segunda-feira, 9 de maio de 2011

"O Abismo Provocado pelas Drogas"

Palavras da Autora
     O objetivo de relatar toda minha trajetória, através desta história, é esclarecer aos jovens o quanto é sofrida e dolorosa a vida de pessoas viciadas como eu.
     Cheguei ao “fundo do poço”! Minha encarnação, como Selminha, não pôde ser aproveitada foi uma degradação moral, física e espiritual.
     Tento, através deste relato, resgatar um pouco da minha essência... Emergir do lodaçal em que me meti, fazendo algo de proveitoso em favor de outras pessoas – tirando da dor e do sofrimento exemplos para que tantos jovens não desperdicem suas vidas, como eu fiz com a minha.
     Esta obra é também uma oportunidade de aprendizagem, trabalho e crescimento para mim... É um alerta dirigido a jovens e famílias que  convivem com este mesmo problema – a droga...
     Tive esta grata oportunidade – meu primeiro trabalho em favor do próximo – de participar das reuniões de psicografia na Fraternidade Espírita Irmãos de Cascais, como etapa de meu tratamento, desenvolvendo minha própria história...
     Agradeço muito à FEIC toda a ajuda que me foi proporcionada e a possibilidade de tornar este projeto informativo viável, colaborando, assim, para que eu me sinta útil e um pouco melhor com a divulgação de meus erros, que trouxeram ensinamentos valiosos à minha evolução.
Selma Reis.

As “amizades”...
“Tantos foram os avisos de minha família...
Tantos foram os alertas, mas eu não quis ouvir”.

Capítulo I
     Minha história começou no dia em que conheci alguns rapazes, que julgava serem interessantes, espertos, animados. Logo os considerei como meus melhores amigos... Tantos foram os avisos de minha família... Tantos foram os alertas, mas eu não quis ouvir.
     Passei a conviver com eles dia e noite. Achava legal tudo que eles faziam. Ficava sempre muito “animada”... Até que, um dia, de legal, passou a ser desconfortável. Começou a me ocorrer um certo mal-estar... Precisava cada vez mais me drogar; até que ninguém mais quis me ajudar. Achavam que eu tinha me tornado chata e alucinada; pegava todas as coisas para vender ... Precisava, cada vez mais, de dinheiro. O vício me deixou cega. Minha mãe não sabia mais o que fazer.
     Certa vez, entrei num “barato” acima do que meu corpo podia suportar e não voltei mais... Fiquei vários anos nessa loucura até compreender que havia desencarnado, e escutar aqueles que estavam ao meu lado para me ajudar; mesmo depois da minha morte, procurava as mesmas pessoas, os mesmos locais para continuar me drogando.
     Vou contar para vocês como foi minha insana juventude, para que muitos jovens sejam ajudados e não sofram com o vício da droga como eu...
     Tudo começou quando tinha treze anos e fui a uma comemoração no clube de minha cidade. Minha mãe dizia que eu era muito nova para freqüentar esse tipo de festa, mas minhas amigas pediram muito e ela acabou deixando.
     Meu nome é Selminha, fui à festa com mais duas amigas: a Carla, que tinha a mesma idade que eu, e a Luzia, que era mais velha que a gente – já tinha dezoito anos. Por isso minha mãe deixou que fôssemos, acreditando que ela tomaria conta de nós.
     Chegando lá, conheci alguns amigos mais velhos da Luzia: o Ricardo, o Márcio e o Fábio. Foi aí que tudo começou... O Fábio era muito bonito, louro, de olhos azuis e me encantei por ele.
     Dançamos muito naquela noite e não percebi o que acontecia ao meu redor.
     Toda hora Fábio saía de perto de mim para falar com seus amigos e, cada vez que voltava, vinha mais animado e divertido, e eu ficava cada vez mais encantada com aquele belo rapaz que dançava euforicamente comigo. Quando a festa terminou, ele pediu meu telefone e no outro final de semana nos encontramos.
