinda do Espiritismo aos homens. O que é Deus? De onde viemos? Para aonde vamos? O que estamos fazendo na Terra? Estas são algumas das questões respondidas pela falange do Espírito de Verdade.
· O Livro dos Médiuns: teve seu lançamento em 1861. Nele, Allan Kardec mostra os benefícios e os perigos da mediunidade, ou seja, o canal que liga o homem encarnado ao mundo espiritual. Demonstra que embora todos os seres vivos possuam esta abertura de contato, há aqueles que a têm de uma forma mais abrangente. Kardec e os Espíritos superiores alertam sobre a sutileza desta faculdade, para que uma pessoa possa contatar os Espíritos sem ser prejudicada por entidades maléficas, descontrolando sua mediunidade.
· O Evangelho Segundo o Espiritismo: editada em 1864, esta obra pode ser entendida como a parte moral da Doutrina Espírita. Nela, Kardec e os Espíritos superiores comentam numa linguagem acessível as principais passagens da vida de Jesus. Explicam suas parábolas e demonstram a grandiosidade do Mestre nos seus ensinos, dando-nos, além disso, conselhos importantes sobre nossa conduta diária frente às dificuldades e dúvidas da vida.
· O Céu e o Inferno: Kardec lançou este livro em 1865. Através da evocação dos Espíritos de pessoas das mais diferentes classes sociais, crenças e condutas, demonstra-nos como foi a chegada e a vivência espiritual destes seres após o seu desencarne. Rainhas, camponeses, religiosos, assassinos, ignorantes e intelectuais são alguns dos que contam o que os aguardava depois de suas atitudes terrenas e como poderão ser suas vidas futuras.
· A Gênese: nesta obra, de 1868, Kardec explica a Gênesis Bíblica, a formação do Universo, demonstrando a coerência da mesma quando confrontada com os conhecimentos científicos, despida das alegorias próprias da época em que foi escrita. Expõe o que são os milagres, explicados pelas leis da natureza, produtos da modificação dos fluidos que nos cercam. Enfim, faz a religião e a ciência caminharem juntas, fortalecendo a fé dos que crêem em Deus.

Perguntas

1) Em que país, data e ano foi lançado o primeiro livro da Codificação Espírita? Qual era o nome da obra?
2) Quais são os cinco livros Básicos da Doutrina Espírita?
3) Qual o livro básico da Codificação que cita as principais passagens da vida de Jesus e as comenta?
4) Há um livro da Codificação que fala principalmente sobre mediunidade. Qual é?
5) Coloque (V) Verdadeiro ou (F) Falso
a) ( ) A Doutrina Espírita é uma religião cristã.
b) ( ) A promessa do Consolador Prometido está no Evangelho segundo João, cap. 14; vers 16 a 26.
c) ( ) Controle Universal dos Espíritos é um método para controlar as reencarnações.
d) ( ) Allan Kardec era médico.

Aula 2

Princípios Básicos da Doutrina Espírita

A Doutrina Espírita tem como princípios básicos de sua crença:
2.1 A existência de Deus;
2.2 Existência do Espírito, sua sobrevivência após a morte e sua comunicação com o mundo material;
2.3 Reencarnação;
2.4 Evolução moral e intelectual dos espíritos;
2.5 Lei de Causa e Efeito.
Podemos observar, então, que alguns desses princípios encontram-se em todas as religiões cristãs. Ou seja, tanto o Catolicismo, como o Protestantismo e suas diversas ramificações, crêem em Deus e na existência de alguma forma de uma vida espiritual. Isso, porque Jesus sempre deixou muito claro ambos, falando em suas parábolas e em seus ensinamentos.
Mas, por que existe Deus? Se há mundo espiritual, como é a vida lá? E vivendo no mundo espiritual, pode se fazer contato com o mundo material? Vivemos uma só vida? Todos temos a mesma evolução espiritual? O que fazemos, de bom ou ruim, recebemos de volta?
Estas perguntas que sempre nos atormentaram têm uma explicação racional na Doutrina Espírita. E veremos que para todas elas existe algo a respeito na Bíblia, que com a luz do Espiritismo podemos compreender.

2.1 A existência de Deus
A existência de Deus é o primeiro assunto de “O Livro dos Espíritos”. Allan Kardec e a falange do Espírito de Verdade entenderam a necessidade de nos falar primordialmente sobre isso, pois crer em Deus, não só emocionalmente, mas também racionalmente, irá nos favorecer a compreensão de toda sua criação. Consequentemente, conseguiremos saber o porquê da vida e qual nosso objetivo de existência. Abaixo, reproduzimos as primeiras perguntas e respostas da obra citada:
1. Que é Deus?
Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.
2. Que se deve entender por infinito?
O que não tem começo nem fim: o desconhecido; tudo que é desconhecido é
infinito.
3. Poder-se-ia dizer que Deus é o infinito?
Definição incompleta. Pobreza da linguagem humana, insuficiente para definir o que está acima da linguagem dos homens.
Deus é infinito em Suas perfeições, mas o infinito é uma abstração. Dizer que Deus
é o infinito é tomar o atributo de uma coisa pela coisa mesma, é definir uma coisa que não está conhecida por uma outra que não está mais do que a primeira.

Provas da existência de Deus
4. Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?
Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá.
Para crer-se em Deus, basta se lance o olhar sobre as obras da Criação. O Universo existe, logo tem uma causa. Duvidar da existência de Deus é negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pôde fazer alguma coisa.
5. Poder-se-ia achar nas propriedades íntimas da matéria a causa primária da formação das coisas?
Mas, então, qual seria a causa dessas propriedades? É indispensável sempre uma causa primária.
Atribuir a formação primária das coisas às propriedades íntimas da matéria seria tomar o efeito pela causa, porquanto essas propriedades são, também elas, um efeito que há de ter uma causa.
7. Que se deve pensar da opinião dos que atribuem a formação primária a uma combinação fortuita da matéria, ou, por outra, ao acaso?
Outro absurdo! Que homem de bom senso pode considerar o acaso um ser inteligente? E, demais, que é o acaso? Nada.
A harmonia existente no mecanismo do Universo patenteia combinações e desígnios determinados e, por isso mesmo, revela um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso é insensatez, pois que o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a inteligência produz. Um acaso inteligente já não seria acaso.
8. Em que é que, na causa primária, se revela uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências?
Tendes um provérbio que diz: Pela obra se reconhece o autor. Pois bem! Vede a obra e procurai o autor. O orgulho é que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite acima de si. Por isso é que ele se denomina a si mesmo de espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!
O poder de uma inteligência se julga pelas obras. Não podendo nenhum ser humano criar o que a Natureza produz, a causa primária é, consequentemente, uma inteligência superior à Humanidade.
Quaisquer que sejam os prodígios que a inteligência humana tenha operado, ela própria tem uma causa e, quanto maior for o que opere, tanto maior há de ser a causa primária. Aquela inteligência superior é que é a causa primária de todas as coisas, seja qual for o nome que lhe dêem.
Com essas questões, vemos qual o entendimento da Doutrina Espírita sobre Deus.
Na Bíblia, há muitas passagens falando a respeito da existência do Pai criador. Porém, uma das mais importantes encontra-se na “Oração do Pai Nosso” (Mateus, VI; versículos 9 a 13), onde Jesus nos ensina a orar, agradecendo e pedindo a Deus a luz para nossa existência.

