quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Do Livro Ação e Reação (André Luiz)

Um lugar para onde vão os mortos.*
Não há quem não queira saber para onde vão os recém desencarnados. A Doutrina Espírita nos mostra que cada pessoa, após a desencarnação, irá para o lugar que ela própria edificou para si. Quem viveu ao nível das paixões e dos instintos, fez a sua própria morada nas regiões inferiores e sem Luz. Aquele que se esforçou, lutou e despertou para a Luz Divina, este vai para as regiões iluminadas de Deus. Não foi debalde que Jesus nos revela: “Há muitas moradas na Casa de meu Pai.” Neste livro André Luiz nos relata e descreve as regiões e colônias de recuperação e refazimento onde estagiou no serviço de aprendizado. O trecho a seguir conta sobre a vida difícil e sofredora que acontece nessas regiões de aprendizado pela dor.
“São delinqüentes comuns ou criminosos acusados de grandes faltas? Encontraríamos por aí seres primitivos como os nossos indígenas, por exemplo? Os apontamentos do amigo não se fizeram esperar. Tais inquirições – disse ele, quando de minha vinda para cá, me assomaram igualmente à cabeça. Há cinqüenta anos sucessivos estou neste refúgio de socorro, oração e esperança. Penetrei os umbrais desta casa como enfermo grave, após o desligamento do corpo terrestre. Encontrei aqui um hospital e uma escola. Amparado, passei a estudar minha nova situação, anelando servir. Fui padioleiro, cooperador da limpeza, enfermeiro, professor, magnetizador, até que, de alguns anos para cá, recebi jubilosamente o encargo de orientar a instituição, sob o comando positivo dos instrutores que nos dirigem. Obrigado a pacientes e laboriosas investigações, por força de meus deveres, posso adiantar-lhes que às densas trevas em torno somente aportam às consciências que se entenebreceram nos crimes deliberados, apagando a luz do equilíbrio em si mesma. Nestas regiões inferiores não transitam as almas simples, em qualquer aflição purgativa, situadas que se encontram nos erros naturais das experiências primárias. Cada ser está jungido, por impositivos da atração magnética, ao círculo de evolução que lhe é próprio.
Os selvagens, em grande maioria, até que se lhes desenvolva o mundo mental, vivem quase sempre confinados à floresta que lhes resume os interesses e os sonhos, retirando-se vagarosamente do seu campo tribal, sob a direção dos Espíritos benevolentes e sábios que os assistem, e as almas notoriamente primárias, em grande parte, caminham aos influxos dos gênios beneméritos que as sustentam e inspiram, laborando com sacrifício nas bases da instituição social e aproveitando os erros, filhos das boas intenções, à maneira de ensinamentos preciosos que garantem a educação dessas almas. Asseguro-lhes, assim, que, nas zonas infernais propriamente ditas, apenas residem aquelas mentes que, conhecendo as responsabilidades morais que lhes competiam, delas se ausentaram, deliberadamente, com o louco propósito de ludibriarem o próprio Deus. O Inferno, a rigor, pode ser, desse modo, definido como vasto campo de desequilíbrio, estabelecido pela maldade calculada, nascido da cegueira voluntária e da perversidade completa. Aí vivem domiciliados, às vezes por séculos, Espíritos que se bestializaram, fixos que se acham na crueldade e no egocentrismo. Constituindo, porém, larga província vibratória, em conexão com a Humanidade terrestre, de vez que todos os padecimentos infernais são criações dela mesma, estes lugares tristes funcionam como crivos necessários para todos os Espíritos que escorregam nas deserções de ordem geral, menosprezando as responsabilidades que o Senhor lhes outorga.”

Um comentário: