domingo, 15 de julho de 2012

Obsessões de Natureza Anímica

     Obsessão Telepática – Caso Anésia e Jovino
     “Áulus, o benfeitor espiritual, foi chamado a auxiliar o casal Anésia e Jovino e suas três filhinhas. Anésia, além de suas preocupações naturais com a educação das filhas e a assistência à mãe muito doente, às vésperas de desencarnação, sofria tremenda luta íntima, uma vez que Jovino, o esposo, vivia agora sob a estranha fascinação de outra mulher. Esquecera-se, invigilante, das obrigações no lar. Parecia, de todo, desinteressado da companheira e das filhas (...). Dia e noite deixava-se dominar pelos pensamentos da nova mulher que o enlaçara na armadilha de mentirosos encantos.
     Em casa, nas atividades da profissão ou na via pública, era ela, sempre ela, a senhorear-lhe a mente desprevenida.
     Transformara-se o mísero num obsediado autêntico, sob a constante atuação da criatura que lhe anestesiava o senso de responsabilidade para consigo mesmo.
     Áulus, André Luiz, Hilário e Teonília, em caravana, deslocaram-se à residência do casal para prestar assistência fraterna. Chegaram, ao anoitecer, no momento do jantar.
     Anésia, a jovem senhora, servia, atenciosamente, ao marido, maduro e bem posto, que se encontrava à mesa, ladeado pelas três meninas. A palestra familiar desdobrava-se afetuosa, mas o dono da casa parecia contrafeito. Nem mesmo os doces apontamentos da jovens arrancavam-lhe o mais leve sorriso. A mãe, ao contrário, desdobrava-se em carinho, incentivando a conversação das filhas.
     Terminada a refeição, enquanto Anésia ocupava-se no arranjo da copa e da cozinha, o marido se esparramava numa poltrona, devorando os jornais vespertinos.
     Reparando que Jovino preparava-se para sair, a esposa perguntou-lhe, um tanto inquieta, se poderia esperá-lo para as preces que fariam logo mais. Ouviu como resposta uma negativa, proferida com um certo ar de sarcasmo em relação ao valor da prece e acrescida da justificativa de que teria compromissos inadiáveis com amigos para estudo de excelente negócio.
     Naquele instante, contudo, surpreendente imagem de mulher surgiu-lhe à frente dos olhos, qual se fora projetada sobre ele a distância, aparecendo e desaparecendo com intermitências.
     Jovino fez-se mais distraído, mais enfadado. Fitava agora a esposa com indiferença irônica, demonstrando inexcedível dureza espiritual.
     Por mais que Anésia tentasse uma conversação amigável, não conseguiu retê-lo. Depois de apurar o nó da gravata, bateu a porta com força e retirou-se.
     A companheira humilhada caiu em pranto silencioso sobre velha poltrona e começou a pensar, articulando sem palavras:
     Negócios, negócios... Quanta mentira! Uma nova mulher, isso sim!... Mulher sem coração não nos vê os problemas... Dívidas, trabalhos, canseiras! Nossa casa hipotecada, nossa velhinha a morrer!... Nossas filhas cedo arremessadas à luta pela própria subsistência.
     Nesse momento, apresenta-se na sala a mesma figura de mulher que surgira à frente de Jovino, aparecendo e reaparecendo ao redor da esposa triste. Esta não via com os olhos a estranha e indesejável visita, no entanto, percebera-lhe a presença sob a forma de tribulação mental. E, inesperadamente, passou a emitir pensamentos tempestuosos.
     Lembro-me dela, sim – refletia agora em franco desespero – conheço-a, é uma boneca perversiva... Há muito tempo vem sendo um veículo de perturbação para a nossa casa. Jovino está modificado... Abandona-nos, pouco a pouco. Parece detestar até mesmo a oração... Ah! Que horrível criatura uma adversária qual essa, que se imiscui em nossa existência à maneira de víbora traiçoeira! Se eu pudesse, haveria de esmagá-la com os meus pés, mas hoje guardo uma fé religiosa, que me forra o coração contra a violência...
     À medida, porém, que Anésia monologava intimamente em termos de revida, a imagem projetada de longe abeirava-se no ambiente para infundir-lhe mais amplo mal-estar.