2.2 Existência do Espírito, sua sobrevivência após a morte e
sua comunicação com o mundo material
153. Em que sentido se deve entender a vida eterna?
A vida do Espírito é que é eterna; a do corpo é transitória e passageira. Quando o corpo morre, a alma retoma à vida eterna.”
A Doutrina Espírita nos explica que o Espírito é eterno, como afirmado na questão acima de O Livro dos Espíritos.
A existência da vida espiritual é muito citada por Jesus nos Evangelhos. E se existe essa vida, lá vivem os Espíritos. Mas o que são os Espíritos? Vejamos o que diz O Livro dos Espíritos:

23. Que é o Espírito?
O princípio inteligente do Universo.
a) - Qual a natureza íntima do Espírito?
Não é fácil analisar o Espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele nada é, por não ser palpável. Para nós, entretanto, é alguma coisa. Ficai sabendo: coisa nenhuma é o nada e o nada não existe.”
24. Espírito é sinônimo de inteligência?
A inteligência é um atributo essencial do Espírito. Uma e outro, porém, se confundem num princípio comum, de sorte que, para vós, são a mesma coisa.
25. O Espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como ascores o são da luz e o som o é do ar?
São distintos uma do outro; mas, a união do Espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria.”
27. Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o Espírito?
Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal...
A Doutrina Espírita também nos ensina que os Espíritos nada mais são do que as almas dos homens que materialmente viveram na Terra. Ou seja: quando encarnado, o Espírito tem a denominação de alma; ao desencarnar-se e voltar à vida espiritual, é denominado Espírito. Esta diferença de terminologia existe apenas para diferenciar um estado do outro. Dessa forma, existindo o mundo espiritual e os Espíritos, estes têm a condição de se comunicarem com os encarnados. Há muitas passagens nas Escrituras Sagradas (Bíblia) que falam sobre esse intercâmbio (adiante, conheceremos uma delas).
Deus nunca parou de criar Espíritos, povoando diversos mundos habitados no universo. É Jesus mesmo quem diz: “Na casa de meu Pai há muitas moradas” (João, XIV;2). E todos os espíritos são criados simples e ignorantes. Ou seja, nenhum de nós teve privilégios ao sermos criados. Coube a cada um de nós, através de cada reencarnação, adquirir experiências que nos tornaram como somos hoje.

2.3 A reencarnação
Compreendemos, assim, que nós mesmos conquistamos nossa evolução, vida após vida, encarnação após encarnação. Todas as experiências que vivenciamos, sejam boas ou más, servirão para compor nossa história espiritual.
Isso explica, por exemplo, porque há pessoas que têm tendências para um desenvolvimento precoce para a música, pintura, matemática e demais artes sem terem tido nenhum incentivo para isso nesta existência.
Por outro lado, há os que desde crianças têm o chamado popularmente “gênio forte”, onde impera a violência, a impaciência, o egoísmo. Tanto para o bem quanto para o mal estas tendências nada mais são do que a demonstração do que compõe a nossa história espiritual, traduzida e apresentada como inclinações que temos na vida presente. Caberá a cada um de nós alimentarmos estas vocações (se forem para o bem) ou cerceá-las (se forem para o mal). E é nisso que resulta a sabedoria de Deus na reencarnação. Nela, nós mesmos colheremos o que de bom ou ruim semearmos.
Com isso, a Doutrina Espírita põe fim às penas eternas, incoerentes com a bondade e misericórdia suprema do Pai. Pois se nós, seres imperfeitos, sabemos perdoar e dar novas oportunidades a nossos filhos, muito mais o fará Deus. Ao invés de jogar eternamente no inferno quem errou, dá novas oportunidades de vida, onde se colherá o que se plantou, aprendendo o melhor caminho a seguir.
Além disso, a reencarnação consegue explicar os porquês de problemas de nascença, ou de problemas que nos acompanham no decorrer da vida. Se as causas não se acharem presentes na atualidade, só podem ser frutos de atitudes cometidas em outras existências. Senão, onde estaria a justiça de Deus, que deu saúde e paz a uns e desgraças a outros? Só a reencarnação mostra como o Pai é sábio e justo, pois sua Lei espiritual dá a cada um segundo suas obras, visando sempre um único destino para todos: a felicidade eterna.
Na Bíblia, no Evangelho segundo Mateus, XVII; versículos 1 a 13, na passagem denominada “Transfiguração”, há vários elementos que nos comprovam o que a Doutrina Espírita nos ensina:
“Tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago e a João, seu irmão, e os conduziu em particular , a um alto monte. E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu com o sol, e os seus vestidos se tornaram brancos como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele... E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro? E Jesus respondendo-lhes, disse: Em verdade, Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas. Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do Homem. Então, entenderam os discípulos que ele lhes falara de João Batista”.
Aqui, podemos observar a existência do mundo espiritual, a comunicação dos Espíritos e a reencarnação. Jesus deixa bem claro que João Batista, seu primo e pregador, que havia vivido junto com ele, antes de ser preso e decapitado pelo rei Herodes, foi na verdade a reencarnação do profeta Elias, que vivera há mais de 900 anos antes de Jesus. Naquele momento, depois de seu desencarne, João apresentava-se a Jesus com a aparência de Elias, juntamente com Moisés, outro profeta desencarnado há 1700 anos.
Abaixo, mais algumas passagens da Bíblia que falam sobre a reencarnação e a confusão que os Judeus faziam com ressurreição. Isso porque, reencarnação é o renascimento do Espírito para viver em um novo corpo, que nada tem a ver com o anterior. É o que acredita a Doutrina Espírita. Já ressurreição é a volta do Espírito no mesmo corpo que havia habitado, mesmo que esse já tenha sido decomposto, que é o que crêem outras religiões.
Essa confusão fez com que Jesus não falasse diretamente da reencarnação para o povo, mas sim apenas com seus discípulos mais próximos, que teriam uma melhor condição espiritual de compreender o processo que envolve a reencarnação. Mas mesmo entre eles, havia dificuldade para o entendimento completo. Por isso, Jesus deixa muitas vezes subtendido o assunto. Vejamos em Marcos, VI; 14 e 15 / Lucas, IX; 7 a 9:
“Jesus expulsava muitos demônios e curava enfermos. E ouviu isto o rei Herodes (por que o nome de Jesus se tornara notório), e disse: João, o que batizava, ressuscitou dos mortos, e por isso estas maravilhas operam nele. E outros diziam: Ele é Elias, ou um dos profetas. Herodes, porém, disse: Este é João, que mandei degolar, e ressuscitou dos mortos”.
Em Marcos, VIII; 27:
“Jesus interrogou a seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que eu sou? E eles disseram: Dizem que é João Batista, outros que é Elias; e outros, um dos profetas”.
Nestas duas passagens, não podiam estar se referindo à ressurreição, mas sim à reencarnação, pois a ressurreição traria João, ou outros dos profetas, com o mesmo corpo de antigamente. E Jesus tinha nascido, seus pais eram conhecidos, e portanto, não poderia ser a ressurreição de nenhum deles. Mas sim, a reencarnação. O que falavam as pessoas, o rei Herodes e os discípulos demonstra a confusão entre ressurreição e reencarnação, mas deixa claro que a crença na volta do Espírito à vida era conhecida, mas não compreendida.
Em João, IX; 1 a 41:
“Jesus viu um cego de nascença, e seus discípulos lhe perguntaram: Rabi, quem pecou para que esse homem nascesse cego, ele ou seus pais? Jesus então lhes disse: Nem ele pecou, nem seus pais, mas foi assim para que se manifestasse nele as obras de Deus”.
Passagem que demonstra mais claramente ainda que os discípulos e Jesus conversavam sobre a reencarnação. A pergunta dos apóstolos sobre quem teria pecado para que aquele homem nascesse assim nos indica que havia uma dúvida sobre o processo reencarnatório. E mais, se o cego era de nascença, como ele poderia ter pecado, senão em outra vida?
E Jesus, então, ensina que não se tratava de uma expiação, ou seja, do pagamento de um erro de outras vidas; mas que aquela situação era uma prova por qual passava o Espírito, e que teria fim com o “milagre” de Jesus. Falaremos mais sobre provas e expiações no item “Lei de Causa e Efeito”.

