domingo, 23 de setembro de 2012

Deve-se Colocar um Fim às Provas do Próximo?


Bernardin, Espírito protetor – Bordeaux, 1863.
 27 – Deve-se colocar um fim às provas do próximo quando isso for possível? Ou, em respeito à vontade de Deus, é preciso deixá-las seguir o seu curso?
      Já dissemos muitas vezes que estão na terra para concluir suas provas, e tudo o que lhes acontece é fruto de suas existências anteriores. É o peso da dívida que todos têm que pagar. Esse pensamento provoca reflexões em algumas pessoas e idéias que precisam ser combatidas, pois poderiam causar conseqüências desastrosas.
    Alguns pensam que, a partir do momento em que se está na terra para corrigir os erros de existências anteriores, é preciso deixar que as provas sigam seu curso. Existem os que acreditam que não é preciso fazer nada para atenuá-las, ao contrário, entendem que é melhor agravá-las, tornando-as assim mais proveitosas. Isso é um grande erro. Sim, as provas devem seguir o curso que foi traçado por Deus, mas por acaso conhecem esse curso? Sabem até que ponto elas devem ir? Será que o Pai misericordioso não disse que o sofrimento desse irmão não deverá ir mais longe? Será que vocês não foram escolhidos pela Providência, não como um instrumento de suplício para agravar-lhe o sofrimento, mas como um alívio para cicatrizar as feridas que a Justiça abriu?
    Quando estiverem na presença de um irmão que sofre, não devem dizer: “É a justiça de Deus, é preciso que ela siga seu curso”. Digam, ao contrário: “vejamos que meios o Pai misericordioso colocou à minha disposição para suavizar o sofrimento desse irmão”. “Vejamos se as minhas consolações morais, o meu apoio material, os meus conselhos, não podem ajudá-lo a transpor esse dificuldade com mais ânimo, paciência e resignação.” “Será que Deus não colocou em minhas mãos os meios para que eu consiga fazer cessar o sofrimento desse irmão”? “Será que não me foi dado também como prova, ou como um meio de resgatar meus erros, deter o mal e substituí-lo pela paz?
     Ajudem-se uns aos outros em suas provas e nunca se tornem instrumentos de tortura para ninguém. Esse pensamento deve revoltar todo homem de bom coração, principalmente o espírita, pois, melhor do que os outros, ele deve compreender a extensão infinita da bondade de Deus.
     O espírita sabe que toda sua vida deve ser um ato de amor e dedicação, e qualquer coisa que faça para contrariar as decisões do Senhor não irá alterar o curso da Justiça Divina. Ele pode então usar sem receio, todos os esforços para suavizar a amargura da expiação do seu próximo, pois somente Deus poderá interrompê-la ou prolongá-la conforme julgue necessário.
     Sob o pretexto de que o sofrimento é merecido, não deveria o homem sentir-se no direito de aumentar ainda mais a aflição daqueles que têm contas a ajustar com seu passado? Não! Considerem-se sempre como um instrumento para fazer cessar o sofrimento de seus irmãos.
     Podemos resumir assim: todos estão na terra para corrigir erros cometidos no passado, mas todos, sem exceção, devem empregar seus esforços para auxiliar o próximo e assim suavizar o sofrimento de seus irmãos, segundo a Lei do Amor e da Caridade.
Fonte: Evangelho Segundo o Espiritismo
Autor: Allan Kardec

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