domingo, 15 de maio de 2011

Os Perigos da Adolescência: o Namoro, a Paixão, o Sexo e a Droga

"No início, tudo é festa, farra e, de uma forma geral, o jovem não consegue perceber aonde a droga o levará... Foi assim que aconteceu comigo desde que conheci Fábio naquela festa”.
Continuação do Livro “O Abismo Provocado pelas Drogas"

Capítulo II
     Começamos a nos encontrar e eu não percebia a diferença no comportamento de Fábio. Era muito nova, não sabia nada da vida – só tinha treze anos.
     Aos poucos, fui me envolvendo... e, quando percebi, já estava apaixonada. Parece que minha mãe tinha um “sexto sentido” porque não queria que eu saísse com esses novos amigos à noite. Mas não adiantou: Fábio passou a aparecer na hora da saída da escola.
     No início, foi tudo maravilhoso, um namoro de adolescentes. Estava tão envolvida que não percebia que, em certos dias, ele estava agitado, muito estranho; e sempre me deixava esperando, enquanto dizia precisar se encontrar rapidamente com alguns amigos. Quando voltava, estava mais alegre e mais calmo.
     O tempo passava!... Quando não mais suportei a situação de somente me encontrar com ele durante o dia, passei a sair às escondidas, à noite. Dizia que iria dormir na casa de amigas, e minha mãe acreditava – só que passei a sair, e a dormir na casa do Fábio.
     A casa dele parecia uma grande confusão. Sua mãe estava sempre preocupada com as amantes do pai, e nem sempre percebia quando saíamos ou chegávamos – eles não prestavam a menor atenção no que o filho fazia.
     Um dia, perguntei-lhe por que sempre tinha que me fazer esperar enquanto ele ia falar com os amigos. Foi, então, que disse me amar e que já estava na hora de eu participar completamente de sua vida: contou-me que consumia alguns “produtinhos” – como ele os chamava -, só para ficar mais animado.
     A princípio, fiquei assustada e preocupada, mas Fábio tratou logo de me tranqüilizar, dizendo que era um barato e que, se eu quisesse experimentar, tinha certeza de que iria gostar muito...Tive medo e não quis saber daquilo. Mas,a partir daquele dia, Fábio não se escondia mais com os amigos: levava-me junto e eu ficava assistindo enquanto eles se drogavam.
     Foi, então, que eles começaram a me dizer que eu era boba, careta, medrosa; que, quando experimentasse, iria “me amarrar”. Aí, resolvi cheirar um pouquinho, noutro dia mais um pouquinho... e fui gostando, cada vez mais. Até que, aos poucos, começaram a surgir sinais visíveis da droga no meu comportamento. Cheguei a achar que minha mãe estava suspeitando de alguma coisa...
     Fui participando cada vez mais daquelas “reuniões” com eles e, agora, tendo que arranjar dinheiro para comprar a droga de que eu também necessitava.
     Comecei a pegar coisas, disfarçadamente, de minha casa, para vender. Quando não sabia mais o que pegar sem gerar desconfiança de minha mãe, fiquei sabendo como eles faziam para arranjar dinheiro – as formas eram as mais diversas possíveis: além de roubarem em casa como eu, furtavam objetos de amigos na escola, faziam pequenos serviços de entrega de drogas e saíam para a prostituição com homens mais velhos.
     Quando soube disso, fiquei chocada, mas aos poucos foram me convencendo de que era uma maneira certa, segura e rápida de trazer o dinheiro.
     Nessa época, minha mãe começou a desconfiar de meu comportamento. Quis conversar comigo – perguntava o que estava acontecendo e eu sempre dizendo que era coisa da cabeça dela, que não estava acontecendo nada... Acho que, no fundo, ela sabia, mas era muito duro de acreditar.
     O tempo foi passando, os programas foram aumentando e a droga também... Eu já não sabia mais o que fazia...
     Passei a faltar à escola, até que minha mãe foi comunicada. Mas, novamente, inventei que matava aulas para passear com as amigas. Minha mãe chorava, brigava e acabava sempre tudo bem... Como nós temos a capacidade de mentir e nos enganar!
     O relacionamento com Fábio e seus amigos passou a ser só em função da droga... Reuníamo-nos para comprá-la e distribuí-la.
     Os programas foram ficando cada vez mais intensos e começaram a ser realizados em função de sexo e venda de drogas... Até que, um dia, fui denunciada pelo gerente do motel onde estava, e presa junto com meu acompanhante.
     Nesta época, já estava com quinze anos. Minha mãe foi avisada e ficou inconformada; chorou muito, sofreu e não tive mais como negar o que estava acontecendo.
     Então, ela me ofereceu ajuda... Levou-me ao médico e me fez prometer que não voltaria a fazer mais aquelas coisas. Prometi!... Mas já não era mais dona de mim... Não conseguia mais controlar meus impulsos.
     A vida que eu levava era muito diferente da que minha mãe imaginava – a que eu havia prometido a ela.
     Passei a fugir, a sair escondido e a encontrar novamente com aquela turma para me drogar, Minha mãe passou a me perseguir... Nossa vida virou um verdadeiro inferno! Brigávamos todos os dias, a situação foi piorando; meus irmãos já não sabiam mais o que fazer para separar tantas brigas.
     Um dia, ela me prendeu dentro de casa. O meu desespero para sair era enorme... E o dela, também, em me conter... Foi aí que, no meio de tanta loucura, cheguei a agredi-la com xingamentos.
     Ela esperou que eu melhorasse e pediu que eu decidisse o que queria da minha vida, pois a situação já estava de uma forma insustentável...
     Disse-lhe que ficaria melhor, que não faria mais aquilo; e procurei seguir suas regras.