2.4 Evolução moral e intelectual dos espíritos

Explica-nos a Doutrina Espírita que muitos são os níveis de evolução dos Espíritos. Cada Espírito escolhe o caminho que deseja seguir, seja no bem ou no mal; no estudo ou na ignorância, até que todos possam atingir o progresso.
A Doutrina nos ensina que devido a esta diferença de evolução existem milhares de mundos materiais que têm vida, e que eles estão divididos em cinco categorias. Os Espíritos encarnados habitam os mesmos, dependendo de sua condição moral/intelectual.
Esses mundos são:
· Primitivos: onde a ignorância é quase que total. Como exemplo, podemos citar a época dos homens das cavernas;
· De Provas e Expiações: similar à Terra, onde a ignorância, o mal, ainda superam o bem, embora a tecnologia e a inteligência estejam bem desenvolvidas;
· De Regeneração: próximo estágio do nosso planeta, onde o bem, a compreensão, superarão a ignorância;
· Felizes: orbes em que praticamente a ignorância inexiste, e as pessoas vivem para o bem da sociedade, buscando um progresso em conjunto;
· Divinos: locais onde só existe o entendimento das Leis divinas, não havendo lugar para o mal.
Para passar de um mundo para o outro, são necessários milhares de anos de dedicação e muitas vezes de sofrimento por parte dos Espíritos encarnados. Porém, o fim sempre será a evolução material e espiritual do planeta.
E nesse processo evolutivo, há diversidades de estágios dentro de cada mundo, embora não sejam muito grandes.
Na Terra, por exemplo, vemos diferenças de atitudes nas pessoas, mostrando uma escala de adiantamento espiritual. Mas, todos ainda estamos limitados a uma condição: a ignorância supera a compreensão.
Jesus comenta sobre esta diversidade na conhecida "Parábola do Semeador", que está em Mateus, XIII; 4 a 9:
“Eis que o semeador saiu a semear. E quando semeava, uma parte caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na. E outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda. Mas vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz. E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, e sufocaram-na. E outra caiu em boa terra, e deu fruto, um a cem, outro a sessenta e outro a trinta”.
O semeador da Parábola é Jesus. As sementes, seus ensinos. A parte que caiu ao pé do caminho simboliza as pessoas que escutam a palavra de Deus mas as desdenham, buscando apenas os interesses materiais, simbolizados pelas aves.
A parte dos pedregais simboliza as pessoas que escutam a palavra de Deus e ficam incentivadas a segui-las. No entanto, vão “com muita sede ao pote”, criando uma fé cega, sem bases racionais. Assim, não criam raízes. E quando vêm os problemas a que todos estamos sujeitos, simbolizados pelo sol, revoltam-se contra Deus, porque não compreendiam verdadeiramente seus ensinos.
A outra parte fala dos que escutam a palavra dos Evangelhos, até as acham importantes, mas as preocupações com o dinheiro e o poder, simbolizadas pelos espinhos, sufocam qualquer iniciativa de buscar a compreensão espiritual.
Por fim, a parte que caiu em terra boa fala das pessoas que escutam os ensinos e procuram praticá-los, visando um entendimento dos porquês da vida e da prática do bem ao próximo. Mas diz Jesus que até entre esses haverá diferenças, pois todos temos nossos limites. E a capacidade de praticar o bem difere de pessoa para pessoa.
Assim, caberá a cada um de nós escolhermos qual estágio gostaríamos de estar. Pois a semeadura de Jesus já está aí há mais de 2000 anos. Colhê-la ou não será uma escolha particular.

2.5 A Lei de Causa e Efeito

Tudo o que fizermos ao próximo, de bem ou mal, retornará para nós. É a chamada Lei de Ação e Reação, plantio e colheita. Tem um exemplo na Lei da Física, explicada por Newton, onde toda ação tem uma reação contrária, de mesma intensidade e sentido oposto.
Nosso mundo é de segunda categoria, classificado como de Provas e Expiações.
As expiações são a colheita nesta ou nas próximas existências do erro que tenhamos praticado em outras vidas. Não é um castigo, pois Deus não castiga. É sim a oportunidade de compreendermos nossos atos indevidos, sofrendo em nós mesmos o que fizemos outro sofrer. Com isso, nosso espírito absorve a experiência, a terá a tendência de não mais praticá-lo.
Jesus fala da Expiação na passagem onde ocorre sua prisão, que está em Mateus, XXVI; 52.
“Então, disse Jesus a Pedro: Mete no seu lugar a tua espada: porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão”.
Nesta passagem, o apóstolo Pedro tentava defender Jesus, ameaçando um guarda com uma espada. E até neste difícil momento, Jesus aproveitou para nos ensinar o quanto devemos pensar antes de agir. Caso contrário, não poderemos reclamar do que nos espera no futuro.
As provas são as situações que ocorrem em nossa vida para ajudar-nos a desenvolvermos a paciência, a inteligência, a humildade e a perseverança. Não têm nada a ver com atos cometidos em outras vidas. Deus as coloca em nosso caminho com o intuito de nos incentivar no desenvolvimento de nossos sentimentos e habilidades, fazendo-nos ter “jogo de cintura” e sensatez frente aos percalços da vida.

O Perispírito e o Fluido Universal
O Espírito, por ser de natureza abstrata, não tem forma. Por isso, reveste-se de um elemento fluídico, semimaterial, chamado Perispírito.
Encarnado ou desencarnado, o Espírito reveste-se desta “roupagem”. Na verdade, o Perispírito é o elo de ligação entre o Espírito e a matéria. Tem natureza fluídica, sendo uma modificação do Fluido Universal. O Fluido Universal é a base de todos os elementos materiais do universo. Nossos cientistas contemporâneos buscam incessantemente comprovar a existência de um elemento básico de tudo que existe no campo material. Este elemento é chamado pela Doutrina de Fluido Universal.
Pode o Perispírito ficar ou não visível e/ou tangível, porém, sempre estará presente no Espírito em sua caminhada evolutiva. Abaixo, algumas questões sobre o assunto em “O Livro dos Espíritos”:
93. O Espírito, propriamente dito, nenhuma cobertura tem, ou, como pretendem alguns, está sempre envolto numa substância qualquer?
Envolve-o uma substância, vaporosa para os teus olhos, mas ainda bastante grosseira para nós; assaz vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira.
Envolvendo o gérmen de um fruto, há o perisperma; do mesmo modo, uma substância que, por comparação, se pode chamar perispírito, serve de envoltório ao Espírito propriamente dito.
94. D e onde tira o Espírito o seu invólucro semimaterial?
Do fluido universal de cada globo, razão por que não é idêntico em todos os mundos. Passando de um mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa.

Os médiuns
A mediunidade é o meio pelo qual os Espíritos têm condições de influenciar diretamente os encarnados, sejam estas influências boas ou más. Portanto, todos temos alguma mediunidade, pois todos sofremos influenciações do mundo espiritual. Porém, há uma diferença em ter mediunidade e ser um médium com possibilidades de perceber mais claramente a presença dos Espíritos.
Em O Livro dos Médiuns, capítulo XIV, item 159, Allan Kardec define os médiuns da seguinte forma:
“159. Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva. E de notar-se, além disso, que essa faculdade não se revela, da mesma maneira, em todos. Geralmente, os médiuns têm uma aptidão especial para os fenômenos desta, ou daquela ordem, donde resulta que formam tantas variedades, quantas são as espécies de manifestações.
“As principais são: a dos médiuns de efeitos físicos; a dos médiuns sensitivos, ou impressionáveis; a dos audientes; a dos videntes; a dos sonambúlicos; a dos curadores; a dos pneumatógrafos; a dos escreventes, ou psicógrafos. “
*Allan Kardec não cita os médiuns psicofônicos, pois durante a Codificação os chamados médiuns “falantes” não eram tão comuns, ao contrário do que acontece hoje.