     Eu achava tudo muito divertido. Carla sempre me acompanhava e logo começou a se interessar por Ricardo. Sempre tínhamos um programa animado para fazer, mas sempre em festas com muita bebida e música. Minha mãe não estava gostando nada daquela situação, cheia de eventos. Dizia que precisava conhecer meus novos amigos e que eu não poderia sair tanto assim, alegando que era muito jovem.
     Comecei a ficar triste e brigamos muito por causa dessa sua decisão.
     Fiquei um tempo sem encontrá-los, mas Carla freqüentava a minha casa e arranjou um jeito de marcarmos um encontro durante o dia, após a escola – assim minha mãe não ficaria sabendo.
     Naquele dia, fui toda feliz e comecei a namorar Fábio. Ele disse que tinha sentido a minha falta e fiquei muito envaidecida. Notei que ele estava um pouco nervoso e não tão animado como quando nos encontrávamos à noite em festas, mas, mesmo assim, achei nosso encontro delicioso...

Do Livro “O Abismo Provocado pelas Drogas”
Psicografado por Soraya de Almeida
Pelo espírito Selma Reis.

A Hora Final

Que se passa no momento da morte e como se desprende o Espírito da sua prisão material? Que Impressões, que sensações o esperam nessa ocasião temerosa? É isso o que interessa a todos conhecer, porque todos cumprem essa jornada. A vida foge-nos a todo instante: nenhum de nós escapará à morte.
Ora, o que todas as religiões e filosofias nos deixaram ignorar os Espíritos, em multidão, no-lo vêm ensinar. Dizem-nos que as sensações que precedem e se seguem à morte são infinitamente variadas e dependentes sobretudo do caráter, dos méritos, da elevação moral do Espírito que abandona a Terra. A separação é quase sempre lenta, e o desprendimento da alma opera-se gradualmente. Começa, algumas vezes, muito tempo antes da morte, e só se completa quando ficam rotos os últimos laços fluídicos que unem o perispírito ao corpo. A impressão sentida pela alma revela-se penosa e prolongada quando esses laços são mais fortes e numerosos. Causa permanente da sensação e da vida, a alma experimenta todas as comoções, todos os despedaçamentos do corpo material.
Dolorosa, cheia de angústias para uns, a morte não é, para outros, senão um sono agradável seguido de um despertar silencioso. O desprendimento é fácil para aquele que previamente se desligou das coisas deste mundo, para aquele que aspira aos bens espirituais e que cumpriu os seus deveres. Há, ao contrário, luta, agonia prolongada no Espírito preso à Terra, que só conheceu os gozos materiais e deixou de preparar-se para essa viagem.
Entretanto, em todos os casos, a separação da alma e do corpo é seguida de um tempo de perturbação, fugitivo para o Espírito justo e bom, que desde cedo despertou ante todos os esplendores da vida celeste; muito longo, a ponto de abranger anos inteiros, para as almas culpadas, impregnadas de fluídos grosseiros. Grande número destas últimas crê permanecer na vida corpórea, muito tempo mesmo depois da morte. Para estas, o perispírito é um segundo corpo carnal, submetido aos mesmos hábitos e, algumas vezes, às mesmas sensações físicas como durante a vida terrena.
Outros Espíritos de ordem inferior se acham mergulhados em uma noite profunda, em um completo Insulamento no seio das trevas. Sobre eles pesa a Incerteza, o terror. Os criminosos são atormentados pela visão terrível e incessante das suas vítimas.
A hora da separação é cruel para o Espírito que só acredita no nada. Agarra-se como desesperado a esta vida que lhe foge; no supremo momento Insinua-se-lhe a dúvida; vê um mundo temível abrir-se para abismá-lo, e quer, então, retardar a queda. Daí, uma luta terrível entre a matéria, que se esvai, e a alma, que teima em reter o corpo miserável. Algumas vezes, ela fica presa até à decomposição completa, sentindo mesmo, segundo a expressão de um Espírito, “os vermes lhe corroerem as carnes”.
