quarta-feira, 11 de abril de 2012

As Quedas


     As quedas são mais comuns nos degraus inferiores da escada evolutiva e tanto mais dolorosas e profundas se tornam, quanto maior for o cabedal próprio de conhecimentos espirituais adquiridos pelo Espírito.
    “Estado de Evolução” e “Estado de Queda” são duas condições de caráter geral, em que se encontram os Espíritos nas fases inferiores da ascese.
     Essas são as condições que dominam no Umbral o qual, como sabemos, é uma esfera de vida purgatorial, bem como nos planos que lhe estão, até um certo ponto e de um certo modo, imediatamente acima.
     Quando, porém, as quedas se acentuam devido à reincidência de transgressões, elas levam os culposos às Trevas, esfera mais profunda, de provas mais acerbas, situada abaixo da Crosta.
     Entretanto, em qualquer tempo ou situação, o Espírito culposo pode retomar a evolução, voltando à ascese, desde que reconsidere, arrependa-se e se disponha ao esforço reabilitador.
     A misericórdia divina cobre a multidão de pecados e dá ao pecador incessantes e renovadas oportunidades de redenção.
A redenção, pois, não é um acontecimento extraordinário, um ato de “juízo final” mas sim a manifestação da misericórdia de Deus em muitas oportunidades, no transcurso do esforço evolutivo.
     Mas, perguntarão: o fracasso, na tarefa mediúnica, não sendo reincidente, lança o médium primário no estado de queda?
     Não, desde que ele, no exercício das faculdades próprias, não tenha cometido crimes contra o espírito. Esse fracasso primário traz ao médium uma parada na ascese evolutiva; fica ele em suspensão aguardando nova oportunidade, temporariamente inativo, dependendo de nova tarefa redentora, que lhe será ou não concedida conforme as circunstâncias do fracasso: negligência, vaidade, cupidez, etc.
     Mas lançá-lo-á na queda se praticou o mal conscientemente; se permitiu que suas faculdades fossem utilizadas pelos representantes das forças do mal; se orientou seu próximo por maus caminhos, lhe destruiu no espírito a semente redentora da Fé, ou lhe perverteu os sentimentos fazendo-o regredir à animalidade; enfim, se deturpou a verdade e lançou seu próximo ou a si mesmo no caminho do erro da iniqüidade.
Há uma lei invariável que preside a este assunto: quando o médium se dedica à tarefa em comunhão com os espíritos do bem, está em estado de evolução; quando, ao contrário, a despreza ou, por mau procedimento, dá causa ao afastamento desses espíritos, cai então sob a influência dos espíritos do mal e entra em estado de queda.
     A esse respeito diz André Luiz: “No campo da vida espiritual, cada serviço nobre recebe o salário que lhe diz respeito e cada aventura menos digna tem o preço que lhe corresponde”.
E prossegue:
    “Mediação entre dois planos diferentes sem elevação de nível moral é estagnação na inutilidade.”
    “O pensamento é tão significativo na mediunidade, quanto o leito é importante para o rio.”
    “Ponde águas puras sobre um leito de lama pútrida e não tereis senão a escura corrente da viciação.”
     E mais: “Jesus espera a formação de mensageiros humanos capazes de projetar no mundo as maravilhas do seu reino.”
Fonte: Livro Mediunidade (Edgard Armond).