Perguntas
1) Quais são os princípios básicos da Doutrina Espírita?
2) O Espírito é a inteligência? Comente sua resposta.
3) Para que serve o perispírito? Do que ele é formado?
4) Cite uma passagem da Bíblia onde pode se entender a reencarnação.
5) Coloque (V) Verdadeiro ou (F) Falso
a) ( ) Nem todo o homem tem mediunidade.
b) ( ) Os fluidos são a parte inteligente do Universo.
c) ( ) Mundo de Regeneração é o estágio em que se encontra a Terra.
d) ( ) A Lei de Ação e Reação contribui para o progresso do Espírito.


Aula 3

O que é um centro espírita
Existe uma confusão muito grande a respeito do que é ou não é Doutrina Espírita ou Espiritismo. Isto porque há pessoas que não sabem que as palavras “espírita” e “espiritismo” foram criadas em 1857, na França, pelo codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec. Somente deveriam utilizarem-se destes termos os locais religiosos ou pessoas que seguissem os postulados desta doutrina.
Assim, cultos e religiões que de alguma forma têm em suas práticas a comunicação de Espíritos e a crença na reencarnação são confundidas erroneamente com o Espiritismo.
Na verdade, embora mereçam todo o respeito dos espíritas verdadeiros, estas seitas são adeptas do espiritualismo ou esoterismo, e não do Espiritismo.
Todos aqueles que acreditam na existência do Espírito são espiritualistas. Mas nem todos os espiritualistas são espíritas, praticantes do Espiritismo.
Para que uma casa religiosa seja espírita, ela deve seguir os ensinamentos contidos nas Obras Básicas da Doutrina Espírita e no Evangelho de Jesus. Geralmente, os locais espíritas recebem o nome de: Centro, Grupo, Casa, Sociedade, Instituição ou Núcleo Espírita. Deve ser legalmente constituído, de acordo com as leis vigentes no país em que está instalado. Mesmo ostentando este nome, quem os visita necessita estar atento para quais as atividades e as formas como as mesmas são praticadas por seus dirigentes e auxiliares, para que se tenha a certeza de estar em um centro espírita.
Mostraremos abaixo, o que se encontra e o que não deve ser encontrado em uma casa espírita verdadeira.
Palestras x Explanações e orações ao som de músicas, batuques, atabaques
Todo centro espírita tem o seu momento de esclarecimento doutrinário. As exposições geralmente são sobre a Codificação espírita e o Evangelho de Jesus, em uma ligação direta com nosso cotidiano. Não há nenhum ritual antes dos trabalhos, a não ser uma prece evocando a proteção de Jesus e dos bons Espíritos (geralmente, a oração é feita em pensamento). Em algumas oportunidades, antes ou no final das palestras, alguns grupos fazem a apresentação de corais musicais, quase sempre formados por grupos de jovens. Porém, este tipo de procedimento não é aconselhável, sendo indicado que seja praticado em datas e horários diferentes dos trabalhos espirituais e de esclarecimento ao público, exatamente para se evitar confusões e mal-entendidos.
O Espiritismo não utiliza instrumentos musicais para exortar o público ou evocar Espíritos. Não há o uso de qualquer instrumento durante os trabalhos.
Trajes normais x Trajes especiais
Os trabalhadores de uma casa espírita trajam-se normalmente, de forma simples. A discrição deve fazer parte dos que trabalham no local, pois ali estão para auxiliar as pessoas que buscam orientação para seus problemas materiais e espirituais.
O Espiritismo não tem roupas especiais para os dias de trabalhos ou mesmo no dia-a-dia dos seus adeptos. Enfeites, amuletos, colares, vestimentas com cores que significariam o bem (branca) ou o mal (negra, vermelha) não têm fundamento para o espírita.
Inexistência de rituais, amuletos e imagens x Presença de rituais e/ou sacrifícios de animais
O verdadeiro centro espírita não pratica em suas atividades nenhum tipo de ritual. A Doutrina Espírita segue o que o Mestre Jesus ensinou: que Deus é Espírito, e deve ser adorado em espírito e verdade. Portanto, sem a necessidade de nada material para contatarmos com a espiritualidade, ou ainda: ajoelhar-se frente a algo ou alguém, beijar a mão ou louvar os responsáveis pela casa, benzer-se, sentar-se no chão ou ficar levantando e sentando durante os trabalhos, proferir determinadas palavras (mantras) para evocar os Espíritos.
Nas sedes dos verdadeiros centros espíritas não são encontradas imagens de santos ou personalidades, amuletos de sorte, figuras que afastam ou atraem maus Espíritos, incensos, velas e tudo o mais que seja material e que teoricamente serviria de ligação com o mundo espiritual. O Espiritismo é contrário a qualquer tipo de sacrifício animal. Espíritos que pedem este tipo de atividade são Espíritos atrasados, ignorantes da Lei de Deus e muitas vezes maléficos, que podem prejudicar a vida de quem dá ouvidos aos seus baixos desejos.
Comunicação particular com os Espíritos x Comunicação de Espíritos em público
Os grupos espíritas têm reuniões específicas e íntimas para que os trabalhadores da casa, aptos e preparados durante longos estudos para tal, possam comunicar-se com os Espíritos. E através deles, obter informações do mundo espiritual, orientações e mesmo ajudar no afastamento de perturbações espirituais que porventura estejam prejudicando alguém. Todo este cuidado baseia-se na orientação dos próprios Espíritos superiores, responsáveis pela elaboração do Espiritismo, como também no alerta de João, o Evangelista, que em sua 1ª Epístola, capítulo IV, versículo 1, diz: “Amados, não creiais em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus”. Agindo assim, o centro espírita evita o máximo possível a influência de Espíritos zombeteiros e maldosos, que muitas vezes vêem neste contato com os encarnados a oportunidade de tecer comentários mentirosos e doutrinas esdrúxulas. A seriedade de reuniões fechadas os intimida, favorecendo a presença dos Espíritos esclarecidos.
Há alguns tipos de trabalhos mediúnicos, principalmente de psicografia (escrita dos Espíritos através de médiuns), onde pessoas levam até lá o nome de entes desencarnados para tentarem a comunicação dos mesmos através da mediunidade, e ficam observando a manifestação. O médium Francisco Cândido Xavier, conhecido como Chico Xavier, da cidade mineira de Uberaba, é um destes exemplos. Porém, nestes casos, o Espírito não se comunica diretamente com seu parente. Apenas influencia o médium, que escreverá, de forma discreta e ordenada, a mensagem do além.
A Doutrina Espírita é contrária a manifestação pública dos Espíritos, principalmente se for cercada de curiosidades e interesses materiais, ao invés do bom senso que deve permear toda comunicação espiritual. Há locais em que os médiuns recebem seus “guias” ou “Espíritos protetores”, teoricamente responsáveis pelo funcionamento da casa, e orientam os consulentes sobre qualquer tipo de dúvida. Muitas vezes, as respostas dadas por este tipo de Espírito não têm base científica ou doutrinária alguma, seguindo apenas seu próprio conhecimento, que pode ser limitado. Em vários destes lugares em que há a manifestação pública, as entidades espirituais são servidas de fumo, bebida, comida, ingeridas pelo médium incorporado. Com isso, mostram a limitação destes Espíritos, ainda muito apegados aos vícios e prazeres materiais.
Desenvolvimento cauteloso da mediunidade x Desenvolvimento mediúnico forçado
A Doutrina Espírita explica que todo ser vivo tem mediunidade, pois é através dela que os encarnados recebem influências boas e más do mundo espiritual, que servirão de ajuda ou aprendizado no decorrer de suas existências terrenas. São chamados de médiuns aqueles capazes de proporcionar a manifestação dos espíritos. O Espiritismo adverte que para poder ampliar esta ligação com o mundo espiritual, é necessário que o médium passe por uma série de preparativos. Anos de estudo, maturidade, modificação moral constante, vida regrada, abstendo-se dos vícios mais grosseiros, como o fumo e a bebida, são algumas das regras básicas para que o indivíduo possa vir a desenvolver corretamente sua mediunidade, e estão contidas em “O Livro dos Médiuns”. Os centros espíritas verdadeiros não aconselham a pessoa a trabalhar mediunicamente sem antes passar por este período e preparação citados. Muito menos diz que alguém “precisa” desenvolver a mediunidade. Ninguém é obrigado a nada, afirma a Doutrina. Todos têm seu livre-arbítrio, e mesmo que o ser tenha um canal mediúnico amplo, próprio para o desenvolvimento da mediunidade, e não quiser desenvolvê-lo, não há problema. Tudo o que é forçado é prejudicial ao homem.
Se ao chegar em um ambiente espiritualista lhe afirmarem que sua mediunidade “precisa” ser desenvolvida, caso contrário você sofrerá as consequências materiais e espirituais; sua vida será um transtorno; que os Espíritos estão lhe chamando para o trabalho; que esta é a sua missão; com certeza este não é um local que segue a Doutrina Espírita. Há seitas e religiões afro-brasileiras que obrigam a pessoa a desenvolver-se mediunicamente e depois as ameaçam com terríveis problemas futuros se elas deixarem de “trabalhar”. Isto gera angústia, medo e desespero nos envolvidos, que geralmente acabam vítimas de graves obsessões (influência maléfica persistente de um Espírito atrasado sobre outro ser). Cuidado!