     A mulher que seduzira Jovino materializara-se aos olhos de Áulus, André Luiz e amigos.
     E as duas, assumindo a posição de francas inimigas, passaram à contenda mental! (...) Lembranças amargas, palavras duras, acusações recíprocas.
     Anésia passou a sentir desagradáveis sensações orgânicas, muita tensão cerebral.
     Áulus foi informado de que há muitas semanas, diariamente, esse conflito se repete.
     O instrutor espiritual deu-se pressa em ampliar-lhe recursos magnéticos de alívio e, desde então, as manifestações estranhas diminuíram até cessarem por completo.
     Áulus explicou, então, que Jovino estava sob imperiosa dominação telepática, à qual deixou-se enredar facilmente. Essa atuação passou a evolver também a esposa, em virtude do regime de influência mútua em que respiram marido e mulher, principalmente porque Anésia não tem sabido imunizar-se com os benefícios do perdão incondicional.
     Perguntado se o fenômeno era comum, Áulus respondeu que é intensamente generalizado e acrescentou: É a influenciação de almas encarnadas entre si que, às vezes, alcança o clima de perigosa obsessão. Milhões de lares podem ser comparados a trincheiras de luta, em que pensamentos guerreiam pensamentos, assumindo as mais diversas formas de angústias e repulsão.
     Indagado também se o assunto poderia ser enquadrado nos domínios da mediunidade, respondeu:
     Perfeitamente, cabendo-nos acrescentar ainda que o fenômeno pertence à sintonia. Muitos processos de alienação mental guardam nele as origens. Muitas vezes, dentro do esmo lar, da mesma família ou da mesma instituição, adversários ferrenhos do passado se reencontram. Chamados pela Esfera Superior ao reajuste, raramente conseguem superar a aversão de que se vêem possuídos, uns à frente dos outros, e alimentam com paixão, no imo de si mesmos, os raios tóxicos da antipatia que, concentrados, se transformam em venenos magnéticos, suscetíveis de provocar a enfermidade e a morte. Para isso, não será necessário que a perseguição recíproca se expresse em contendas visíveis. Bastam as vibrações silenciosas de crueldade e despeito, ódio e ciúme, violência e desespero, as quais, alimentadas, de parte a parte, constituem corrosivos destruidores”.
     O remédio mais eficaz é a fraternidade operante. Por isso mesmo, o Cristo aconselhava-nos o amor aos adversários, o auxílio aos que nos perseguem e a oração pelos que nos caluniam.
     Como reconhece Aksakof, “nos fatos da telepatia, é frequentemente difícil precisar o momento no qual o fato anímico se torna um fato espirítico.
     Na obsessão telepática ficam configuradas as ocorrências mais comuns de influência negativa entre encarnados. É genericamente conhecida como a obsessão de encarnado para encarnado.
     Quando trazido à mesa apométrica devemos abrir a freqüência de todos os envolvidos, inclusive a da moça”obsessora obsedada”. Cada um deve ser incorporado, doutrinado e conscientizado de suas responsabilidades diante da vida no que concerne a erros de passado, ações equivocadas do presente, compromissos e comprometimentos que podem inviabilizar os resgates programados e agravar o carma futuro, e o que fazer para desvencilhar-se da atual situação. Seria um atendimento onde se utilizaria de regressão de memória (salto quântico) pra relembrar o passado culposo e entender o porquê dos problemas do presente; relembrar os compromissos assumidos quando da programação encarnatória; e ver a conseqüência que o abandono da proposta pode acarretar. É importante fazer com que cada personagem veja e entenda que cada um é vítima de si mesmo. E por fim, orientar os envolvidos para a realidade espiritual e anímica do problema, e para a busca da reforma íntima e vivência mais de acordo com a proposta do Evangelho de Jesus.
Fonte: Apometria e Animismo
Autor: J.S. Godinho

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