Pacífica, resignada, alegre mesmo, é a morte do justo, a partida da alma que, tendo muito lutado e sofrido, deixa a Terra confiante no futuro.
Para esta, a morte é a libertação, o fim das provas. Os laços enfraquecidos que a ligam à matéria, destacam-se docemente; sua perturbação não passa de leve entorpecimento, algo semelhante ao sono.
Deixando sua residência corpórea, o Espírito, purificado pela dor e pelo sofrimento, vê sua existência passada recuar, afastar-se pouco a pouco com seus amargores e ilusões; depois, dissipar-se como as brumas que a aurora encontra estendidas sobre o solo e que a claridade do dia faz desaparecer. O Espírito acha-se, então, como que suspenso entre duas sensações: a das coisas materiais que se apagam e a da vida nova que se lhe desenha à frente. Entrevê essa vida como através de um véu, cheia de encanto misterioso, temida e desejada ao mesmo tempo. Após, expande-se a luz, não mais a luz solar que nos é conhecida, porém uma luz espiritual, radiante, por toda parte disseminada. Pouco a pouco o inunda, penetra-o, e, com ela, um tanto de vigor, de remoçamento e de serenidade. O Espírito mergulha nesse banho reparador. Aí se despoja de suas incertezas e de seus temores. Depois, seu olhar destaca-se da Terra, dos seres lacrimosos que cercam seu leito mortuário, e dirige-se para as alturas. Divisa os céus Imensos e outros seres amados, amigos de outrora, mais jovens, mais vivos, mais belos que vêm recebê-lo, guiá-lo no seio dos espaços. Com eles caminha e sobe às regiões etéreas que seu grau de depuração permite atingir. Cessa, então, sua perturbação, despertam faculdades novas, começa o seu destino feliz.
A entrada em uma vida nova traz impressões tão variadas quanto o permite a posição moral dos Espíritos. Aqueles — e o número é grande — cujas existências se desenrolam indecisas, sem faltas graves nem méritos assinalados, acham-se, a princípio, mergulhados em um estado de torpor, em um acabrunhamento profundo; depois, um choque vem sacudir-lhes o ser. O Espírito sai, lentamente, de seu invólucro: como uma espada da bainha; recobra a liberdade, porém, hesitante, tímido, não se atreve a utilizá-la ainda, ficando cerceado pelo temor e pelo hábito aos laços em que viveu. Continua a sofrer e a chorar com os entes que o estimaram em vida. Assim corre o tempo, sem ele o medir; depois de muito, outros Espíritos auxiliam-no com seus conselhos, ajudando a dissipar sua perturbação, a libertá-lo das últimas cadeias terrestres e a elevá-lo para ambientes menos obscuros.
Em geral, o desprendimento da alma é menos penoso depois de uma longa moléstia, pois o efeito desta é desligar pouco a pouco os laços carnais. As mortes súbitas, violentas, sobrevindo quando a vida orgânica está em sua plenitude, produzem sobre a alma um despedaçamento doloroso e lançam-na em prolongada perturbação. Os suicidas são vítimas de sensações horríveis. Experimentam, durante anos, as angústias do último momento e reconhecem, com espanto, que não trocaram seus sofrimentos terrestres senão por outros ainda mais vivazes.
O conhecimento do futuro espiritual, o estudo das leis que presidem à desencarnação são de grande importância como preparativos à morte. Podem suavizar os nossos últimos momentos e proporcionar-nos fácil desprendimento, permitindo mais depressa nos reconhecermos no mundo novo que se nos desvenda.
O JULGAMENTO - Uma lei tão simples em seus princípios quanto admirável em seus efeitos preside à classificação das almas no espaço.