Não há promessas de curas x Promessas de cura
O verdadeiro centro espírita não promete a cura para quem o procura. A Doutrina afirma que a cura de uma influência espiritual ou doença material depende de uma série de fatores, entre os quais a modificação moral do enfermo, sua necessidade, seus problemas relacionados com encarnações anteriores e acima de tudo, se há ou não a permissão de Deus para que haja a solução da dificuldade. Muitas vezes, o sofrimento é um período necessário para o ser refletir sobre sua existência, e o único que sabe quando é a hora disso terminar é o Criador.O que o centro espírita faz é um pronto-socorro aos necessitados de amparo e esclarecimento, e de todas as formas possíveis (orações, tratamentos espirituais, passes, orientações morais e materiais) tenta minimizar o sofrimento alheio, rogando a Jesus que se o Pai permitir, que interceda junto ao indivíduo.
Qualquer lugar que prometa a cura de problemas espirituais ou materiais, sem levar em consideração os fatores já citados, não é um local espírita. Condicionar uma cura à frequência exclusiva naquele ambiente, ao pagamento de dinheiro ou bens materiais, ou mesmo à “força da casa” não tem base no Espiritismo e foge do bom senso que regula as Leis de Deus. Estas, não podem ser modificadas de acordo com nossa vontade. Por isso, prometer algo que não depende apenas de nós mesmos beira a irresponsabilidade e pode levar a pessoa desesperada ao desequilíbrio total ou à descrença em Deus.

Passes simples x Passes com movimentos e gestos bruscos
O passe é um método utilizado dentro dos centros espíritas. Nada mais é do que a simples imposição das mãos de médiuns sobre a fronte de outras pessoas, transmitindo-lhes fluidos magnéticos e espirituais (energias positivas do próprio médium e de bons Espíritos), no intuito de fortalecer-lhes o corpo e a parte espiritual. Jesus usou muito deste artifício ao curar os enfermos que o procuravam. Tem duração em média de 30 segundos a 01 minuto. Geralmente, é aplicado dentro de salas específicas, após a palestra, individual ou coletivamente, com o público sentado e o passista de pé. Apenas são feitas orações, em pensamento, pelos médiuns, rogando o amparo de Jesus àqueles que estão recebendo os fluidos. Os passistas não ficam incorporados pelos Espíritos, apenas recebem sua influência mental e fluídica.Importante: nunca há necessidade do passista tocar a pessoa que recebe o passe. Toques, apertos, carícias têm grandes possibilidades de serem mal-interpretados, gerando confusões, e por isso são dispensados no centro espírita.
Locais em que os passes são aplicados com movimentos bruscos, utilizando objetos, baforadas de cigarro ou charuto, estalando-se os dedos, repetindo mantras e cânticos, tocando várias partes do corpo do receptor não são centros espíritas. Passistas que transmitem os passes incorporados por entidades, fazendo orientações ou conversando normalemente, não são médiuns espíritas.
Todo o serviço espiritual é gratuito x Cobrança pela ajuda espiritual
O verdadeiro centro espírita não cobra nenhuma orientação ou ajuda espiritual de seu público, nem condiciona o recebimento de curas ou salvação às doações. Dar de graça o que de graça receber, ensinou Jesus, em alusão aos conhecimentos espirituais. Não aceita dinheiro por serviços prestados mediunicamente. Seus dirigentes e trabalhadores têm profissões próprias, que lhes dão o sustento financeiro necessário para suas vidas. Quem sustenta materialmente a casa espírita são seus trabalhadores/sócios, através de doações mensais, destinadas ao pagamento de aluguéis, manutenção, divulgação doutrinária e aquisição de alimentos, roupas e demais objetos a serem distribuídos às famílias carentes ou instituições filantrópicas que sejam assistidas pelo grupo. Todo valor arrecadado será exposto em balanços mensais, para que tanto trabalhadores como frequentadores tenham acesso sobre onde é investido o dinheiro do centro espírita. Caso algum frequentador da casa queira doar algo ao núcleo, é preferível que a doação seja feita em gêneros alimentícios, roupas, materiais de construção e afins, que poderão ser destinados aos carentes ou mesmo utilizados na manutenção da casa. Se houver por algum motivo uma doação em dinheiro, o centro espírita deverá fornecer um recibo ao doador e inscrever esta doação no balanço mensal do grupo.
Todo local que cobra dinheiro, favores ou exige qualquer coisa ou favor material devido à ajuda espiritual prestada não é um centro espírita. A cobrança financeira é própria de pessoas que vivem da exploração da crença alheia, contrariando os ensinos de Jesus. Há seitas que pedem dinheiro aos seus assistidos afirmando que será usado para o feitio de trabalhos espirituais, como a compra de velas, comida, roupas e coisas do gênero. Isso não é Espiritismo. Espíritos que se prestam a fazer serviços espirituais em troca de coisas materiais são entidades atrasadas, que nada de bom podem trazer aos que os procuram.
Não podemos comprar a paz de espírito e tranquilidade que buscamos, é isto que prega a Doutrina Espírita. Se não for esta a orientação do local, com certeza não é um ambiente espírita.

Os 10 principais serviços do centro espírita
A Doutrina Espírita, ou Espiritismo, tem como lema a liberdade de expressão. Assim, não há um órgão centralizador, como ocorre, por exemplo, na Igreja Católica. Há apenas os princípios básicos que sustentam a Doutrina, ou seja: a existência de Deus, dos Espíritos, a possibilidade da comunicação com eles, a existência do mundo espiritual, da Lei de causa e efeito e a reencarnação.
Diante disso, cada centro espírita tem a possibilidade de praticar as atividades doutrinárias da maneira que achar melhor. Colocaremos abaixo 10 das principais funções que devem ser praticadas dentro de um verdadeiro centro espírita. A prática correta ou não destas atividades vai variar de acordo com o conhecimento do grupo que dirigir a casa. E a melhor maneira de sabermos se os trabalhos estão sendo feitos dentro dos preceitos de Allan Kardec é analisarmos os resultados obtidos na orientação e tratamento dos problemas materiais e espirituais dos que buscam ajuda no centro espírita.

1) Recepção
Aquele que chega pela primeira vez no centro espírita geralmente tem uma série de dúvidas a respeito do funcionamento da casa. Muitas vezes nem sabe o que irá encontrar ali, haja visto a grande confusão que há na sociedade sobre o que é e o que não é Espiritismo. Havendo uma recepção, que pode ser uma simples mesa ou uma sala, o indivíduo poderá para lá se dirigir e obter as informações sobre horário de funcionamento da casa e trabalhos desenvolvidos.
É necessário que a pessoa responsável pela recepção tenha total conhecimento das atividades da casa e que se mantenha simpática em todos os momentos. Precisamos lembrar que a recepção é o primeiro contato do visitante com o centro espírita. E quase sempre é a primeira impressão que cativará ou afastará o público do grupo.

2) Palestras:
É o principal trabalho de uma casa espírita. O ser humano só consegue libertar-se de seus vícios morais ou materiais quando se esclarece dos malefícios que os mesmos trazem para sua existência. É através das palestras que os oradores conseguem levar o conhecimento espiritual existente na Doutrina Espírita.
Porém, por ser uma atividade de maior seriedade, deve ser entregue a pessoas preparadas doutrinariamente e experientes em relação à vida cotidiana.
O assistente precisa sentir no palestrante o que a Doutrina chama de força moral. Ou seja, que o expositor esteja falando de algo que conhece e pratica.
O tempo destinado à palestra também é importante. Muito curtas, são superficiais; compridas, tornam-se exaustivas. O ideal são palestras que tenham duração de no mínimo 30 minutos e no máximo 40 minutos.
Seu teor deve mesclar os postulados da Doutrina Espírita e o Evangelho de Jesus. Sempre que possível, relacioná-los com o dia-a-dia da sociedade. Assim, o ouvinte poderá fazer ligações do que está ouvindo com seus próprios problemas e dúvidas.
Importante: no momento da palestra, é aconselhável que as demais atividades da casa sejam interrompidas para que todos os trabalhadores e público possam escutá-la. Lembremos que a palestra será o agente modificador do necessitado e incentivador dos que prestam assistência no núcleo.

3) Atendimento particular
Chamado em alguns centros espíritas de consulta ou entrevista, este trabalho visa orientar e ajudar espiritualmente pessoas detentoras de problemas mais graves, e quando necessário, submetê-las a um tratamento espiritual.
Em uma sala reservada, um atendente e um auxiliar (trabalhadores experientes da casa) receberão para uma conversa íntima indivíduos desajustados emocionalmente, desesperados, com dificuldades familiares, amorosas, financeiras, desiludidos da vida.
A recepcionista da casa se encarregará de preencher uma ficha com os dados básicos do atendido (nome, idade, estado civil, endereço), encaminhando-a aos atendentes. Estes, após conversarem com a pessoa, farão os demais apontamentos que julgarem necessários para o acompanhamento do caso, como: estado emocional, religião praticante, se é portador de algum desequilíbrio mental já diagnosticado por médicos, se está sob efeito de remédios, e outras informações que poderão ajudá-los em um possível tratamento espiritual.
Casas que já possuem médiuns devidamente preparados poderão detectar durante a entrevista ou em uma reunião mediúnica se há ou não uma influência espiritual atuando junto ao ser, orientando-o após isso sobre as atitudes a serem tomadas. Caso contrário, o atendente terá seu trabalho limitado, mas poderá orientar o indivíduo dentro de um posicionamento cristão, ajudando-o a corrigir seus defeitos e encontrar a paz procurada.
Importante:
a) Todas as informações prestadas pelo entrevistado ao atendente serão altamente sigilosas. As fichas que contêm anotações sobre a vida particular da pessoa deverão ficar em um fichário sob a responsabilidade daqueles que participaram da entrevista.
b) Caso haja a utilização de um médium verificando a atividade espiritual ao lado do atendido, possíveis manifestações de Espíritos nunca devem ocorrer na presença do necessitado, para evitar possíveis distúrbios psíquicos ou impressões indesejadas.

4) Reunião mediúnica:
Trata-se de uma reunião íntima onde apenas participam os médiuns (pessoas com maior capacidade de sentir a influência dos Espíritos) da casa e algum trabalhador auxiliar, pois ali muitas vezes serão tratados assuntos que dizem respeito à vida particular de pessoas que buscaram auxílio no centro espírita. Depois de passarem pela sala de atendimento, e verificadas possíveis influências espirituais (obsessão*), os casos serão levados às reuniões mediúnicas, ou de desobsessão. Nestas reuniões, o dirigente da sessão fará o que Allan Kardec denominou de evocação, ou seja: solicitará a Jesus e aos Espíritos superiores que permitam a manifestação da entidade espiritual que está acompanhando determinado ser. Ao se manifestar em um dos médiuns presentes, este Espírito receberá o que o Espiritismo chama de doutrinação, que nada mais é do que uma conversa franca e amigável com o Espírito comunicante. O trabalhador responsável tentará obter do Espírito o que ele deseja ao lado do necessitado e tentará convencê-lo a afastar sua influência, com a ajuda dos Espíritos que dirigem a casa.
A reunião mediúnica também pode servir para que os bons espíritos dêem orientações e para que os sofredores manifestem-se, podendo ser ajudados através da conversa.
Importante: para conseguirem-se bons resultados na doutrinação dos Espíritos é necessário que médium e doutrinador tenham uma vida moral sadia. Vícios materiais, como o cigarro, a bebida ou as drogas; e vícios morais, como o adultério, o orgulho, a sensualidade exagerada e a mentira devem ser combatidos rapidamente por aqueles que se dispõem a trabalhar em nome de Jesus em um centro espírita. Assim como nas palestras, onde o exemplo moral do palestrante é que tocará o indivíduo que o escuta, na mediunidade o Espírito só será convencido de que precisa se modificar se sentir que quem o está orientando ou dando-lhe passagem está esforçando-se também para isso. Caso contrário, a evocação dificilmente trará benefícios ao sofredor.

*Obsessão: Conforme define Allan Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. 28, item 81: “A obsessão é a ação persistente que um mau Espírito causa sobre um indivíduo”.
É diferente, portanto, de uma perturbação espiritual simples, que pode ser causada pelo estado emocional momentâneo por qual passamos.
Na obsessão, o Espírito mau tem o objetivo persistente de prejudicar o obsediado, seja por uma afinidade moral, com o intuito de aproveitar-se dele; seja pelo ódio que os une devido a encarnações passadas.
A obsessão, porém, nunca tem como causa o Espírito obsessor, mas sim, as más tendências que todos carregamos dentro de nós. Ou seja, o obsessor é sempre consequência de nossa condição moral, pois se estivéssemos livres do orgulho, do egoísmo, da maledicência, do nervosismo, da impaciência, da avareza, da sensualidade exagerada, não haveria como uma entidade má se aproximar de nós. Pois a aproximação só se dá pela afinidade de pensamentos e desejos.
Pensar e agir bem, portanto, é o melhor método de afastarmos as obsessões de perto de nós. E se necessário, a administração de um Tratamento Espiritual (descrito a seguir) dará grandes possibilidades de livrar o obsediado desta doença moral.

5) Tratamento espiritual:
Todo aquele em que foi diagnosticada uma obsessão poderá passar por um tratamento espiritual. Ele consiste na aplicação de passes semanais, ingestão de água fluidificada e o acompanhamento das palestras no centro espírita, buscando a análise constante das imperfeições que possibilitaram à má influência instalar-se ao seu lado, tentando melhorar-se moralmente a cada dia.
Este tratamento será complementado nas reuniões mediúnicas, onde os responsáveis pela ajuda continuarão a evocar a entidade perturbadora no sentido de orientá-la a seguir outro caminho.
Assim, atua-se nos dois campos que geram o problema obsessivo: o obsediado, orientando-o moralmente e auxiliando-o fluidicamente; e o obsessor, alertando-o de seu estado e encaminhando-o para um melhor estágio espiritual.