Quanto mais sutis e rarefeitas são as moléculas constitutivas do perispírito tanto mais rápida é a desencarnação, tanto mais vastos são os horizontes que se rasgam ao Espírito. Devido ao seu peso fluídico e às suas afinidades, ele se eleva para os grupos espirituais que lhe são similares. Sua natureza e seu grau de depuração determinam-lhe nível e classe no meio que lhe é próprio. Com alguma exatidão tem-se comparado a situação dos Espíritos no espaço à dos balões cheios de gases de densidades diferentes que, em virtude de seus pesos específicos, se elevam a alturas diversas. Mas, cumpre que nos apressemos em acrescentar que o Espírito é dotado de liberdade e, portanto, não estando imobilizado em nenhum ponto, pode, dentro de certos limites, deslocar-se e percorrer os páramos etéreos.
Pode, em qualquer tempo, modificar suas tendências, transformar-se pelo trabalho ou pela prova, e, conseguintemente, elevar-se à vontade na escala dos seres.
É, pois, uma lei natural, análoga às leis da atração e da gravidade, a que fixa a sorte das almas depois da morte. O Espírito impuro, acabrunhado pela densidade de seus fluídos materiais, confina-se nas camadas inferiores da atmosfera, enquanto a alma virtuosa, de envoltório depurado e sutil, arremessa-se, alegre, rápida como o pensamento, pelo azul infinito.
É também em si mesmo — e não fora de si, é em sua própria consciência que o Espírito encontra sua recompensa ou seu castigo. Ele é seu próprio juiz. Caído o vestuário de carne, a luz penetra-o e sua alma aparece nua, deixando ver o quadro vivo de seus atos, de suas vontades, de seus desejos. Momento solene, exame cheio de angústia e, muitas vezes, de desilusão. As recordações despertam em tropel e a vida inteira desenrola-se com seu cortejo de faltas, de fraquezas, de misérias. Da infância à morte, tudo, pensamentos, palavras, ações, tudo sai da sombra, reaparece à luz, anima-se e revive. O ser contempla-se a si mesmo, revê, uma a uma, através dos tempos, suas existências passadas, suas quedas, suas ascensões, suas fases inumeráveis. Conta os estágios franqueados, mede o caminho percorrido, compara o bem e o mal realizados. Do fundo do passado obscuro, surgem, a seu apelo, como outros tantos fantasmas, as formas que revestiu através das vidas sucessivas. Em uma visão clara, sua recordação abraça as longas perspectivas das Idades decorridas; evoca as cenas sanguinolentas, apaixonadas, dolorosas, as dedicações e os crimes; reconhece a causa dos processos executados, das expiações sofridas, o motivo da sua posição atual. Vê a correlação que existe, unindo suas vidas passadas aos anéis de uma longa cadeia desenrolando-se pelos séculos. Para si, o passado explica o presente e este deixa prever o futuro. Eis para o Espírito a hora da verdadeira tortura moral. Essa evocação do passado traz-lhe a sentença temível, a increpação da sua própria consciência, espécie de julgamento de Deus. Por mais lacerante que seja, esse exame é necessário porque pode ser o ponto de partida de resoluções salutares e da reabilitação.
O grau de depuração do Espírito, a posição que ocupa no espaço representam a soma de seus progressos realizados e dão a medida do seu valor moral. É nisto que consiste a sentença infalível que lhe decide a sorte, sem apelo. Harmonia profunda! Simplicidade maravilhosa que as instituições humanas não poderiam reproduzir; o princípio de afinidade regula todas as coisas e fixa a cada qual o seu lugar. Nada de julgamento, nada de tribunal, apenas existe a lei imutável executando-se por si própria, pelo jogo natural das forças espirituais e segundo o emprego que delas faz a alma livre e responsável.
Todo pensamento tem uma forma, e essa forma, criada pela vontade, fotografa-se em nós como em um espelho onde as imagens se gravam por si mesmas. Nosso envoltório fluídico reflete e guarda, como em um registro, todos os fatos da nossa existência. Esse registro está fechado durante a vida, porque a carne é a espessa capa que nos oculta o seu conteúdo. Mas, por ocasião da morte, ele abre-se repentinamente e as suas páginas distendem-se aos nossos olhos.
O Espírito desencarnado traz, portanto, em si, visível para todos, seu céu ou seu inferno. A prova irrecusável da sua elevação ou da sua inferioridade está inscrita em seu corpo fluídico. Testemunhas benévolas ou terríveis, as nossas obras, os nossos desígnios justificam-nos ou acusam-nos, sem que coisa alguma possa fazer calar as suas vozes. Daí o suplício do mau que, acreditando estarem os seus pérfidos desejos, os seus atos culpáveis profundamente ocultos, os vê, então, brotar aos olhos de todos; daí os seus remorsos quando, sem cessar, repassam diante de si os anos ociosos e estéreis, as horas impregnadas no deboche e no crime, assim como as vítimas lacrimosas, sacrificadas a seus instintos brutais. Daí também a felicidade do Espírito elevado, que consagrou toda a sua vida a ajudar e a consolar seus irmãos.
Para distrair-se dos cuidados, das preocupações morais, o homem tem o trabalho, o estudo, o sono. Para o Espírito não há mais esses recursos. Desprendido dos laços corporais, acha-se incessantemente em face do quadro fiel e vivo do seu passado. Assim, os amargores e pesares contínuos, que então decorrem, despertam-lhe, na maior parte dos casos, o desejo de, em breve, tomar um corpo carnal para combater, sofrer e resgatar esse passado acusador. (LEON DENIS, "Depois da Morte", caps. 30 e 31)
Fonte: Instituto André Luiz.

O Posto de Emergência

O Posto de Emergência
Continuação do livro Obsessão Sexual – uma porta para a loucura.

     Há cinco anos meus instrutores me advertiram; já é hora de situar o leitor espírita interessado nas reuniões de desobsessão dentro de uma reunião mediúnica. Traremos até o grupo casos de maior profundidade no campo da obsessão, que deverão ser tratados, sendo todo o processo gravado e grafado em livros.. Nestes a atuação de médiuns, doutrinadores e passistas, bem como da equipe espiritual que os orienta será detalhada de tal maneira que o leitor se sinta dentro da própria reunião. Ele deverá ter a sensação de que faz um estágio na sala mediúnica e de aprecia a aplicação prática do que antes só consegui imaginar à distância.
     Iniciei esta tentativa com o livro Desobsessão – A terapia dos imortais, seguida de Obsessão – Encontro marcado com a dor; e de Caçadores de Ilusões, daí para frente não parei mais, e só o farei quando me derem ordem para mudar de rumo.
     Existem casos de obsessão que podemos chamar de severos, ou seja, que duram anos e exigem doutrinações cuidadosas e demoradas. Tais casos não podem ser tratados em reuniões de rotatividade, como as utilizadas normalmente em dias comuns, nas quais os envolvidos se acertam com pouca conversa.
     Ódio enraizado e combates ferrenhos, que envolvem legiões de perseguidores, necessitam de muito tato e paciência, boa argumentação e persistência, a fim de convencer o s litigantes de que nada é mais benéfico e produtivo do que a paz.
     Foi com a finalidade de atender a casos dessa natureza que os instrutores do grupo espírita filiado ao Centro Espírita Grão de Mostarda, sediado em Fortaleza, capital do Ceará, solicitaram há alguns anos a ampliação do nosso quadro mediúnico e a criação de reuniões de emergência. Tais reuniões deveriam funcionar como unidades de terapia intensiva onde pudéssemos atender e dar continuidade ao tratamento de pacientes graves. Assim foi criado o grupo de desobsessão “Bezerra de Menezes” cuja prática ficou conhecida como emergência mediúnica.
     Ampliar não é tudo. Foi necessário trabalhar arduamente a disciplina, a persistência, o estudo, fazer entender a todos os componentes do grupo que o lema adotado – compromisso assumido é compromisso cumprido – deve ser seguido sem vacilações.