6) Passes:
Os passes são transmissões de fluidos de um ser para outro. Os fluidos são energias que fazem parte da estrutura material e espiritual dos seres. Nos centros espíritas é aconselhável que os médiuns passistas tenham uma vida regrada, sem os vícios já citados no item “Reuniões mediúnicas”. Afinal, se seus fluidos estiverem contaminados por maus pensamentos ou atitudes indevidas poderão prejudicar ao invés de auxiliar quem os recebe.
O passe é aplicado apenas com a imposição das mãos do passista sobre a fronte do indivíduo. Não é necessário tocá-lo.
No momento do passe, o passista busca sintonia com os Espíritos superiores, geralmente através de uma prece feita de pensamento. Com isso, estes amigos espirituais poderão ajuntar seus fluidos aos fluidos do médium, favorecendo ainda mais quem está recebendo. A pessoa após o passe irá se sentir fortalecida e mais disposta frente aos problemas por quais passa.
Importante: o passe é um complemento espiritual, e não a solução. Para que o indivíduo possa melhorar é necessário que busque constantemente a libertação de suas imperfeições. Aqueles que buscam a casa espírita apenas para receber o passe devem ser orientados sobre a necessidade do esclarecimento através das palestras e das boas leituras.

7) Livro de preces:
Muitas pessoas que vêm ao centro têm parentes e amigos que não podem acompanhá-los por variados motivos: doença, viagem, trabalho ou mesmo ignorância sobre o que é a Doutrina Espírita. Outras há que gostariam que seus entes desencarnados recebessem boas vibrações através de orações feitas no núcleo. O livro de preces serve para isso. As pessoas deixam lá os nomes, idade e endereço dos que elas gostariam que fossem beneficiados pela prece. Um trabalhador da casa pode ficar responsável por anotar os dados, que posteriormente serão levados para a reunião mediúnica. Assim, em determinada parte do trabalho, será feita uma prece a Jesus e aos bons Espíritos, pedindo que possam interceder junto àqueles que ali estão anotados.
Importante: sempre que possível, orientar ao público que embora as preces à distância possam levar ajuda, o ideal é a presença da pessoa na casa espírita, onde o amparo será mais direto e os resultados melhores.

8) Estudo doutrinário:
É indispensável ao bom funcionamento do centro espírita o estudo semanal das Obras Básicas da Doutrina Espírita. Para os trabalhadores em geral, é aconselhável a leitura de “O Livro dos Espíritos” e de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. Quanto aos que trabalham na mediunidade, a leitura de “O Livro dos Médiuns” torna-se obrigatória para o bom desenvolvimento de suas faculdades.
Se a casa espírita fica sem estudo torna-se presa fácil de Espíritos atrasados que vez por outra tentam atrapalhar o bom andamento dos trabalhos em nome de Jesus. Conhecendo as Obras Básicas da Doutrina, as orientações de Kardec e os conselhos dos Espíritos superiores, os trabalhadores do centro estarão mais atentos para saberem se estão ou não fazendo da casa um núcleo espírita sério.
As obras acessórias que existem no movimento espírita, psicografadas (escritas através de médiuns influenciados por Espíritos) por Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco e tantos outros médiuns de renome também podem ser estudadas, desde que não sejam o alvo principal dos estudos. O trabalhador precisa estudar e revisar constantemente as obras de Kardec para poder separar o joio do trigo existente nas obras acessórias.
Importante: para os que estão ingressando ou querendo ingressar nos trabalhos da casa, é importante que o centro tenha um curso para iniciantes, como o que estão participando.
Há vários cursos deste tipo no movimento espírita, que trazem um resumo da Doutrina e de sua história. É aconselhável que diferente dos trabalhadores, que devem estudar sempre, os iniciantes tenham um curso de curta duração (no máximo 5 meses, com aulas semanais). Caso contrário, poderão desanimar antes de conhecerem mais a fundo o Espiritismo.
Se o curso seguir estas dicas, com certeza será um grande auxiliar na captação de novos trabalhadores para o centro.

9) Assistência material:
A caridade material deve fazer parte de toda casa espírita. Se ficarmos apenas na teoria, sem colocar “a mão na massa”, o centro corre o risco de tornar-se apenas um núcleo de muita conversa e pouco serviço.
Trabalhos assistenciais a serem desenvolvidos não faltam: visitas a enfermos em hospitais, manicômios, orfanatos, asilos; distribuição de cestas de alimento, de roupas, de comida; desenvolvimento de escolas profissionalizantes, cursos de gestantes, evangelização infantil em favelas e muitas outras formas de auxílio aos carentes do pão material.
Todo trabalhador do centro espírita deve buscar ao menos um tipo de caridade material por semana. Isso desenvolverá dentro dele o sentimento de compaixão ao próximo, que lhe será muito útil em sua vida, dentro e fora da casa espírita.

10) Divulgação doutrinária:
A Doutrina Espírita precisa ser bem divulgada para que diminuam as confusões existentes entre ela e cultos espiritualistas ou afro-brasileiros. Ter uma biblioteca na casa é de extrema importância. O centro poderá comprar ou receber em doações uma série de livros doutrinários que possam esclarecer o leitor sobre as bases do Espiritismo e do mundo espiritual. Estas obras devem ser emprestadas ao público que terá cerca de vinte dias para ler e devolvê-la para a casa. Uma pessoa fica responsável pelo empréstimo e anotação do nome, endereço e telefone do locatário. Com isso, se caso houver uma demora na devolução, o bibliotecário poderá contatar o leitor e lembrá-lo de devolver a obra para que outras pessoas possam usufruí-la também.
Outras formas importantes de divulgação são a Internet e os folhetos ou jornais doutrinários que podem ser confeccionados pelo grupo. O teor das matérias deve ser o esclarecimento das práticas espíritas, a exposição de temas evangélicos e o comentário de situações e fatos do cotidiano à luz da Doutrina Espírita.
Perguntas

1) Qual é a origem das palavras Espírita e Espiritismo? Quem as inventou?
2) Comente três diferenças entre um centro espírita e um terreiro de cultos afro-brasileiros.
3) Como deve ser o desenvolvimento mediúnico em um centro espírita?
4) Qual a principal atividade de um centro espírita?
5) Coloque (V) Verdadeiro ou (F) Falso:
a) ( ) A cobrança financeira dos frequentadores do centro é muito importante para os trabalhos espíritas.
b) ( ) A reunião mediúnica deve ser feita na presença de todos os interessados, trabalhadores ou não da casa.
c) ( ) Obsessão é uma influenciação normal de um Espírito sobre um encarnado.
d) ( ) Não há rituais, velas, cânticos, roupas especiais e evocações em público em um centro espírita .


Aula 4

O trabalhador espírita

Agora que sabemos o que é a Doutrina Espírita, quais seus princípios e como ela deve ser praticada nos centros espíritas, comentaremos sobre como deve ser um trabalhador espírita.
Prestar serviço caritativo em uma casa religiosa requer boa vontade e perseverança.
Primeiro, porque sempre que modificamos algo em nossa vida, há como que uma barreira a ser transposta. Isso é a tentativa de mudança causando uma reação contrária.
Mudar o estabelecido, os costumes que temos, é muito difícil, pois nos fará rever conceitos e assumir novos compromissos.
E estas dificuldades de adaptação poderão ocorrer em muitos setores de nossa vida.
Ao comentá-los, lembremos da “Parábola do Semeador”, onde caberá a nós deixarmos ou não as sementes frutificarem em nossos corações.
No lar: se ambos os cônjuges resolvem trabalhar em prol do próximo, não há problemas, pois os dois irão se ajudar nessa nova etapa da vida. Porém, se apenas um toma esta decisão, terá que saber contornar, com paciência e humildade, as reclamações e questionamentos do companheiro (a).
Raros são os casos em que mesmo não frequentando um trabalho caritativo o cônjuge não implica com o outro. Isso porque inconscientemente sente-se diminuído, sem forças para buscar algo novo, o que começa a perturbar.
Cabe àquele que decidiu buscar fazer algo de bom pelo próximo manter um diálogo constante, sem forçar ao outro a mesma iniciativa. Com exemplos na conduta e mostrando diariamente o quanto o trabalho espiritual tem lhe feito bem, irá tocar o coração do companheiro (a), que poderá vir a juntar-se a ele na seara de Jesus.
Mas mesmo que isso não ocorra, com o passar do tempo a mudança de atitudes dos que trabalham no centro espírita irá beneficiar diretamente toda sua família, ajudando na manutenção de um ambiente harmonioso e feliz, construindo um lar onde os filhos terão prazer em viver. Enfim, uma família cristã.