     Desde então, como por encanto, quando um caso é encerrado, outro já se encontra a espera, todos selecionados por eles, os instrutores, que podem avaliar melhor do que nós, a urgência, o  merecimento, a gravidade e outras variáveis envolvidas no atendimento.
     Se o setor de emergência dos hospitais terrenos multiplica os esforços para atender a dor material, há de se esperar o mesmo procedimento com relação às dores morais, vastas e profundas em um planeta qual a terra, onde o mal ainda atormenta a maioria dos espíritos encarnados e desencarnados.
     Como a medicina acadêmica ainda sofre do mal da indiferença para com as dores morais, estas se avolumam, desmentindo diagnósticos que atestam saúde aos medicados apenas com drogas e bisturis. As dores da alma são imunes a analgesia ambulatorial. Somente com a transformação moral, a erradicação dos vícios com conseqüente aquisição de virtudes, vai o espírito adquirindo a saúde necessária para sua maturidade e autonomia.
     Este é um tema digno de constar nos compêndios escolares, em currículos profissionais, em cursos, palestras, simpósios, seminários, ou seja, uma conversa para a vida inteira. Se todos nós temos um corpo e um espírito e um exerce influência sobre o outro, transcendência, há de se planejar a harmonia entre ambos a fim de que o caminhar não apresente a instabilidade dos pernetas.
     Quando o homem privilegia somente a face material da sua existência, corre o risco de se tornar vulnerável aos inimigos desencarnados. Estes se deslocam ávidos à procura de companheiros que lhes auxiliem na caça dos prazeres e excessos que já não podem praticar, senão através do auxílio e da parceria de robôs, teleguiados.
     Tais desocupados do Além buscam nos antros de vícios, aqueles que lhe servirão como meio de obtenção de bebidas, drogas, alimentos, sexo, escravizando-os através de induções habilmente ministradas. Recebendo os convites através dos sutis caminhos da mente, os invigilantes julgam agir por conta própria e inspirados por seus próprios desejos. Seus hipnotizadores os fazem pensar que são livres; repetem incessantemente aos seus ouvidos que a vida é para ser vivida; mostram vantagens no perigo e heroísmo no desatino; honradez na desordem e sabedoria na preguiça. Aproveitam-se, enfim, da imaturidade e da leviandade desses caminhantes desatentos para solapar-lhes as forças vitais, deixando-os exaustos e sem inspiração para as tarefas redentoras.
     O posto de emergência criado tornou-se assim o destino de obsessões tenazes, pois é raro que um centro espírito se dedique a este tipo de trabalho fecundo e continuado. Talvez a dificuldade na instalação desse procedimento seja a exigência de um grupo treinado, estudioso, afetivamente ligado e moralmente disciplinado.
     Todavia, de tal forma sua necessidade é imperiosa, que os casos que ele atende não se limitam ao espaço geográfico da cidade onde se situa. Eles chegam através de cartas, telefonemas e da internet, oriundos de todo o país, e até de fora dele, e são selecionados pelos instrutores desencarnados. Tudo quanto os componentes do grupo fazem é colocar os nomes dos solicitantes em um livro destinado a esta finalidade. Se o caso será ou não atendido, depende da avaliação dos instrutores, que observam a necessidade da intervenção, o merecimento por parte do solicitante, a urgência do atendimento, enfim, se é conveniente que aquele paciente, naquele instante e naquelas condições, livre-se do fardo que carrega.
     Contudo, sem qualquer desejo de criticar as pessoas que nos buscam, aconselharia a que procurassem, caso existam, os centros espíritas de sua cidade, hoje espalhados em milhares de municípios brasileiros. E já estando filiado a um deles, que confie em sua atuação.