No trabalho: muitos dos velhos companheiros do novo trabalhador (a) espírita irão estranhar quando, no sábado à tarde, ao invés de ir no futebol ou às compras no shopping, ele for visitar velhinhos no asilo; ou bater de porta em porta pedindo alimento aos carentes. Será, então, chamado de “carola”, “fanático”, “rato de igreja” e outros adjetivos próprios de nossa sociedade. Esta será a fase mais difícil, pois muitas vezes passamos mais tempo com os amigos do trabalho e do lazer do que com nossa própria família.
Isso também passará com o tempo, quando seus amigos perceberão que não é a dedicação de algumas horas semanais em benefício alheio que o tornará menos sociável. Pelo contrário, sentirão uma maior serenidade em seus atos, um maior equilíbrio em seu cotidiano.
E o futebol, como as compras, não deixarão de existir em sua vida. Apenas cederão um pouco de espaço para os que necessitam de nosso amparo.
Os vícios: todos sabemos que cigarro e álcool não fazem bem para o organismo, nem em pequenas doses. Mas muitos de nós não conseguimos nos afastar, ainda, destes vícios. Compreendendo a Doutrina Espírita e como agem os fluidos que nos envolvem, percebemos que estes hábitos também prejudicam nosso corpo espiritual, o Perispírito, deixando-nos impregnados com as sensações dos mesmos.
O trabalhador espírita iniciante deve estar consciente da necessidade de lutar contra esses vícios materiais. Não de forma radical, pois a natureza não dá saltos. Mas de forma sensata e constante, contando com a ajuda dos bons Espíritos e de Jesus.
Já para o trabalhador espírita que pratica a mediunidade, ou que transmite passes, o uso do cigarro e do álcool é excluído. Isso porque no caso da mediunidade, muitos são os Espíritos comunicantes ainda ligados a esses vícios. E para orientá-los, ou envolvê-los em boas vibrações, médiuns e doutrinadores precisarão ter a “força moral na palavra”, prescrita por Allan Kardec. Ou seja, se vamos orientar alguém para desvincular-se do vício, nós mesmos devemos estar desvinculados. Caso contrário, nossas palavras não emitirão sinceridade, apenas superficialidade.
É o mesmo que o pai ou mãe que bebem, fumam ou falam palavrões quererem proibir os filhos de fazerem o mesmo. De nada adiantará, se não houver o exemplo.
Já no caso do passista, ao ministrar o passe estará doando seus fluidos, juntamente com os dos Espíritos superiores. E se os seus estiverem contaminados pelas substâncias contidas no cigarro e no álcool, irão transmiti-las aos receptores.
É verdade que de nada adianta o médium não beber ou não fumar e viver na mentira, desonestidade, adultério e orgulho. Porém, estes são os vícios morais que a convivência com a Doutrina deve nos levar a modificar. E, verdadeiramente, são mais difíceis de vencer.
Começar pelos vícios materiais pode nos ajudar a ter força de vontade. Cabe a nós decidirmos.
As compensações: realmente, ser um trabalhador espírita necessita muito ânimo e coragem. Porém, as recompensas são reais. Pois todo aquele que trabalha para Jesus com sinceridade no coração encontra o “Reino de Deus” dentro de si, que nada mais é do que a paz de espírito e o equilíbrio na vida.
Abaixo, transcrevemos uma passagem contida em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo 20, item 4, intitulada “Missão dos Espíritas”, que nos mostra bem o que o Senhor espera daqueles que decidiram ajudar ao próximo.

Missão dos espíritas
“Não escutais já o ruído da tempestade que há de arrebatar o velho mundo e abismar no nada o conjunto das iniquidades terrenas? Ah! bendizei o Senhor, vós que haveis posto a vossa fé na sua soberana justiça e que, novos apóstolos da crença revelada pelas proféticas vozes superiores, ides pregar o novo dogma da reencarnação e da elevação dos Espíritos, conforme tenham cumprido, bem ou mal, suas missões e suportado suas provas terrestres.
Não mais vos assusteis! As línguas de fogo estão sobre as vossas cabeças. O verdadeiros adeptos do Espiritismo!... sois os escolhidos de Deus! Ide e pregai a palavra divina. É chegada a hora em que deveis sacrificar à sua propagação os vossos hábitos, os vossos trabalhos, as vossas ocupações fúteis. Ide e pregai. Convosco estão os Espíritos elevados. Certamente falareis a criaturas que não quererão escutar a voz de Deus, porque essa voz as exorta incessantemente à abnegação. Pregareis o desinteresse aos avaros, a abstinência aos dissolutos, a mansidão aos tiranos domésticos, como aos déspotas! Palavras perdidas, eu o sei; mas não importa. Faz-se mister regueis com os vossos suores o terreno onde tendes de semear, porquanto ele não frutificará e não produzirá senão sob os reiterados golpes da enxada e da charrua evangélicas. Ide e pregai!
Ó todos vós, homens de boa-fé, conscientes da vossa inferioridade em face dos mundos disseminados pelo infinito!... lançai-vos em cruzada contra a injustiça e a iniqüidade. Ide e proscrevei esse culto do bezerro de ouro, que cada dia mais se alastra. Ide, Deus vos guia! Homens simples e ignorantes, vossas línguas se soltarão e falareis como nenhum orador fala. Ide e pregai, que as populações atentas recolherão ditosas as vossas palavras de consolação, de fraternidade, de esperança e de paz.
Que importam as emboscadas que vos armem pelo caminho! Somente lobos caem em armadilhas para lobos, porquanto o pastor saberá defender suas ovelhas das fogueiras imoladoras.
Ide, homens, que, grandes diante de Deus, mais ditosos do que Tomé, credes sem fazerdes questão de ver e aceitais os fatos da mediunidade, mesmo quando não tenhais conseguido obtê-los por vós mesmos; ide, o Espírito de Deus vos conduz.
Marcha, pois, avante, falange imponente pela tua fé! Diante de ti os grandes batalhões dos incrédulos se dissiparão, como a bruma da manhã aos primeiros raios do Sol nascente.
A fé é a virtude que desloca montanhas, disse Jesus. Todavia, mais pesados do que as maiores montanhas, jazem depositados nos corações dos homens a impureza e todos os vícios que derivam da impureza. Parti, então, cheios de coragem, para removerdes essa montanha de iniqüidades que as futuras gerações só deverão conhecer como lenda, do mesmo modo que vós, que só muito imperfeitamente conheceis os tempos que antecederam a civilização pagã.
Sim, em todos os pontos do Globo vão produzir-se as subversões morais e filosóficas; aproxima-se a hora em que a luz divina se espargirá sobre os dois mundos.
Ide, pois, e levai a palavra divina: aos grandes que a desprezarão, aos eruditos que exigirão provas, aos pequenos e simples que a aceitarão; porque, principalmente entre os mártires do trabalho, desta provação terrena, encontrareis fervor e fé. Ide; estes receberão, com hinos de gratidão e louvores a Deus, a santa consolação que lhes levareis, e baixarão a fronte, rendendo-lhe graças pelas aflições que a Terra lhes destina.
Arme-se a vossa falange de decisão e coragem! Mãos à obra! o arado está pronto; a terra espera; arai!
Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos confiou; mas, atenção! entre os chamados para o Espiritismo muitos se transviaram; reparai, pois, vosso caminho e segui a verdade”.
(O Evangelho Segundo do Espiritismo, cap. XX, item 4)