     Deus ocupa todos os espaços, ou seja, está em todos os lugares, o que nos dá a certeza de que sempre escuta qualquer prece ou pedido sincero, mesmo estando o que ora, no fundo do poço mais profundo. Importa a maneira de orar, a lucidez do pedido, o merecimento do pedinte. Tenha ele a confiança de que, se seu pedido é justo, será atendido aqui ou alhures. Essa garantia vem de Jesus quando afirmou: a cada um será dado segundo suas obras; buscai e achareis; pedi e dar-se-vos-á.
     Alguém poderá dizer mediante tais informações: e os bons espíritos não estão aí para ajudara as pessoas? É certo que sim, mas mediante critérios. Em muitos casos de obsessão o obsidiado se sente bem com a companhia do obsessor, e mesmo quando os bons espíritos o retiram, ele o chama de volta através dos seus pensamentos e desejos.
     Em outros casos, a retirada do obsessor significaria o desencarne do obsidiado. Em terceiros, o obsessor é um freio à natureza agressiva do obsidiado e mais se complicaria a situação se livre ele estivesse. É urgente que este faça o esforço de renovação de hábitos e de atitudes, sem o qual, mesmo com a retirada do incômodo hóspede de sua casa mental, outro aventureiro pode invadi-la em substituição ao que partiu, pois uma porta aberta é um convite a quem passa.
     Sem o esforço do paralítico, aquele despendido pelo paraplégico quando solicitou destelhar a casa onde Jesus estava: que a multidão o erguesse, e em seguida o baixasse, para ficar frente a frente com o Mestre e dele solicitar auxílio, não há garantia nenhuma de melhora. Que o necessitado alimente a fé, sustente a esperança, busque incessantemente a elevação moral para receber a caridade, pois esta necessita de tais implementos.
     Como os encarnados que participam do grupo de desobsessão não teriam como fazer tais avaliações, é fácil entender porque elas estão a cargo da equipe desencarnada. Lembramos ainda que as obsessões severas, geralmente, são motivadas por vingança, e neste caso, há muitos sentimentos em jogo, sendo o mais resistente deles, o ódio, que não se esvai com uma simples conversa.
     É necessário convencer o espírito vingativo de que não há vantagem na perseguição; que a lei de Deus deve seguir seu curso, justiçando seu ofensor; que um revide mais complicará sua situação, pois adicionará ao seu sofrimento mais um resgate futuro. Com o decorrer das reuniões, quando os instrutores o submetem à regressão de memória, ocasião em que ele fica ciente de que não é uma vítima, ou seja, que fez algo semelhante ou pior a alguém, sua fúria arrefece.
     Nesse instante, embora não demonstre de imediato, ele descobre o mecanismo da lei de causa e efeito; um pensamento oriundo dos subterrâneos de sua mente o previne de que ele sofreu por algo que fez a alguém; que se concretizou nele a advertência de Jesus quando afirmou: quem com o ferro fere com o ferro será ferido. É então que, mesmo a contragosto, demonstra certa humildade e reconhece pequenez diante da lei. Sente-se menor, o que equivale a dizer, sente a grandeza de Deus; que o mundo não está à deriva; que todos são observados em sua bondade ou maldade; que se recebeu o quinhão da lei relativo a uma má ação poderá receber outro por uma boa ação. A partir de então a doutrinação fica mais fácil, pois a rebeldia está domada e a fresta para o coração está aberta.
     Geralmente, estabelecida a paz, são mais amigos que o grupo adquire. São momentos de emoção, às vezes tão profunda que as lágrimas não encontram barreira, espalhando pérolas sobre a mesa onde as batalhas verbais são travadas. É a alegria sem mácula, a sensação de estar em um mundo onde a bondade é a lei, a leveza de se sentir útil, amado, necessário.
     Quem me dera que meus irmãos espíritas tivessem em cada centro, um grupo de emergências, pois elas se avolumam sem atendimento, quais filas a espera de órgãos doados. Que o amor, esse sentimento ainda incompreensível em seu pode, nos renove a alma e nos conduza aonde o trabalho nos requisite a ação. E que jamais nos acomodemos diante da dor dos necessitados.